Ruy Cabeção, ex-jogador de futebol, posa para foto com chuteira e carteira da OAB (Foto: Reprodução/ Instagram) |
Há quase uma década afastado dos gramados, Ruy Cabeção está de volta ao futebol. Após se formar em direito e trabalhar como advogado, o ex-meia, de passagens por Cruzeiro, Botafogo, Fluminense, Grêmio e outros clubes, assumiu o comando técnico da base do Inter de Minas, de Itaúna-MG, e vai estar à beira do campo na Copa São Paulo de Futebol Júnior.
O retorno ao esporte acontece depois de um "detox" de Ruy do ambiente esportivo. Após quase 20 anos como atleta profissional, o mineiro de 46 anos conta que decidiu recuperar o tempo perdido com a família. Ele pendurou as chuteiras em 2015, quando jogava no Operário-MT.
— Eu tirei um período sabático porque eu, como atuei quase 20 anos no futebol profissional, 10 anos na Série A do Brasileiro, eu queria ter um período em família. A gente acaba sacrificando muito nosso lado familiar, porque são várias concentrações, viagens, jogos. Eu fui fazer um "para casa", levar minhas filhas para escola, quando a Luísa [filha mais velha dele] tinha 10 anos de idade. Esse era um dos meus sonhos — contou Ruy em vídeo publicado nas redes sociais.
"Foram vários aniversários comemorados em época errada, encontros de família perdidos, momentos juntos dos amigos verdadeiros que a gente acaba abrindo mão. Não é uma profissão fácil, todo mundo só vê o lado glamouroso., mas a gente sabe que 95% passa dificuldades para ter a independência financeira", disse Ruy.
Nesse período, Ruy se formou em direito e se tornou advogado. Após realizar o sonho da mãe de vê-lo formado, ele fez o curso de licença B de treinador da CBF e aceitou o convite do Inter de Minas para assumir o comando técnico das categorias de base do clube em 2024.
Em jornada dupla, Ruy percorre todos os dias os 180 km entre Belo Horizonte, onde mora, e Itaúna para treinar os jogadores. Depois, volta para finalizar o expediente no escritório de advocacia que mantém com os sócios na capital mineira. Esforço que, segundo ele, é recompensado pela chance de contribuir para a evolução do futebol brasileiro.
— Um dos motivos para eu ter voltado ao futebol é a busca de dar minha ponta de colaboração. O futebol brasileiro vem lutando há muito tempo por uma reestruturação, seja dentro ou fora do campo. Cursos foram lançados para que o futebol possa se profissionalizar cada vez mais e para que os ex-atletas possam se capacitar e tentar transferir todo aquele conhecimento adquirido em anos nos gramados para os seus comandados.
O Inter de Minas de Ruy está no grupo 22 da Copinha, com sede em Taubaté, ao lado de Goiás, Taubaté e Marcílio Dias-SC. A estreia será neste sábado, às 15h15, contra o Esmeraldino.
De jogador a advogado
Nascido em Belo Horizonte, Ruy foi revelado no América-MG, onde foi campeão mineiro em 2001. Do Coelho, ele foi para o Cruzeiro, onde conquistou a Tríplice Coroa em 2003. "Cabeção" passou ainda por Guarani, Botafogo - campeão carioca em 2006 -, Figueirense, Náutico, Grêmio, Fluminense, Boavista, Brasiliense, Ipatinga, Alecrim-RN, Mixto e Operário-MT.
O jogador anunciou aposentadoria em 2015, quando defendia a camisa do Operário. Nos anos seguintes, ele sofreu com problemas psicológicos e contou com a família para dar a volta por cima.
— Eu sofri bastante, principalmente nos cinco primeiros anos (de aposentadoria). A gente acaba tendo uma depressão. Um dia a gente está o tempo todo aparecendo na mídia, muito bajulado. E quando você perde tudo isso é difícil assimilar. Da noite para o dia, seu telefone para de tocar, aqueles que diziam seus amigos desaparecem. Nos próprios clubes por onde você passou, você já não é mais bem recebido. Mas eu consegui, depois de muito sofrimento e apoio da minha família, superar todos esses momentos — revelou Ruy ao ge em 2022.
Em 2020, ele se formou em direito, e, dois anos depois, foi aprovado na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No mesmo ano, o currículo de Ruy como advogado viralizou depois que ele listou os títulos que conquistou como jogador no documento.
Na época, o ex-jogador disse que a opção por listar conquistas do futebol ocorreu com o intuito de mostrar que as experiências o ajudarão a atuar no ramo do direito desportivo.
— Eu espero poder ser um cara da mesma forma que fui como profissional. Eu não fui craque, eu fui um jogador completo. Craque foi o Alex, o Zico, o Fenômeno. Eu fui um jogador completo, que atuei em todas as posições, grande parte da minha carreira como titular. Então eu espero ser um advogado completo, que sempre brigue pelo seu cliente — afirmou.
Por Luís Fellipe Braga
ge Itaúna, MG
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve após ser analisado pelo administrador