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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Jogador brasileiro não consegue sair do Líbano e pede socorro: "Perdi tudo"

Foto: Reprodução
Vinícius Calamari pede socorro. Jogador do Jwaya, do Líbano, o brasileiro de 36 anos é um dos afetados pelos bombardeios de Israel no país. A vida do atacante deixou de ser o futebol, e tornou-se composta por fuga, temor e pesadelos com os mísseis, como relata ao ge. O atleta, que não está entre os brasileiros repatriados em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), pede ajuda às autoridades também para compatriotas em situação de alto risco no Oriente Médio.
- Começou por volta de sete, oito da manhã. Eu registrei o ataque, e de lá para cá foi inferno. Vi partes de corpos. Minha casa está destruída. Eu estava no sul e só saí com a mochila, duas camisas, uma calça e o tênis no pé. Foi o que deu para tirar. Saí correndo, fugido - relatou Vinícius.
Neste sábado, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Beirute com 229 brasileiros. Vinícius não estava entre os repatriados, e pede por socorro.
- Vi gente morrer, vi casa sendo destruída. Não consigo dormir. Quando eu não acordo com os pesadelos, acordo com barulho de mísseis. O único jeito de sair daqui é com o Brasil ajudando a gente. É enviando esse avião e a gente indo para a casa. Vai chegar uma hora que o Brasil vai vir só pra buscar os corpos dos brasileiros - disse.
O drama de Vinícius começou com os primeiros bombardeios de Israel ao Líbano. No dia 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do país. O brasileiro relata ter acordado pela manhã com os mísseis.
Morador de Aitit, no sul do Líbano, Vinícius contou com a ajuda do goleiro do seu time para deixar a cidade. De moto, o brasileiro encontrou com uma compatriota chamada Sandra, mãe de quatro filhos que está em situação de rua com o conflito. Ela tirou o atacante de Aitit e o levou até Beirute, capital do país.
Até Beirute, Vinícius relata ter demorado 12 horas na estrada. Muitos tentaram fugir do sul do Líbano, mas nem todos conseguiram. Na capital, o jogador refugiou-se na casa de um sul-africano no bairro de Daura, localizado a 13,6km do aeroporto. Ele implora por ajuda da embaixada brasileira no país.
- Eu botei meu nome na lista. Falo com a pessoa da Embaixada, ela fala que tem que esperar. Na primeira vez ela falou que tinha que comprar passagem. Uma passagem custa 20 mil reais. Quando compra a passagem, eles cancelam o voo por motivos de segurança. Eu perdi tudo na guerra. O pouquinho de dinheiro que sobrou... eu estou me alimentando até o avião me tirar daqui.
Segundo dados do Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, 21 mil brasileiros vivem no Líbano. Neste sábado, 229 pessoas foram resgatadas pela FAB.
O conflito
Israel invadiu o Líbano com a justificativa de combater o Hezbollah, grupo extremista que possui força na política libanesa. Os combates intensificaram-se a partir do dia 20 de setembro. Poucos dias antes, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada. Israel não assumiu a autoria, mas realizou outras operações.
No dia 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Ao todo, foram 492 mortos no dia mais sangrento do conflito desde 2006. Quatro dias depois, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto em outro bombardeio israelense em Beirute. A operação terrestre de Israel teve início no dia 30 de setembro.
Os bombardeios de Israel já mataram quase duas mil pessoas no Líbano. Neste sábado, o Exército de Israel emitiu novo alerta de evacuação no sul de Beirute. Segundo a AFP, agência de notícias francesa, bombas foram escutadas na capital logo após o alerta israelense.

Por Rafael Bizarelo 
ge Rio de Janeiro

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