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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Conheça o Treze... de João Pessoa, que jogou o "Paraibano" e nasceu antes do Galo da Borborema


Treze da Capital atuou quase sempre no Hipódromo Parahybano, inaugurado um ano antes da fundação do clube (Foto: Acervo Francisco di Lorenzo Serpa)
Quando se fala de futebol paraibano é impossível não lembrar do Treze Futebol Clube, um dos maiores campeões da história do Campeonato Paraibano. Nascido em 1925, o Galo é um dos clubes mais antigos do estado em atividade, detém uma das maiores torcidas da Paraíba e é o terceiro maior campeão estadual. O que pouca gente sabe é que o Treze de Campina Grande não foi o único Treze que existiu na futebol paraibano. Conheçam abaixo um pouco da história do Treze... de João Pessoa.
Sete anos antes da fundação do hoje Treze Futebol Clube, de Campina Grande, na Capital do estado, a então Parahyba do Norte, hoje João Pessoa, o futebol paraibano dava os seus primeiros passos, passes e gols. Dez anos depois dos primeiros jogos de futebol na Paraíba, foi em 1918 que um grupo de jovens se reuniu para fundar um time de futebol.
Aos poucos, a modalidade britânica começava a tomar corpo e criar pernas em todo o país. Jovens que conheciam o futebol nos centros urbanos maiores do Brasil começavam a levá-lo para todo o território nacional. Na então Parahyba do Norte, um desses grupos de jovens, inspirado em outras confrarias, fundaram o "13 Foot-Ball Club".
A data do nascimento é um pouco incerta. Enquanto o ex-dirigente da Federação Paraibana de Futebol, Walfredo Marques, em seu livro "A história do futebol paraibano" relata que o clube foi fundado no dia 1º de julho 1918, o Jornal O Norte escreve que foi no dia 2 de julho daquele ano a data de fundação do clube.
No dia 3 de julho de 1918, o Jornal O Norte registra a fundação do 13 Foot-Ball Club (Foto: Reprodução / Jornal O Norte)
Um dos primeiros presidentes do clube foi o Coronel Frederico Neiva, que trabalhou por anos na Alfândega do Estado antes de ir para o Rio de Janeiro trabalhar na Fazenda do Governo Federal. A primeira sede do Treze da Capital foi na Rua Duque de Caxias, nº 15, no Centro da cidade.
Um ano antes da fundação da Liga Desportiva Parahybana
O Treze de João Pessoa, que quando foi fundado era o Treze da Parahyba do Norte, foi fundado um ano antes de um marco histórico importante no futebol da Paraíba. No ano seguinte seria fundada a Liga Desportiva Parahybana (LDP). A partir daquele ano, as partidas passariam a ser sistematicamente mais vezes organizadas por uma entidade. Era a LDP que convocava os clubes e organizava as tabelas e as sequências das partidas.
É claro que os amistosos e também a iniciativa do movimento do futebol nos fins de semana continuaram a cargo dos clubes, muitas vezes em paralelo às definições da LDP. De todo modo, é a partir de 1919 que os melhores historiadores e que algumas gestões da atual Federação Paraibana de Futebol consideram como o marco do começo do Campeonato Paraibano.
Partidas, nessa época, aconteciam no centro do Prado do Hipódromo Parahybano. Às vezes atraiam bom público (Foto: Acervo Francisco di Lorenzo Serpa)
Apesar disso, o futebol não nasceu em 1919. Então era comum, anterior a isso, com anuência ou não de entidades anteriores que coordenavam — ou tentavam — o jovem futebol da Paraíba ou, mais precisamente, da Capital, os clubes se considerarem os campeões de determinado ano. Às vezes havia consenso. Às vezes não. Até discussões via cartas, endereçadas aos jornais, sobre quem deveria ou não ser considerado o campeão de uma temporada, aconteceram na Parahyba do Norte.
Em suma, os jogos amistosos eram contados por cada time e pela imprensa, e ao fim da temporada quem vencesse mais era o campeão. Ou se considerava campeão. Acontecia, por exemplo, de dois clubes diferentes se avocarem campeões. É o caso da temporada de 1918. Cabo Branco e Palmeiras se consideraram detentores do título de campeão daquela temporada.
O "Campeonato Paraibano" de 1918
Se o Treze de Campina Grande iniciou a sua trajetória no Campeonato Paraibano em 1939, alguns anos depois de sua fundação e de se tornar um dos mais importantes clubes da Liga Campinense de Desportos, o primeiro Treze do futebol da Paraíba começou a jogar em 1918, ano da sua fundação.
Segundo apuração feita pelo ge, o campeonato estadual de 1918 não foi organizado, assim como em anos anteriores. Não houve bem uma competição sob a batuta de uma ordem. Os jornais da época constantemente cobriram as partidas do ano, mas nunca com a menção de que estavam sendo ali jogadas partidas designadas por alguma entidade. Apesar de, neste ano, em teoria, estar em atividade a Liga Parahybana de Desportos.
Royal é destaque na Revista Vida Sportiva, do Rio de Janeiro, em edição de 1918. Legenda da foto exalta vitória sobre o Treze (Foto: Reprodução / Vida Sportiva)
Mas o fato é que várias partidas daquele ano foram disputadas entre os times da Capital que estavam em atividade e dispostos a praticar o esporte bretão. Jogaram partidas naquele ano o 13 Foot-Ball Club, o Palmeiras Sport Club, o Flamengo, o Royal e o Cabo Branco, que, por exemplo, era considerado o campeão paraibano ou da cidade (Parahyba do Norte) em 1916.
Na apuração feita pelo ge, foram encontrados alguns registros de partidas do Treze da Capital naquela temporada. No dia 14 de julho, por exemplo, várias festas aconteceram na Parahyba do Norte em 1918 em alusão ao Dia da Liberdade, homenagem à queda da Bastilha, ocasião que deu o início simbólico da histórica Revolução Francesa.
Um torneio de futebol aconteceu no Hipódromo Parayhbano, uma das primeiras praças esportivas da história da Capital, em uma rua onde hoje é o bairro de Jaguaribe. Participaram da competição os clubes: 13 Foot-Ball Club, Cabo Branco, Royal e Palmeiras. Os jogos duraram 10 minutos cada, tendo em vista que as partidas dividiram a atenção e o espaço de disputa com as corridas de cavalo, esporte bastante popular na época no país e que atraía muitos espectadores.
Fundado em 1915, o Cabo Branco era o principal time de futebol em 1918. Bióca, fundador do Galo da Borborema, foi goleiro do time (Foto: Reprodução / A história do futebol paraibano)
O Cabo Branco empatou por 0 a 0 com o Palmeiras no primeiro mata-mata, mas conseguiu a classificação por ter tido um escanteio a mais na peleja. Já o Treze venceu o Royal por 1 a 0 no segundo jogo do dia, avançando para a decisão.
Na final, o Treze acabou sendo superado pelo Cabo Branco, àquela altura o mais importante clube do futebol daquela Paraíba. O jogo terminou empatado sem gols, mas com dois escanteios contra nenhum, o Cabo Branco conseguiu o título, após dois empates sem gols, mas muita competência em matéria de conseguir escanteios. O Treze foi vice-campeão invicto.
Jornal O Norte traz matéria do torneio em comemoração que aconteceria — e aconteceu — em homenagem ao 14 de julho (Foto: Reprodução / Jornal O Norte)
Naquele torneio, o Treze teve alguns reforços do Peres, clube de Recife com notável relevância na época no futebol pernambucano. O time paraibano provavelmente disputou o campeonato com: M. Jácome, Epaminondas, E. Nóbrega, Leitão II, Tonico, Moraes, Barbosa, Heliomar, Zé Arnaldo, P. Jacobine e O. Jácome. O goleiro M. Jácome e os jogadores de linha Epaminondas, E. Nóbrega e P. Jacobine foram os reforços do Peres na disputa.
Ao longo do ano, partidas entre todos esses clubes foram acontecendo. Uma derrota do Treze para o Palmeiras, por exemplo, foi registrada pela crônica esportiva da época. Talvez pela pouca relação da sua diretoria com a imprensa ou por uma eventual menor organização interna em relação aos rivais daquela temporada, o Treze não recebia tão constantemente a deferência de ganhar linhas escritas nos jornais. O Cabo Branco, tido como o clube mais importante daquele tempo, e o Palmeiras, recém-nascido como o Treze, mas que era constituído por jogadores e dirigentes ligados à imprensa, recebiam muito mais atenção.
Polícia e Governo da Paraíba proíbem aglomerações, como jogos de futebol, para conter aumentos de casos da Gripe Espanhola (Foto: Reprodução / Jornal O Norte)
Os jogos de 1918, no entanto, tiveram que ser interrompidos em outubro por conta da histórica Gripe Espanhola, que fez o Governo do Estado limitar aglomerações e atividades sociais, algo parecido com o que aconteceu mais de 100 anos depois com a pandemia do Coronavírus, de 2020 a 2021.
De modo que aconteceu de, já em 1919, dois clubes se avocarem como campeões da temporada de 1918. Em seus registros históricos e livros institucionais ou sobre o clube, o Cabo Branco se considera campeão paraibano de 1918. Na contagem histórica de títulos do clube até hoje difundida por estudiosos, pesquisadores, jornalistas e historiadores, a narrativa conta que a agremiação tem 10 títulos estaduais, e está na lista a suposta conquista da temporada daquele ano.
Acontece que um dos seus principais rivais da sua história futebolística, o Palmeiras, que por sinal foi fundado em 1918, portanto naquela temporada, e anos depois viria disputar a hegemonia do futebol da cidade e, consequentemente, do estado, também se considerou na época e pelo tempo em que existiu como o campeão de 1918. Aliás, a crônica esportiva daqueles tempos constantemente citava o Palmeiras, nos anos posteriores, como o "campeão de 1918", assim como tratava o Cabo Branco muitas vezes sob a alcunha de o "campeão de 1916".
Jornal O Norte cita o Palmeiras Sport Club, em 1919, como o "campeão de 1918" (Foto: Reprodução / Jornal O Norte)
Fundador do Treze de Campina Grande foi contemporâneo do "13 Foot-Ball Club"
Muito se fala de Campina Grande quando se mensura a importância de Antônio Fernandes Bióca para o futebol da Paraíba. A Bióca, por exemplo, se atribui a introdução do esporte bretão na Rainha da Boborema, já naquela época a segunda principal cidade do estado. Além de que foi na casa do ainda jovem Bióca, em 1925, que se fundaria um dos mais importantes clubes da história do futebol paraibano, o Treze Futebol Clube, de Campina Grande, que atualmente é dono de uma das maiores torcidas do estado e que chega ao seu centenário de fundação no ano que vem.
Acontece que Bióca também foi uma figura fundamental na difusão e popularização do futebol na Capital, a antiga Parahyba do Norte. Bióca, por exemplo, foi goleiro na primeira temporada do Cabo Branco, em 1915. O Cabo Branco, que como já visto, tem uma importância crucial no futebol da Paraíba nas primeiras décadas da prática do esporte. Anos depois, Bióca virou sócio do clube.
Antônio Fernandes Bióca, fundador do Treze de Campina Grande, na época em que atuava pelo América de Campina Grande (Foto: Reprodução / Treze Futebol Clube: 80 anos de história)
Bióca ainda atuou e fomentou a prática do futebol em vários outros times da Parahyba do Norte, que depois da Revolução de 1930 viraria João Pessoa, a exemplo de um Flamengo, do Red Cross e de um São Paulo Football Club, de quem foi capitão. Atuava majoritariamente como goleiro, mas também chegou a jogar na linha em várias situações, algo nada incomum nas primeiras décadas do futebol no estado.
Em 1918, ano em que o Treze da Capital jogou várias partidas, Bióca fazia parte com alguma relevância da cena futebolística da cidade. Atuou em partidas como goleiro do Flamengo e também chegou a defender a meta do Cabo Branco naquele ano, além também de jogar contra o Cabo Branco em uma partida do time pessoense diante do América de Campina Grande, que teve a meta guardada por Bióca, em uma visita do time pessoense à Rainha da Borborema.
O fato bastante intrigante é que na primeira diretoria do "13 Foot-Ball Club" da Capital havia um tal "A. Fernandes", segundo Walfredo Marques em sua obra "A história do futebol paraibano". Não se pode, até hoje, pelo menos, garantir que aquele "A. Fernandes" era uma abreviação de Antônio Fernandes Bióca e que Bióca teria sido, antes de fundar o Treze de Campina Grande, dirigente de um clube que viria a ter o mesmo nome do time que criaria sete anos depois no interior do estado. Não dá para cravar, portanto, que o Treze de Campina Grande foi influenciado de algum modo pelo Treze da Capital.
A. Fernandes é citado como 2º secretário do 13 Foot-Ball Club, da Capital, no ano da sua fundação (1918) (Foto: Reprodução / A história do futebol paraibano)
Vale lembrar que, segundo a história oficial do Galo da Borborema, contada, inclusive, no livro "Treze Futebol Club: 80 anos de história", escrito pelo historiador Mário Vinícius Carneiro Medeiros, o clube de Campina Grande foi fundado na casa de Bióca e que o nome do clube foi definido quando "José Casado levantou-se e, após contar o número de presentes à reunião, observou que nós éramos, desde a primeira reunião treze pessoas. Por que não denominar nosso clube de Treze Sport Club ou Treze Futebol Clube? A ideia foi acatada sob uma salva de palmas".
Se é impossível asseverar sobre a influência do primeiro Treze sobre o segundo, por outro lado é quase impossível que Bióca não tenha tido conhecimento da existência do "13 Foot-Ball Club" ou até tenha jogado contra a equipe, tendo em vista que na temporada em que o Treze da Parahyba do Norte nasceu, a equipe fez vários jogos contra times com quem Bióca comprovadamente também duelou, a exemplo de Palmeiras e Cabo Branco, em partidas da temporada de futebol na Capital.
O "13 Foot-Ball Club" durou até meados da década de 1930, mas não chegou a disputar nenhum Campeonato Paraibano oficial, considerando 1919 como o início dessa era. A equipe seguiu organizada e jogando partidas, às vezes até com clubes que disputavam o torneio organizado pela então Liga Desportiva Parahybana, fundada em 1919. Mas acabou construindo sua breve história mais à margem da organização institucional do futebol da Paraíba em seus primórdios.

Por Pedro Alves 
ge João Pessoa

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