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sábado, 10 de agosto de 2024

Fecharam a Fábrica de Talentos?, Por Serpa Di Lorenzo

 
Em cada bairro da nossa capital, sem exceção, tínhamos um time ou vários, amador que preenchia as necessidades dos adolescentes nas saudosas décadas de 60/70/80. Naquela época, as denominações eram infantil, juvenil e amador. Nas camisas não haviam propagandas e poucos usavam chuteiras. Era comum você passar próximo da casa do presidente do time e ver o padrão estendido em um varal no quintal.
Vou aqui citar apenas as agremiações mais conhecidas do leitor. O Estrela do Mar Esporte Clube de Frei Albino, que possuía sede em Jaguaribe. O Ibis Futebol Clube de Dimas Medeiros, que tinha a sua sede na Torre. O Onze Futebol Clube e o Guarani Esporte Clube, ambos do bairro do Roger. O América Futebol Clube do Rangel. A Associação Atlética Portuguesa e a Sociedade Esportiva Central, ambos de Cruz das Armas. O Vera Cruz de Milton Machado e a Ponte e Preta de Seu Gérson, ambas agremiações de Mandacaru. O Jangadeiro Esporte Clube de Seu Leite do 13 de Maio. O 5 de Agosto de Biu Batista do Varadouro.  O Maguari da Ilha do Bispo.  A equipe do Diamante Esporte Clube de Tambiá. O Alvorada Esporte Clube de Oitizeiro. Época em que a figura do olheiro era muito importante para observar um garoto.
Essas equipes eram mantidas e custeadas por seu presidente, normalmente um abnegado amante do futebol. Em época de eleição, o esperto vereador da área “ajudava” com a doação de camisas, chuteiras e bolas. A especulação imobiliária foi paulatinamente acabando com os campos. O poder público lamentavelmente não reservou e nem preservou áreas específicas para a prática do futebol. Os abnegados foram morrendo e os descendentes não conseguiram ou não quiseram manter a tradição e a história dessas agremiações amadoras.
Surgiram os professores. Apareceram as denominações juniores, sub - espermatozoide, sub - feto, sub – bebê, sub – fraldinha e daí por diante. Os padrões passaram a ter propaganda comercial até nas cuecas. Os campos passaram a ser designados de equipamentos. Fetos nas barrigas já possuem chuteiras de todas as cores. Escolinhas, auxiliares técnicos, treinador de goleiro, analistas de desempenho, empresários de futebol, faculdades de futebol, cursos, personal trainer, seminários, workshop, intercâmbio e esquemas de jogos estão na rotina estrutural e logística do nosso esporte rei.
E eu pergunto. E onde estão os nossos novos craques? Não formamos mais? Quem substituiu Delgado? Quem substituiu Chiclete? Quem substituiu Ferreira? Quem substituiu Odon? Quem substituiu Mazinho? Atletas que saíram dos nossos quadros amadores. Sabemos que o mundo possui uma dinâmica enorme e a tecnologia dita o nosso percurso vinte e quatro horas por dia e não podemos de forma alguma desprezá-la. Mas não podemos esquecer a raiz, a essência, a ginga, base do nosso futebol e presente divino. No aspecto futebol, não tenho dúvida alguma de que Deus é brasileiro. No passado, nos campos de peladas o garoto mostrava ao olheiro que sabia jogar bola, possuía o dom, aí passava a ser polido para atingir a sua excelência. Hoje querem ensinar a criança a jogar bola, podando a sua criatividade mostrando desde cedo táticas, croquis, desenhos e muito preparo físico, tornando-a um robô fabricado em série, como se futebol fosse matemática e possuísse uma fórmula exata tipo raiz quadrada.

SERPA DI LORENZO

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