Torcedora do Itabaiana acusa integrante da comissão do Retrô-PE de puxar arma em jogo da Série D

 Foto: Reprodução/TV Retrô

Uma torcedora do Itabaiana abriu, nesta quinta-feira, um Boletim de Ocorrência em que denuncia ter sofrido ofensas com palavras de cunho homofóbico, ao ser chamada de "sapatão", por um integrante da comissão técnica do Retro-PE. Ainda segundo ela, o profissional do clube pernambucano teria puxado uma arma para intimidar. O conflito foi registrado em súmula pela arbitragem.

A confusão ocorreu na noite desta quarta-feira, após a vitória do Itabaiana sobre o Retrô-PE, por 2 a 1, no estádio Barretão, em Lagarto, no interior de Sergipe, em jogo válido pela 11ª rodada da Série D do Campeonato Brasileiro.

O ge teve acesso ao Boletim de Ocorrência, registrado na Delegacia Virtual de Sergipe, nesta manhã, precisamente às 8h30. O documento descreve o que teria acontecido no estádio Barretão. O nome da torcedora não será divulgado.

- Na noite de quarta-feira, 3 de julho de 2024, em Lagarto, no estádio Barretão, fui ofendida por um membro da comissão técnica do time Retrô, de Pernambuco, mais precisamente o preparador de goleiros, o qual agiu de forma homofóbica preferindo para mim a palavra 'sapatão', me ofendendo em frente à torcida do Itabaiana que acompanhava o jogo. Ao confrontá-lo e ir tirar satisfação no final do jogo, o citado acima puxou uma arma de fogo para me intimidar e ameaçar - diz o Boletim de Ocorrência.

Procurado pela reportagem, o Retrô afirmou que não se pronunciará sobre o assunto.

A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, por sua vez, informou que não foi constatada a presença de arma de fogo no incidente e que, inicialmente, a torcedora não havia realizado o Boletim de Ocorrência.

Após a apresentação do registro, o ge voltou a pedir uma posição à pasta de segurança, porém não obteve novo retorno sobre da possibilidade de investigação acerca do caso. A reportagem será atualizada em caso de resposta.

O que diz a súmula do jogo?

Na súmula do jogo, o juiz cearense Francisco Naydson Albuquerque de Souza também registrou o conflito. Ele relata, primeiro, confusão "generalizada" envolvendo atletas, oficiais da equipe, funcionários e dirigentes, rapidamente cessada após atuação da polícia.

Depois, a arbitragem detalha o suposto entrevero entre a torcedora do Itabaiana e o funcionário do clube pernambucano.

Confira o que diz a súmula, na íntegra:

Quando já estávamos no vestiário, no momento da confecção da súmula, tomamos conhecimento por meio do delegado da partida, que a situação acima teria ocorrido por causa de uma confusão anterior na área externa aos vestiários das equipes, após o término da partida, supostamente entre uma torcedora do Itabaiana e um funcionário do Retrô, no qual este funcionário teria sacado uma arma de fogo na confusão. Que, segundo estas informações, o funcionário do Retrô teria chamado a referida torcedora de "sapatão" e, no momento que esta foi tomar satisfação com ele, o funcionário do Retrô sacou a arma. Que a polícia militar interveio na situação, acalmou os ânimos e o funcionário armado teria ido para dentro do ônibus de sua equipe. Que não soubemos qual procedimento legal foi realizado pela Polícia Militar nessa situação. Que não presenciamos o fato e soubemos que a torcedora teria registrado boletim de ocorrência do que aconteceu.

Súmula de Itabaiana x Retrô, pela Série D, relata confusão (Foto: Reprodução/CBF)

Itabaiana se pronuncia

O clube sergipano se pronunciou nesta quinta nas redes sociais sobre o assunto. Confira a nota oficial:

A AOI tomou conhecimento de uma grave denúncia de ofensa de cunho homofóbico sofrida na noite desta quarta-feira, 03, na partida entre Itabaiana x Retrô.

O clube declara estar à disposição de sua torcedora e repudia veemente qualquer ato discriminatório. Solicitamos às autoridades a investigação do caso.

Qualquer tipo de preconceito é repugnante e não tem lugar no esporte, que deveria ser um espaço de inclusão e respeito mútuo.

Por Camila Sousa e Lílian Fonsêca 

ge Recife