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sábado, 18 de novembro de 2023

Luis Díaz, o guajiro da Colômbia que sacudiu o Brasil nas eliminatórias

Luis Díaz marcou duas vezes pela Colômbia contra o Brasil, nas eliminatórias sul-americanas (Foto: Getty Images)
No início, os sonhos de Luis Díaz no futebol eram simples. Bastava a ele fazer um gol sobre a Argentina. Em 2015, o garoto de 18 anos era o craque da seleção da Colômbia que disputava a Copa América indígena, um torneio apenas com representantes de origens em povos nativos do continente.
Díaz, um menino descendente do povo wayuu, no norte da Colômbia, era de poucas palavras e ainda não tinha se entrosado completamente com seus companheiros. Mas a personalidade podia ser vista em lampejos. Na partida de estreia do torneio, falou para Jhon Jairo Díaz, o auxiliar técnico da seleção: seu sonho era fazer um gol sobre a Argentina.
Ganhamos de 2 a 1, e assim ele começou a carreira. Era um menino muito introvertido, praticamente não ficava com os colegas. Até o fim do torneio, ganhou confiança e ficou muito amigo de todos. Foi um dos jogadores a fazer a diferença — contou Jhon Jairo, em entrevista ao ge.
A seleção indígena da Colômbia terminou o torneio em segundo lugar. Mas Luis Díaz estava apenas começando. Oito anos depois, é considerado o maior nome do futebol de seus país. Mais: se consolidou no futebol da Europa, após brilhar no Porto e no Liverpool.
"São minhas raízes, de onde cresci jogando futebol. Meu povo, minha terra natal. São minhas características, sempre as tive e elas me ajudam no jogo que faço hoje".
— Luis Díaz, sobre a origem de seu estilo, em maio do ano passado
Origens no povo wayuu
A trajetória de Díaz é quase surreal. Suas origens são humildes: foi criado na cidade de Barrancas, no departamento de La Guajira, no norte da Colômbia. Apesar do sangue indígena, não tinha muito contato com esse estilo de vida. O povo wayuu vive na região e tem uma população de quase 400 mil pessoas, mas os pais de Díaz já haviam se mudado para a cidade. O que sobrou foi o apelido de guajiro.
Somos descendentes deles. Os wayuu vivem fora da cidade, em uma espécie de cabana cujo telhado são folhas de palmeira. Na tribo, os homens vestem uma espécie de tanga, enquanto as mulheres vestem uma manta e um sombrebo. Têm um idioma diferente. Entendemos algumas coisas, mas já não o falamos — contou Luis Manuel Díaz, o pai do atacante, ao site "Mais Futebol", de Portugal.
“Don Manuel” é visto como o verdadeiro responsável pela carreira do filho. O pequeno Luis vivia na casa da avó, com um campo à frente, onde passava os dias treinando e aperfeiçoando sua técnica. Entretanto, sempre teve compleição física frágil e chamava atenção pela magreza. Aos quatro anos, pegou uma doença que o fez emagrecer e preocupou a família, que achava que ele iria morrer.
Em breve falaremos mais do pai, que passou por uma situação grave recentemente, junto da esposas Silenis.
A contribuição de Valderrama
A recuperação veio, e com ela o futebol. Luis Díaz deu os primeiros passos no Barranquilla FC, um clube filial do tradicional Junior Barranquilla. Ao mesmo tempo em que se formava na base, integrou a seleção de sua cidade em um torneio indígena disputado em toda a Colômbia.
Na Colômbia há um torneio entre comunidades indígenas. São uns 80 times, que jogam até chegar à final em Bogotá. A equipe da cidade de Luis era treinada pelo pai dele e chegou à fase final com outros 10 times. Já tínhamos algumas referências do Barranquilla e sabíamos que era um rapaz que seria importante na seleção. Na primeira partida já percebemos que ele tinha condições — contou Jhon Jairo.
A seleção indígena da Colômbia tinha como técnico ninguém menos que Carlos Valderrama, um dos maiores jogadores da história do país. Depois de dois períodos de treinamento, Valderrama incluiu Luis Díaz na convocação final para a Copa América e lhe deu a faixa de capitão. Neste período, teve papel decisivo na mudança de posição do atacante.
Luis jogava de atacante, mas chegava na linha de fundo e não concluía as jogadas. Decidimos colocá-lo como meia, por fora, mas jogava pela direita e não tinha força na perna esquerda para chutar. Então, mudamos seu perfil e o posicionamos na esquerda, jogando no último terço. Ele tinha essa tendência para cortar para dentro, tinha boa potência, bom posicionamento e ótimo controle de bola — lembrou Jhon Jairo Díaz.
"Díaz é o nosso novo James"
Após a Copa América indígena, não demorou para Luis Díaz chegar ao Junior Barranquilla. Em 2018, ele já era titular absoluto da equipe. Não tardou para chegar à seleção principal da Colômbia e chamar a atenção de grandes clubes. O River Plate tentou a contratação, mas não conseguiu.
Em julho de 2019, porém, não teve jeito. O Porto, de Portugal, chegou firme para contratar o atacante e pagou 7 milhões de euros. Na Europa, a adaptação não demorou. Logo em sua primeira temporada, Luis Díaz marcou 14 gols e sete assistências em 50 jogos.
Pela seleção colombiana, chegou a vez também de atuar na Copa América original. Em 2019, passou em branco, mas em 2021 marcou quatro gols e foi um dos destaques na campanha que terminou em terceiro lugar para a Colômbia. Foi um dos artilheiros, ao lado de Messi.
Ali, começava a passagem de bastão na liderança. Saía James Rodríguez, já em ocaso da carreira, e entrava Luis Díaz.
- Luis Díaz é o nosso novo James Rodríguez. Ele é a sensação, de quem se fala todos os dias nos meios esportivos. Os torcedores e a imprensa estão atentos a cada vez que o Liverpool joga na Premier League. Ele é o escolhido para liderar um novo processo na seleção. Estamos impressionados com a maturidade com que abordou sua chegada ao futebol inglês - resumiu o jornalista colombiano Óscar Ostos.
Chegada avassaladora no Liverpool
Lidar com expectativas não parece ser problema para Luis Díaz. Quando o Porto ficou pequeno demais para o colombiano, chegou nova etapa em sua carreira: defender o Liverpool, um dos maiores clubes do mundo e, atualmente, também dos mais poderosos dentro de campo.
O Liverpool pagou 40 milhões de euros ao Porto para contratar Díaz em janeiro. E o colombiano ignorou o senso comum de que a adaptação à Premier League seria difícil.
Na primeira temporada, em 2021/22, marcou seis gols e deu quatro assistências em 26 jogos. O Liverpool faturou a Copa da Liga Inglesa, a Copa da Inglaterra e a Supercopa da Inglaterra em 2022.
Uma grave lesão no joelho sofrida em outubro de 2022 o deixou fora de ação até abril deste ano. O atacante colombiano perdeu mais de 30 jogos do time inglês, ficando afastado por quase 190 dias. Por isso o número baixo de partidas na temporada passada (21).
Agora em 2023/24, Luis Díaz tem 14 jogos oficiais pelo Liverpool, sendo 10 como titular, e quatro gols marcados. O time é o vice-líder da Premier League, com 27 pontos, um a menos do que o Manchester City.
Tensão pelo sequestro dos pais
O bom começo de Luis Díaz nesta temporada foi abalado pelo sequestro dos pais, no dia 28 de outubro, na Colômbia. Os dois foram abordados por homens armados em uma moto na cidade de Barrancas, em La Guajira.
Luis Manuel Díaz foi libertado na quinta-feira da semana passada. De acordo com a imprensa do país, ele foi resgatado em Valledupar, após negociações entre autoridades colombianas e o Exército de Libertação Nacional (ELN), responsável pelo sequestro.
O atacante chegou a viajar à Colômbia e retornou à Inglaterra há duas semanas, mesmo com o pai ainda sequestrado. El marcou o gol de empate do Liverpool com o Luton Town, em 1 a 1, e exibiu uma camisa com a mensagem "liberdade para papai", pedido que reiterou nas redes sociais.

Por Felipe Schmidt 
ge Rio de Janeiro

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