Luizinho Lopes é natural de Pau dos Ferros-RN (Foto: TV Bruscão/Reprodução) |
O técnico Luizinho Lopes escreveu seu nome de forma indelével na história do Brusque Futebol Clube ao comandar a equipe rumo à Série B do Campeonato Brasileiro, no retorno do clube apenas um ano após a queda. Na coletiva de imprensa realizada após a vitória de virada por 2 a 1 sobre o Operário-PR, o treinador abordou uma série de temas como a temporada, o elenco, diretoria, renovação de contrato, família e o jogo do acesso.
Exaltando o grupo
“Agora quero só parabenizar estes jogadores, toda a comissão, toda a diretoria por um trabalho incansável.”
“Agora podemos soltar o grito que estava entalado na garganta: o Brusque voltou! O Brusque tem um timaço, esses jogadores são extremamente comprometidos. Eu amo este grupo de verdade. Agora posso dizer, de verdade, sem desmerecer nenhum outro grupo com que trabalhei, e já vivi grandes momentos, mas este é um dos melhores grupos com que já trabalhei em toda minha vida. Seja como atleta, auxiliar ou treinador. Este grupo está marcado para sempre na minha memória, na memória do clube e entre nós mesmos.”
“Ganhando ou perdendo, não podemos perder o amor pelo jogo. (…) Enquanto a bola tá rolando, tem possibilidades. Futebol é um jogo caótico. Acontecem muitos momentos críticos de uma hora para outra. Hoje aconteceram vários para a gente, a favor e ao contrário. (…)”
“Hoje mesmo, no vestiário, nós pegamos duro uns com os outros. A gente criou uma comunicação interna em que o que se passa na cancha, fica na cancha, o que se passa no vestiário, fica no vestiário. No outro dia, o que ficou para trás, ficou, vamos para o próximo, e ninguém relaxa.”
Comemoração
“Já dei a parte do meu bicho para eles, fizeram a maior festa. Vamos comemorar. Nós temos que comemorar. Com semana aberta dá para comemorar bem, na dinâmica da Série C. Hoje tem que comemorar. Amanhã tem que comemorar. Vamos comemorar dois dias aí para a gente se reorganizar, se reconectar. Porque no final dessa semana já tem jogo e eu vou estar exatamente da mesma forma.”
“Volto a frisar. Eu amo o jogo e tento fazer que quem trabalha comigo ame o jogo também, ganhando ou perdendo. No futebol, você não é, você está. Vivenciando alguns momentos. Então a gente tem que aproveitar, sim, este momento. Extravasar, tem que vibrar pra ca*****, tem que comemorar pra ca*****, e no próximo jogo tem que voltar e fazer o melhor.”
Sequência no Brusque e renovação
Questionado sobre se há conversas para sua permanência em 2024, Luizinho Lopes relata que o foco esteve 100% na Série C e na busca pelo acesso. Não há negociações em andamento para renovação até o momento.
“No momento em que estamos passando, não demos ouvidos para falar de renovação, de nada. O clube precisa fazer uma série de ajustes. Nada disso foi conversado. Mas claro que tenho interesse em dar sequência ao trabalho, um trabalho que está dando muito certo. Mas assim, de coração aberto, nada, nada, nada, nada foi conversado com ninguém.”
O jogo
“Não tinha como não sofrer. São grandes duelos. Nós estamos sobrando na pontuação, mas sobrar durante todo o jogo é difícil. Eles vieram bem diferentes hoje, então geraram bastante dificuldade para nosso time, uma sobrecarga muito grande. Mas não estávamos mal no jogo quando eles fizeram o gol de bola parada.”
“Fomos fazendo alguns ajustes. Graças a Deus, hoje, algumas mudanças que nós fizemos: chegamos a fazer o Dentinho, que é atacante, ser um construtor, quando entrou o Rodolfo [Potiguar] junto com [Éverton] Alemão e o Wallace. E deixei Balotelli com Dentinho vindo construir junto. Aí demos profundidade com Toty de um lado, Alex [Ruan] do outro. Tavares e Moisés flutuando por dentro, e colocamos o Olávio.”
“O jogador vai lá, acredita, não deixa a gente virar um professor Pardal. Cumprem à risca, e a gente conseguiu fazer um baita segundo tempo fora de casa. Acredito até que o segundo tempo que nós fizemos hoje foi melhor do que todos os momentos do nosso jogo em casa, tirando os seis minutos finais.”
“Não tinha como não ter dificuldade. O Operário é um grande time, jogamos dentro da casa deles. O jogo tem 100 minutos. E o diferencial da nossa equipe durante todo o ano é isto. É uma equipe que joga os 100 minutos, que ama o jogo o tempo todo independente do que aconteça no início, no meio ou no final. O que importa é o resultado final.”
Família
Luizinho Lopes também teve um momento para falar da família e das diversas mensagens de carinho que tem recebido desde o apito final.
“Eu corro para mandar uma selfie para meus familiares. Minha mãe, meu pai, minhas duas irmãs, meus dois sobrinhos. A minha esposa. Eu tenho um anjinho no céu. Tenho um filhinho no céu olhando por mim o tempo todo. Este ano foi bem difícil também, porque tenho dois sobrinhos que são como filhos para mim, e perderam o pai. E aumenta também nossa responsabilidade em estar próximo.”
“Minha família é uma família muito forte, tem muita fé. Eu vivo sozinho aqui, minha esposa vive sozinha lá. Então minha primeira alegria é falar com eles. Então primeiro falei com eles, agora que vou falar com os demais, com os amigos.”
Carreira
“Muito feliz, cara. Eu consegui, assim, eu… Trabalho muito, peço muito a Deus para a gente fazer uma escadinha. Eu sei que eu preciso trabalhar muito, que não fui um jogador de altíssimo nível, de renome nacional. Então tem que conquistar dentro de campo para ir ganhando nosso espaço.”
Luizinho Lopes resgata a final da Série D de 2017. Após ter conseguido o acesso à Série C com o Globo-RN, o treinador perdeu a final para o Operário-PR, com derrota por 5 a 0 em casa e vitória por 1 a 0 em Ponta Grossa (PR). Seis anos depois, Luizinho conquista o segundo acesso de sua carreira de treinador diante da equipe paranaense:
“Havia feito uma final de Campeonato Brasileiro neste mesmo estádio, contra o Operário, em 2017. E aí o futuro nos reservou de ter um acesso da Série C para a B aqui dentro também. É nosso segundo acesso, agora temos um acesso da C para a B. E tem mais um sonho para a gente correr atrás, que eu sei que vai levar muito tempo… Mas os sonhos a gente constrói. E vai continuar construindo um sonho de, quem sabe um dia, subir da B para a A.”
Desconfiança
Perguntado sobre uma desconfiança em torno de seu nome quando foi anunciado ainda em novembro de 2022, o potiguar Luizinho Lopes rebate o preconceito em torno das origens dos treinadores. O técnico finalista da Série C afirma que não fazem sentido as suposições de que treinadores de determinados locais tenham dificuldade de trabalhar em mercados distantes apenas por conta da origem.
“Não se pode olhar para onde você veio, tem que ver a competência. Hoje o conhecimento está ao alcance de todo mundo. Você abre um computador estuda tudo, conhece tudo. A gente milita em Campeonatos Brasileiros há muito tempo. A gente sabe tudo que se passa em Santa Catarina. Estes tabus, paradigmas, não fazem muito sentido. Mas claro que a gente entende, o Brasil é um país continental, você chega em uma região em que poucas pessoas o conhecem.”
“Para uma diretoria, acho pouco inteligente [pensar em origem do treinador]. Você tem que analisar se o cara tem competência, se analisa campeonato, adversário, se estuda sua própria equipe, se tem conteúdo, se tem conceito. Esta questão se é do Nordeste, de São Paulo ou de Santa Catarina não faz o menor sentido. Mas entendo que em certos lugares existe um certo bairrismo.”
“Entendo também, quando chega [o treinador] não se sabe quem é, depois que se vai buscar saber. E temos que ir trabalhando, conquistando para ir ganhando este respeito, ir abrindo mercado a nível nacional. Graças a Deus, deu tudo certo. Só tenho gratidão ao Brusque, que deu esta oportunidade, acreditou no nosso trabalho. A diretoria, em nenhum momento, parou para pensar nisso, só tentou entender o que eu fazia. E apostou no nosso trabalho, e deu tudo certo.”
Retrospectiva
Em sua primeira resposta, Luizinho Lopes relembrou os principais momentos de 2023 até agora, destacando as conquistas e a importância de ter chegado à final do Catarinense.
“Agora sim: nós conquistamos o principal objetivo, e uma ‘tríplice coroa’, que era o que havíamos projetado no início de todo o trabalho, nas primeiras reuniões. Era iniciar o ano sendo campeão, para resgatarmos o ânimo, a confiança, trazer o torcedor para o nosso lado, a diretoria se motivar, se reerguer do rebaixamento. E vencemos a Recopa.”
“Tínhamos o objetivo de passar de pelo menos uma fase da Copa do Brasil. A passagem de fase na Copa do Brasil, para ter uma ideia, é mais rentável financeiramente do que a própria final do campeonato estadual. (…) Mas a final do estadual nos deu prestígio e nos alicerçou na temporada. Porque chegamos à final do Catarinense sem nenhuma derrota [na competição], de maneira invicta, e fizemos dois grandes jogos contra o Criciúma.”
“Três grandes objetivos nós conquistamos. Até quatro, pode virar cinco agora: campeão da Recopa, passagem de fase na Copa do Brasil, finalista do Campeonato Catarinense, e agora o acesso, finalista do Campeonato Brasileiro.”
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