Ex-técnico de Tiquinho tirou R$ 200 do bolso para contratar o atacante no início da carreira

Ramiro Souza como técnico do CSP em 2014 (Foto: Arquivo / ge)

Em um panorama nutrido de sonhos, talentos e objetivos, o futebol brasileiro expõe, quase todos os dias, histórias inspiradoras de jogadores que encararam importantes desafios em sua trajetória até alcançar a glória e o sucesso. E um desses casos é o do centroavante Tiquinho Soares, que tem brilhado no Botafogo, e que começou a engatinhar no esporte em alguns clubes paraibanos, especialmente no CSP. E o início não foi fácil, como conta o seu ex-técnico Ramiro Souza. O treinador relembrou, inclusive, que tirou R$ 200 do próprio bolso para convencer o centroavante a assinar contrato com o clube de João Pessoa.

O CSP oferecia R$ 1 mil, e ele pedia R$ 1.500, insistindo que não iria pelos R$ 1 mil. Eu então liguei para o supervisor do clube dizendo para tirar R$ 200 do meu bolso".

— Ramiro Souza.

Tiquinho Soares percorreu um caminho árduo de idas e vindas no futebol, enfrentando diversos desafios ao longo de sua carreira. Depois de não ter sido aproveitado no América-RN, onde ficou até 2010, e de o seu vínculo com o clube potiguar ter sido rescindido, o centroavante aguardava uma nova oportunidade no esporte, e Ramiro Souza foi peça-chave para levá-lo de volta à Paraíba, onde ele já havia defendido o Botafogo-PB e o Sousa. O treinador contou que o CSP estava formando o time para a temporada de 2011, e o jogador, natural de Sousa, despertou a sua lembrança, quando ele o viu atuar nas categorias de base do Belo. Segundo ele, até o acerto com o Tigre, foram rodadas de negociação.

Estávamos montando o time e precisávamos de um atacante. Aí eu lembrei de Soares. Consegui o número e liguei para ele, que estava em Natal, e o convidei para jogar no CSP. E ele logo perguntou quanto o clube pagava. Quando eu disse que era R$ 1 mil, ele respondeu: "Vou nada, professor".

— Ramiro Souza.

Convicto de todo o potencial de Tiquinho Soares dentro das quatro linhas, Ramiro Souza realizou diversas conversas e ligações com a alta cúpula do CSP. O técnico explicou que ligou para Josivaldo Alves, homem forte do clube de João Pessoa, tentando convencer o dirigente do talento do atleta na grande área. Josivaldo até comprou a ideia, mas oferecendo apenas R$ 1 mil. Ramiro relembrou que, em conversa com o então supervisor Gerson Júnior, permitiu ao clube que retirasse R$ 200 de seu próprio salário para melhorar a oferta financeira ao centroavante.

Gerson, vamos fazer o seguinte: vou oferecer R$ 1.200 para ele, e tu tira os R$ 200 do meu bolso. Aí Gerson disse: "Rapaz, tu recebe uma mixaria e vai tirar R$ 200 do bolso?"

— Ramiro Souza.

Com o acordo selado para defender as cores da agremiação da capital da Paraíba, Tiquinho Soares desembarcou em João Pessoa em uma terça-feira. De acordo com o técnico Ramiro Souza, no primeiro coletivo realizado pelo CSP, o centroavante marcou cinco gols, e Josivaldo Alves já triplicou o salário dele.

Fizemos um coletivo, e Soares matou a pau. Virou o xodó do presidente, que triplicou o salário dele. Tiquinho sempre foi muito bom. Era um dos primeiros a entrar nos treinos e um dos últimos a sair. Quem trouxe ele ao CSP foi Ramiro Souza.

— Ramiro Souza.

Com Tiquinho Soares vivendo momento especial em 2023, com 22 gols marcados em 35 jogos e ocupando o posto de principal artilheiro da Série A do Campeonato Brasileiro, Ramiro Souza não tem dúvidas de que o atacante será convocado para defender a seleção brasileira. Para o ex-técnico do atual jogador do Botafogo, ele já é ídolo do Glorioso.

Ele não só tem chances, como penso que será convocado. É um dos melhores do Brasileirão e ídolo do Botafogo. Deve ser um dos nomes na próxima convocação".

— Ramiro Souza.

Por Matheus Aquino 

ge João Pessoa