Rafael Carneiro, torcedor do Flamengo na Argentina (Foto: Arquivo Pessoal) |
Morador da Argentina há mais de três anos, o educador físico Rafael Carneiro, de 40 anos, viu de perto na quinta-feira um caso de racismo no país em que vive. Torcedor do Flamengo, ele flagrou o momento em que torcedores locais fizeram gestos de macaco para a torcida visitante após o empate por 1 a 1 entre a equipe rubro-negra e o Racing, em Buenos Aires, pela Copa Libertadores.
Ao ge, o brasileiro contou que cobrou atitude das autoridades ainda no estádio e recebeu tratamento hostil de parte dos policiais. Após a partida, ele foi a uma delegacia para registrar o caso.
- Após filmar o cara imitando macaco, fui mostrar para um policial, que disse que não poderia fazer nada. Eu fiquei revoltado, disse que sou residente argentino e que alguma coisa teria que ser feita. Ele disse que não tinha nem como se comunicar com os policiais que estavam embaixo (em outra arquibancada) - disse.
- Com esse policial foi tudo tranquilo, ele elogiou nossa torcida e até brincamos. Só que chegaram três com escudos e cassetetes, perguntaram o que eu queria. Esses foram hostis, já encostando com o escudo em mim. Um deles disse: "Vá a uma delegacia, mas saia do estádio!" - continuou.
As cenas aconteceram após o apito final. Rafael foi um dos que filmaram alguns argentinos que imitaram gestos de macacos e xingaram os flamenguistas.
Conmebol promete investigar; Fla monitora
A reportagem procurou a Conmebol, que garantiu abertura de expediente disciplinar, informação antecipada pelo jornal "O Globo". O Racing será notificado para dar explicações sobre o ocorrido. É o início da burocracia que pode levar a uma punição. O regulamento da entidade prevê multa mínima de US$ 100 mil (R$ 495 mil) para casos de racismo, além de possibilidade de um ou mais jogos com portões fechados.
O Flamengo monitora a situação e aguarda os passos oficiais das autoridades. Rafael disse que procurou o clube através de conselheiros e também nas redes sociais, mas não teve retorno. O Racing não deu resposta sobre o caso ao ge.
- Minha mãe é negra, tenho parentes negros aí, no Brasil, e aqui, na Argentina. Tem uma hora que cansa... E só no esporte que essas coisas acontecem aqui, passando que a população argentina é assim, mas não é. Em quase três anos e meio, é o primeiro episódio negativo que passei aqui - completou.
ge RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve após ser analisado pelo administrador