Rodrigo Paraíba, na época em que jogava pelo Joinville (Foto: João Lucas Cardoso) |
O ex-jogador Rodrigo Nascimento dos Santos, o Rodrigo Paraíba, filho do também ex-jogador e atual técnico Marcelinho Paraíba, foi citado no inquérito do Ministério Público de Goiás (MP-GO), que investiga um esquema de fraudes envolvendo apostas esportivas. Rodrigo aparece numa troca de mensagens com Bruno Lopez, o BL, apontado como chefe da quadrilha na apuração do MP. A notícia foi divulgada primeiro pelo Estadão.
O jogo investigado é a semifinal do Campeonato Paraibano deste ano, entre Treze e São Paulo Crystal. De acordo com a troca de mensagens entre BL e Rodrigo, o esquema inicial envolvia apenas escanteios, mas o ex-jogador teria garantido a vitória do Galo.
A conversa entre os dois teria acontecido no dia 25 de março, véspera da partida de volta da semifinal do Paraibano, realizada em Campina Grande. BL questiona Rodrigo se "vai rolar mesmo o escanteio", sugerindo uma suposta facilitação dos jogadores do São Paulo Crystal em favor do Treze. O filho de Marcelinho, por sua vez, diz que "o jogo todo" estaria garantido, e não apenas a cobrança de escanteio.
De acordo com a troca de mensagens, Rodrigo teria dito que apenas dois jogadores do São Paulo Crystal não faziam parte do esquema e insistiu em cravar a vitória do Treze para o líder da quadrilha. BL demonstra algum receio, e o ex-jogador é contundente:
— Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou "muleke" ou idiota de entrar em alguma furada?
Rodrigo Paraíba confirmou a veracidade do diálogo com BL em resposta ao Estadão. No entanto, nega que tenha participado de qualquer esquema fraudulento. Segundo ele, o que aconteceu foi apenas uma "previsão" de quem venceria a partida, considerando a diferença técnica entre os times.
O Treze venceu o São Paulo Crystal por 1 a 0 e, por ter empatado o jogo de ida por 1 a 1, se garantiu na final do Campeonato Paraibano contra o Sousa. O jogo, no entanto, já havia chamado a atenção pelo número de cartões — sete amarelos e quatro vermelhos. Dois jogadores de cada time foram expulsos.
Veja o Diálogo entre Rodrigo Paraíba e BL
O diálogo entre BL e Rodrigo Paraíba teria acontecido no dia 25 de março, um sábado, na véspera de Treze x São Paulo Crystal. Confira os detalhes da conversa:
BL: E aí, vai rolar mesmo o escanteio?
Rodrigo: Tô vendo aqui.
Rodrigo: Mano, garanto o jogo todo e não o escanteio.
BL: Entendeu. O jogo todo, isso?
Rodrigo: Mano, o jogo todo porque sei que eles só não tem dois (jogadores) na parada.
BL: Mas e perder?
Rodrigo: O Treze ganha. Boatos de que já foi dado até 70 mil para os jogadores dividirem. Aí eles vão facilitar.
BL: Entendi. Então Treze ganha. Certeza?
Rodrigo: Isso, mano. Sim.
BL: Meu truta, você tá querendo cobrar uma parada que nem tem certeza? Nós estamos devendo, e você? É isso mesmo?
Rodrigo: Eu não sou cobra, mano. O atleta é meu, patrão. Só vou entrar e mandar se for certeza. Achando que sou "muleke" ou idiota de entrar em alguma furada?
BL: Avisa ele que após o jogo eu mando.
Rodrigo: Vou falar. Não sei se ele vai querer mais, né.
De acordo com as investigações do Ministério Público, BL seria o principal agente de apostas no Campeonato Paraibano, escolhendo quais seriam as mais vantajosas na competição. Ele foi preso no dia 14 de fevereiro, ainda durante a primeira fase da Operação Penalidade Máxima, e solto cinco dias depois. Em abril, voltou a ser preso.
Rodrigo Paraíba, por sua vez, não está entre os investigados pelo MP-GO. Também não foi convocado até aqui para prestar qualquer depoimento.
São Paulo Crystal nega participação no esquema
O presidente do São Paulo Crystal, Múcio Fernandes, disse não acreditar no envolvimento do seu clube no esquema de apostas. Para isso, relembra o próprio jogo contra o Treze, pela semifinal do Campeonato Paraibano.
— Basta você ver como foi o jogo. Perdemos por 1 a 0, lutamos até o fim. Tivemos chance de vencer e ir para a final. Não me parece com algo que esteja vendido — argumentou.
O dirigente também disse confiar nos jogadores e que o clube tem uma política dura em relação a qualquer indício de fraude.
— O time do São Paulo é caseiro. São muitos jogadores da cidade e que estão com a gente há várias temporadas, alguns desde as categorias de base. Se tivessem envolvimento com alguma prática irregular, íamos ficar sabendo. No início do campeonato, houve uma onda de boatos envolvendo alguns jogadores. E, antes mesmo de qualquer comprovação, já dispensamos os atletas — lembrou Múcio.
Eliminado na semifinal do Campeonato Paraibano, o São Paulo Crystal terminou na quarta colocação e não garantiu vaga na Série D de 2024. Sem atividades para o restante do ano, o elenco foi desfeito e o clube agora se concentra na formação do time para disputar o estadual sub-20.
Por Redação do ge
João Pessoa
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