Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova (Foto: Wildes Barbosa/O Popular) |
Hugo Jorge Bravo, presidente do Vila Nova, revelou em coletiva no início da noite desta terça-feira, na sede do clube, como descobriu o envolvimento do jogador Romário no esquema de apostas na Série B, investigado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).
A operação "Penalidade Máxima", que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro tem o Vila como principal denunciante, pois foi quem apresentou ao MP-GO as primeiras provas.
De acordo com Hugo, Romário aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti no primeiro tempo do jogo Sport x Vila Nova, no dia 6 de novembro, pela última rodada da Série B. O atleta recebeu um sinal de R$ 10 mil e receberia os R$ 140 mil restantes após a partida. Porém, como sequer foi relacionado, ele tentou cooptar colegas, sem sucesso.
- Passou o jogo, uns três dias, e fui informado que o Romário estaria envolvido em um esquema de apostas. Ligamos o alerta e fomos atrás. Entrei em contato com quem teria articulado todo o esquema. Essa pessoa nos relatou que a combinação era um pênalti no primeiro tempo de Sport x Vila Nova e outras duas partidas da mesma rodada (Sampaio Corrêa x Londrina e Criciuma x Tombense).
- Essa pessoa falou que tinha um atleta do clube que iria cooptar outro atleta para praticar, pois ele não tinha condição de jogo. Ela diz que deu um sinal em uma conta de outro jogador, o (Gabriel) Domingos, que até que se prove o contrato, não está envolvido. A própria pessoa que arquitetou tudo isenta o atleta (Domingos) - completou.
Segundo o dirigente, o esquema só foi descoberto porque deu errado.
- Só se descobre quando dá errado. Vem o burburinho e aí você pesca. Tentou-se fazer em um jogo do Vila uma ação individual. Um jogador do Vila deveria fazer um pênalti, o que não aconteceu. Quando não aconteceu, alguém foi prejudicado. E foram as bancas de apostas.
- Essa própria pessoa começou a entrar em contato comigo pedindo para ir atrás do Romário para devolver o sinal de R$ 10 mil - disse Hugo.
No dia 30 de novembro, pouco mais de três semanas após o jogo em questão, o Vila Nova rescindiu contrato com Romário alegando "caso de indisciplina grave". Na ocasião, o clube não entrou em detalhes, mas já estava em contato com o MP-GO oferecendo a denúncia.
- Fomos questionado por várias pessoas, por torcedores (pela rescisão com o atleta). Mas nós tínhamos convicção do que estávamos fazendo. Passamos todas as provas ao MP-GO, que de forma brilhante e muito rápida apurou tudo que passamos. Que isso sirva de aprendizado.
Entenda o caso
O Ministério Público de Goiás fez nesta terça-feira uma operação para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos da Série B do Brasileiro. O objetivo era influenciar apostas esportivas de altos valores. Um dos jogadores investigados é Romário, ex-Vila Nova.
Segundo o MP, há indícios de que o grupo atuou em pelo menos três jogos da Série B no final de 2022: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, todos pela rodada final da competição. Os investigados teriam movimentando mais de R$ 600 mil.
A investigação apontou que o grupo convencia atletas a manipular resultados nas partidas por meio de ações, como fazer pênalti no primeiro tempo dos jogos, entre outras táticas. Em troca, os jogadores receberiam parte dos prêmios de apostas feitas. A estimativa é que cada envolvido tenha recebido R$ 150 mil por aposta.
Por Guilherme Gonçalves
ge Goiânia
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