A Polícia Civil de São Paulo informou nesta segunda-feira, que um suposto apostador entrou em contato com dois jogadores, de times diferentes, para tentar manipular duas partidas da atual edição da Copa São Paulo de futebol júnior. As tentativas foram sem sucesso, segundo matéria do Ge.Globo. No ano passado, entre janeiro e outubro, mais de 130 jogos no Brasil tiveram suspeitas de manipulação de resultado.
O suposto apostador entrou em contato com dois jogadores, um do Zumbi, de Alagoas, e outro do Real Ariquemes, de Rondônia, com a mesma proposta: R$ 3 mil para que eles ajudassem em um determinado número de escanteios nos respectivos jogos.
O Zumbi de Alagoas enfrentou e venceu a Ferroviária, enquanto o Real Ariquemes perdeu para o Tanabi. Nos dois casos, as propostas do apostador foram denunciadas pelos jogadores, que registraram boletins de ocorrência e comunicaram também a Federação Paulista.
O caso mais recente foi o do goleiro Evan Guilherme, do Ariquemes, de 20 anos, que disputou pela segunda vez a Copinha.
Procurado através de uma rede social pelo suposto apostador, o jogador recebeu a proposta de R$ 3 mil para ceder determinado número de escanteios.
“A minha reação foi de surpresa (ao receber a proposta do suposto manipulador), né. Porque a gente sabe que no mundo do futebol está bastante em evidência esse negócio de apostas, então... mas eu nunca imaginei que aconteceria comigo. Fiquei bastante surpreso, um pouco em choque, mas a minha reação foi outra. Eu sei da minha índole, então a primeira coisa que passou em minha cabeça foi negar e acionar a comissão e o presidente do clube”, contou Evan Guilherme, goleiro do Real Ariquemes, ao Ge.Globo.
A Polícia Civil de São Paulo identificou o apostador que fez as propostas para os dois jogadores. Morador do interior de São Paulo, através dos advogados, disse que deve se apresentar para prestar esclarecimentos nos próximos dias.
Os sigilos bancário e telefônico devem ser quebrados em breve pela Justiça, ajudando a esclarecer se foram feitas outras tentativas de aliciamento ou pagamento a outros atletas envolvidos em jogos da atual edição da Copinha. As investigações estão sendo lideradas pelo delegado Cesar Saad.
A Federação Paulista de Futebol contratou empresas especializadas em monitoramento de casas de apostas para identificar partidas com potencial de manipulação.
O trabalho consiste no cruzamento de dados de sites esportivos de apostas com os campeonatos para detectar possíveis alterações que possam apontar a possibilidade de manipulação de resultado.
O Sportradar, agência de monitoramento de apostas esportivas em âmbito mundial, identificou, até 16 de outubro do ano passado, mais de 130 partidas suspeitas de manipulação de resultado no futebol brasileiro, a maioria ocorrendo em divisões inferiores.
Casos também ocorreram fora do país. O atacante Ivan Toney, do Brentford, do Campeonato Inglês, foi acusado de quebrar 232 regras de apostas entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2021.
Apostas esportivas também são proibidas para atletas na Inglaterra, incluindo não somente em adivinhar o resultado dos jogos, mas também na escolha do novo técnico de um determinado time, além das transferências de times dos jogadores.
Um decreto assinado pelo então presidente Michel Temer em dezembro de 2018 autorizou as casas de apostas de operar no Brasil. A lei 13.756 estabeleceu regras para as apostas esportivas. Desde então, a expectativa é que o poder executivo regulamente a atividade no país, o que não ocorreu durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro e ainda não ocorreu nos 23 dias já completados no terceiro governo de Lula.
A lei em vigência determina que as empresas que operam no Brasil sejam sediadas em outros países, sem pontos de venda físicos. Os sites estão fora do Brasil, portanto. As empresas estão nos esportes e já patrocinam os principais clubes do futebol brasileiro.
Por Thiago Batista
EP - Esporte Paulista
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