“Midas foi um Rei da mitologia grega, que transformava em ouro tudo o que tocava. Pelé é o único e inigualável Rei do futebol, que transformou as suas espetaculares jogadas em alegria popular”.
Édson Arantes do Nascimento, o imortal e atemporal Rei Pelé, tudo que realizava dentro de campo possuía um significado extraordinário, fantástico, imensurável mesmo que o seu ato não finalizasse em gol. Quem não se lembra do seu chute do meio de campo surpreendendo o goleiro da então Tchecoslováquia? Aquela jogada virou o gol que PELÉ não fez. Quem não se lembra do drible de corpo entortando a coluna do goleiro Uruguai Mazurkiewicz? Ou a sensacional cabeceada defendida pelo goleiro Inglês Gordon Banks, lances executados por um ser sobrenatural apenas na copa de 1970 e que são diariamente reproduzidos, comentados e estudados nos cinco continentes.
Outros lances importantes ocorreram com o deus do futebol dentro das quatro linhas. Aqui, nesta coluna, irei relatar um que ajudou um fotógrafo paraibano a se destacar em sua brilhante profissão. Estamos falando de ALBERTO FERREIRA, nascido em Alagoa Grande PB, em 1932 e falecido em 2007. Ele gostava muito de futebol, jogou de goleiro na Paraíba e um dia resolveu fazer um teste mal sucedido no Clube de Regatas do Flamengo. Na cidade maravilhosa, foi aconselhado por um parente a tornar-se fotógrafo. Compulsivo e obstinado, Alberto documentou toda a construção de Brasília, Copas do Mundo, diversas olimpíadas e o maravilhoso futebol brasileiro de 1950 a 1980. A sua competência o levou ao cargo de editor de fotografia do Jornal do Brasil por 26 anos.
Mas foi no ano de 1965, com o Maracanã portando um público de 110 mil pagantes para assistir o amistoso Brasil e Bélgica, que ALBERTO FERREIRA direcionando a sua famosa máquina Leica M3 bateu a sua fotografia mais conhecida e premiada: A legendária bicicleta do Rei PELÉ. A foto, preto e branco, conseguiu imortalizar PELÉ em um voo que transcende o esporte e que circulou o mundo em uma época em que não tínhamos a facilidade da internet. Os caminhos de Pelé e de Alberto se cruzaram muitas vezes, passando ele a ser chamado de PELÉ da fotografia. Ele acompanhou a famosa excursão do Santos Futebol Clube ao continente africano, onde uma guerra civil foi interrompida para assistir PELÉ e companhia. Foi ele quem fotografou o exato momento da contusão do Rei que o tiraria da copa de 1962, foto que lhe rendeu o disputadíssimo prêmio Esso. Dizem, os especialistas, que ALBERTO FERREIRA, o PELÉ da fotografia, era um repórter fotográfico intuitivo, de visão cirúrgica, que conseguia se antecipar em frações de segundos a um fato que iria acontecer. Esse atributo de se antecipar a uma jogada sempre foi o maior aliado do Rei Pelé dentro de campo, ao ponto dos comentaristas e companheiros de equipe dizerem que ele também possuía um olho extra nas costas.
Meus caros e diletos leitores do centenário Jornal A União e ouvintes da conceituada Rádio Tabajara, não nos resta dúvida de que PELÉ já chegou ao paraíso e reencontrou Garrincha, Nilton Santos, Djalma Santos, Belline, Mauro, Didi, Carlos Alberto Torres, Zito, Everaldo, Felix, Coutinho, Vavá e tantos outros parceiros e estão batendo uma descontraída pelada entre abraços e sorrisos; tudo, claro, sendo fotografado pelas potentes lentes do competente ALBERTO FERREIRA, o PELÉ da fotografia.
Serpa Di Lorenzo
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