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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Filhos do "Gaúcho da Copa" buscam patrocínio para ir ao Catar e manter legado do pai

Frank e Gustavo, filhos do "Gaúcho da Copa", na Rússia em 2018 (Foto: Arquivo pessoal)
A cada quatro anos, muitos brasileiros seguem a Seleção na disputa da Copa do Mundo. Alguns se tornam conhecidos por isso. Um deles, inclusive, virou até símbolo, corroborado pela CBF e pela Fifa. Clóvis Acosta Fernandes, que ficou conhecido como "Gaúcho da Copa", acompanhou o Brasil em Mundiais de 1990 a 2014. No ano seguinte, morreu em decorrência de um câncer.
Os filhos dele, Frank, 44 anos, e Gustavo Damasceno, 37, estiveram ao lado do pai em muitas dessas jornadas e decidiram manter a tradição na Rússia em 2018. Agora, às vésperas do início do torneio no Catar, ainda correm atrás de recursos e de patrocínio para a viagem ao Oriente Médio.
Os irmãos têm planejada a produção de conteúdos para internet contando o dia a dia de torcedores em meio a uma Copa do Mundo, com os "perrengues" que possam acontecer durante uma trajetória sem luxo, além, claro, dos jogos da Seleção no torneio.
A parte organizacional foi feita, com projeto de viagem de cerca de 40 dias, incluindo passagem por Turim, onde os comandados de Tite fazem a preparação, e Doha, principal sede da competição no Catar. Além da dupla, a ideia era viajar com um cinegrafista e um editor para as gravações.
No entanto, a questão financeira é o grande entrave, e o projeto dos Gaúchos na Copa ainda não teve muita adesão. Mesmo às portas do evento, a procura por parceiros persiste para que possam seguir a tradição do pai, que foi da Copa da Itália em 1990 à do Brasil em 2014 ininterruptamente, tornando-se o "12º jogador" da Seleção, lembrado até pela maior entidade do futebol mundial.
A três dias da abertura da Copa e a sete da estreia brasileira, contra a Sérvia, Frank e Gustavo correm contra o tempo para acompanharem a equipe canarinho na busca pelo hexa.
Nunca chegamos a esse ponto, sem ter a garantia que estaremos lá. A CBF já acenou com os ingressos, fizemos uma parceria com uma empresa chinesa, mas isso não garante nossa estada lá. Seguimos em busca de apoiadores para que possamos viabilizar nossa ida e manter a tradição, as cores do estado, a forma amistosa de torcer – conta Gustavo.
Além das entradas para as partidas da Seleção, disponibilizadas gentilmente pela Confederação Brasileira, os irmãos também têm um "acordo verbal" com um brasileiro que reside em Doha para hospedagem, com valor mais em conta pela estadia.
O primeiro patrocinador foi uma empresa chinesa, citada por Gustavo, mas eles seguem conversas com outras empresas. Além disso, interessados em contribuir com os torcedores podem entrar em contato pelas redes sociais (@gauchosnacopa no Instagram e @Gauchosdacopa no Twitter).
Conhecido como "Gaúcho da Copa", Clóvis morreu em 2015 (Foto: Eitan Abramovich/AFP/Arquivo)
Um legado
A constante aparição de Clóvis Acosta Fernandes em grandes eventos e jogos da seleção brasileira o fez ganhar com o tempo reconhecimento mundo afora, além de receber a alcunha de "Gaúcho da Copa".
Ostentando um chamativo bigode e chapéu na cabeça, além de uma réplica da taça da Copa do Mundo na época, o torcedor acompanhou de perto dois títulos mundiais do Brasil (1994 e 2002) e esteve presente também em outras competições, como Copa América e Olimpíadas.
Em 2012, aliás, no Jogos de Londres, Frank e Gustavo conseguiram junto do pai a permissão inédita de entrar com instrumentos no estádio Old Trafford, casa do Manchester United. Até mesmo camisas do Grêmio, time do coração da família, foram enviadas à Família Real Britânica, por meio de uma carta de recomendação do Consulado da Inglaterra no Brasil.
A saga em Copas, iniciada em 1990 por Clóvis, teve a companhia de um dos filhos pela primeira vez nos Estados Unidos em 1994, com Frank, o mais velho. Quatro anos depois, na França, foi a vez de Gustavo "estrear" nas viagens.
Sete anos depois da partida do pai, os irmão seguem o legado de demonstrar a paixão por futebol e Seleção por onde passam, especialmente em uma Copa do Mundo. A responsabilidade é gigantesca, eles sabem, mas o desejo de continuar a missão do pai é maior.
Sabemos o quanto é difícil levar isso adiante, não deixar essa história acabar. Costumo dizer que seguiríamos indo, apaixonados pela Seleção, mas com o legado do meu pai é outra coisa, é levar os costumes gaudérios mundo afora, o chapéu, a forma cordial de torcer, não o que se vê em muitos lugares do mundo. Essa é nossa missão – destaca Gustavo.

Por Gabriel Girardon 
GE Porto Alegre

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