Ex-jogador de futebol, Deco atua como empresário de atletas — Foto: Piaras Ó Mídheach/Sportsfile for Web Summit via Getty Images |
Um dos grandes nomes do futebol português oficializou de vez a sua relação com o futebol paraibano. O lusobrasileiro Deco, ex-meia do Barcelona e da Seleção Portuguesa, agora é um dos donos do CSP. O clube é o primeiro da Paraíba a adotar o modelo de Sociedade Anônima de Futebol (SAF).
O ex-jogador, junto com o empresário de atletas, Luis Paulo, adquiriu 60% da SAF do CSP, enquanto que 40% seguem nas mãos de Josivaldo Alves, ex-presidente do clube e que comanda o Tigre na prática há vários anos. Josivaldo, inclusive, acumula as funções de dirigente e técnico do Tigre, e revelou que esse era o único jeito de manter o CSP ativo e revelando jogadores.
— Eu entendo que é um processo natural. Todos os clubes vêm passando alguma dificuldade, exceto Flamengo e Palmeiras. A gente é um clube pequeno do Brasil. A gente precisa de apoio, de suporte. Os recursos do Governo do Estado e da Prefeitura de João Pessoa não existem mais. E o projeto tem que continuar. Revelar garotos, apoiar os sonhos de quem quer ser profissional. Por outro lado, precisamos de grana, de investimento. Uma das maneiras foi se juntar com pessoas do futebol, que têm carreira vitoriosa, como o Deco e o Luis Paulo, que é investidor. Juntamos as três mentes para continuar com esse trabalho — analisou Josivaldo Alves
A relação entre o CSP e Deco já existia há alguns anos. O atacante Tiquinho Soares — que apareceu bem no CSP em 2013, passou pelo Porto e hoje defende o Olympiacos —, acabou por se tornar um atleta agenciado por Deco após conversas entre Josivaldo e o ex-meia de Portugal. O meia Mandaca, hoje no Corinthians, também é agenciado pela D20, empresa de Deco.
Os laços se estreitaram e culminaram com uma participação agora direta, que Luis Paulo e Deco vão ter dentro do CSP, que está bem próximo de se manter na 1ª divisão do Campeonato Paraibano para o ano que vem.
A promessa, segundo Josivaldo, é de investimentos em várias áreas: desde o departamento profissional, no pagamento de salários dos atletas que disputam o estadual, além de no pagamento de salários de jogadores da base e na construção de campos de treinamento e de uma estrutura própria do clube.
— Não estávamos jogando nem o sub-17 mais, por questões financeiras. Queremos jogar também o sub-15 e investir também em campos. Depois fazer mais alojamentos. Queremos ter uma área nossa, um espaço do clube. Sabendo que não é de uma vez. É passo a passo. Queremos potencializar esse clube. Eles estão arriscando seu suor, porque dinheiro é o suor, estão investindo. É uma coragem desses caras que acreditam no meu trabalho. E a gente espera que essa união possa seguir — disse Josivaldo.
Josivaldo Alves sabe que no futebol as coisas não acontecem de maneira rápida. Mas ele acredita que o modelo pode fazer do CSP um clube maior na Paraíba e ainda gerar receitas para os sócios no futuro.
— Agora temos caras que vão levar nossos talentos para São Paulo, para Portugal. O Deco tem na sua empresa jogadores renomados, como Fabinho e Rafinha. Estão desde jovens com o Deco e estão nesse patamar. O dinheiro que for colocado, quando houver venda de jogadores, ou outras receitas, vai servir para quitar ou amortizar dívidas de quem já investiu. Enquanto a gente não tiver saldo, não dá para falar algo de divisão. O projeto é receber esse investimento, é isso que tem nos mantido vivos. As pessoas que estão investindo têm dinheiro e vão ter a paciência necessária para que o clube possa crescer e se fortalecer, para depois receberem o que investiram — explicou.
O diálogo tem sido constante entre os sócios. Em breve, o Tigre pode anunciar mais comissões técnicas para outras categorias. O retorno ao sub-17, por exemplo, foi excelente. Na última segunda-feira, o CSP goleou o Treze, foi campeão paraibano da categoria e vai representar o estado na Copa do Brasil Sub-17, no mês que vem.
Apesar da divisão de lucros, dividendos e responsabilidades, Josivaldo Alves vai ser cara presente ainda no dia a dia do clube e, possivelmente, até seguirá como treinador do profissional, por conta, segundo ele, da coragem de colocar garotos para jogar no time principal.
— Eles entendem que eu sou o super gerente do clube, que tenho coragem para colocar meninos de 16, 17, 18 anos para jogar no profissional, e não é qualquer um que tem. Eles entendem que encaixo bem nesse perfil. Eu continuo como o comandante, mas agora temos sócios, temos que ouvir sócios. Então teremos mais comissões técnicas nas categorias, mas eles confiam muito em mim também como técnico. É um processo, uma união que envolve muita gente. A gente espera que possa dar tudo certo, principalmente para o CSP, que precisava muito disso para sobreviver — finalizou.
Por Pedro Alves
GE João Pessoa
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