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domingo, 28 de novembro de 2021

Na prorrogação, Palmeiras vence o Flamengo e é tricampeão da Libertadores

 
Deyverson corre para o abraço após marcar o gol da vitória na prorrogação (Foto: Pablo Porciuncula / AFP)
"Por mais que os tecnocratas o programem até o mínimo detalhe, (...) o futebol continua querendo ser a arte do imprevisto." A frase é de Eduardo Galeano, nascido em Montevidéu,  que sediou a histórica final entre Palmeiras e Flamengo neste sábado. A vitória por 2 a 1, com gol de Deyverson na prorrogação, garantiu o Bi da Libertadores da equipe de Abel Ferreira e o Tri para a Academia de Futebol - campeã da América em 1999, 2020 e 2021.
Diante do contorno dramático que a decisão ganhou, o duelo no Centenario poderia, facilmente, ser assunto de um capítulo do "Futebol ao sol e à sombra". Nesta crônica, as referências são em homenagem ao eterno Eduardo Galeano.
Antes de Deyverson dar números finais ao placar do Centenário, Raphael Veiga abriu o marcador, ainda aos cinco minutos da primeira etapa. Coube a Gabigol empatar a decisão no segundo tempo, forçando a prorrogação em Montevidéu.
GOL DE RAPHAEL VEIGA
Foi aos cinco minutos. O Flamengo marcava o Palmeiras com perseguições individuais - característica do time de Renato Gaúcho já conhecida e explorada pelo adversário. Assim, quando Dudu recuou e Filipe Luís o acompanhou até a intermediária, o espaço se ofereceu para Gustavo Gómez lançar Mayke.
O camisa 12, atuando como ala no lugar do titular Marcos Rocha, suspenso, invadiu a área e deu passe preciso para Raphael Veiga chegar livre, já dentro da área, finalizar e balançar a rede adversária. Palmeiras na frente aproveitando-se de sua característica também já conhecida: a transição rápida.
O TÉCNICO
"Então nasceu o técnico, com a missão de evitar a improvisação, controlar a liberdade e elevar ao máximo o rendimento dos jogadores, obrigados a transformar-se em atletas disciplinados", escreveu Eduardo Galeano.
E foi justamente o que fez Abel Ferreira diante de um Flamengo no qual sobra qualidade individual, mas falta o coletivo. Após o gol, o time de Renato Gaúcho teve a bola, mas teve dificuldades para superar a "defesa que ninguém passa".
É claro que, nos 45 minutos iniciais, Gabigol, Arrascaeta & Cia arrumaram espaços, mas demorou. A primeira finalização foi aos 18, com Gabi cabeceando para fora. A melhor chance da primeira etapa foi aos 42, com o camisa 9 saindo da área e servindo Bruno Henrique na segunda trave, em jogada já habitual. O atacante escorou para Arrascaeta, que finalizou para a defesa de Weverton.
GOL DE GABIGOL
Foi aos 26 minutos. O Flamengo, desde a volta do intervalo, empurrava o Palmeiras para o seu campo de defesa e, nas bolas paradas e aéreas, ameaçava a meta de Weverton - que passava a se desenhar como herói do Alviverde. Contudo, o artilheiro apareceu para deixar tudo igual - após ter desperdiçado duas chances.
Ao tabelar com Arrascaeta, Gabigol recebeu passe açucarado e bateu rasteiro, surpreendendo Weverton e estufando a rede. Tudo igual no Estádio Centenário e emoções guardadas para os minutos finais da decisão - que ganhou mais 30 minutos com a insistência da igualdade no placar no tempo regulamentar.
Aos 40, em novo passe de Arrascaeta, Michael ficou cara a cara com o goleiro do Palmeiras, mas a finalização foi para fora. Nesse momento, a prorrogação já era bom negócio para o time de Abel Ferreira, que caiu demais após as saídas de Danilo, por cansaço, e Dudu.
O ÍDOLO
"E um belo dia a deusa dos ventos beija o pé do homem, o maltratado, desprezado pé, e desse beijo nasce o ídolo do futebol. (...) "A bola o procura, o reconhece, precisa dele. No peito de seu pé, ela descansa e se embala. Ele lhe dá brilho e a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam."
Em Montevidéu, a bola procurou Deyverson aos quatro minutos da prorrogação. Em sua primeira participação no jogo, o atacante acreditou no erro de Andreas Pereira, que veio. Assim, restou ao camisa 9 invadir a área e finalizar na saída de Diego Alves. O gol, acompanhado do choro de Deyverson, fez a torcida que canta e vibra "delirar, o estádio Monumental se esquecer que é de cimento, se soltar da terra e ir para o espaço", como Galeano já descreveu.
O que aconteceu nos minutos finais da partida foram meros detalhes. O Palmeiras suportou a pressão (desorganizada) do Flamengo, que empilhou atacantes em campo, mas não conseguiu superar a defesa rival. A festa, em Montevidéu, foi dos palmeirenses. Um tricampeonato histórico do Palestra.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 2 X 1 FLAMENGO
Data e hora: 27/11/2021, às 17h (de Brasília)
Local: Estádio Centenário, em Montevidéu (URU)
Árbitro: Nestor Pitana (ARG)
Assistentes: Juan Bellati (ARG) e Gabriel Chade (ARG)
VAR: Julio Bascuñan (CHI)
Gols: Raphael Veiga (1-0, 5'/1ºT), Gabriel Barbosa (1-1, 26'/2ºT) e Deyverson (2-1, 4'/1ºP)
Cartão amarelo:  Piquerez, Gustavo Gómez e Felipe Melo (PAL); Rodrigo Caio, Gabriel Barbosa, Arrascaeta (FLA)
Cartão vermelho: Não houve.
PALMEIRAS (Técnico: Abel Ferreira)
Weverton; Mayke (Gabriel Menino, 15'/1ºP), Gustavo Gómez, Luan e Piquerez (Felipe Melo, 7'/2ºP); Danilo (Patrick de Paula, 24'/2ºT), Zé Rafael (Danilo Barbosa, 36'/2ºT), Gustavo Scarpa e Raphael Veiga (Deyverson. 0'/1ºP); Dudu (Wesley, 31'/2ºT) e Rony.
FLAMENGO (Técnico: Renato Gaúcho)
Diego Alves; Isla (Matheuzinho, 33'/2ºT), Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís (Renê, 30'/2ºT); Willian Arão, Andreas Pereira (Pedro, 5'/2ºP), Everton Ribeiro (Michael, 17'/2ºT) e Arrascaeta (Vitinho, 5'/2ºP); Bruno Henrique (Kenedy, 0'/1ºP) e Gabigol.

Por Matheus Dantas
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