Ele nasceu na então pacata e arborizada cidade de João Pessoa, precisamente no dia 11 de outubro de 1935, teve o privilégio de crescer e morar até hoje no bairro de Cruz das Armas, antigo celeiro de bons jogadores de futebol. Os seus pais o registraram como PEDRO CARLOS DE MACEDO, mas para o mundo da bola ele ficou conhecido como “Pedrinho do Central”.
Quando criança, Pedro jogou no antigo time da Cruzada, na posição de half direito, expressão inglesa que designava o antigo lateral direito que hoje é chamado de ala. Quem o viu jogar lembra que ele era um defensor esforçado, leal e que jogava para a equipe. Mas a sua história só seria escrita a partir do dia 31 de março de 1973, quando ele trabalhava no mercado central e resolveu criar a Sociedade Esportiva Central, equipe amadora de futebol que viria a ser o alicerce e o caminho para várias gerações de crianças e adolescentes de nossa capital.
Com as cores preta e branca e com a sua sede funcionando na rua São Luiz, nº 219, Cruz das Armas, em sua própria residência, Pedro tratou logo de regularizar o clube publicando os seus estatutos no Diário Oficial do Estado e em seguida registrando-o na Federação Paraibana de Futebol, então presidida pelo honrado Genival Leal de Menezes. Ao lado da sede do clube, havia um enorme terreno plano pertencente à fábrica de cimento ali instalada. E foi nesse local onde o abnegado Pedro marcou, gramou, colocou as traves e instalou o campo - com dimensões oficiais - que foi por muitos anos utilizado pelas equipes infantil, juvenil e amador do então temido Central de Cruz das Armas.
Em 1975, a Sociedade Esportiva Central participou do Esportes para Todos, uma competição infantil organizada pela Rede Globo de Televisão, realizada no campo do 1º Grupamento de Engenharia, quando brilhantemente conquistou o título de campeão invicto. Já em 1977, o Central conquistou o disputado título de campeão juvenil patrocinado pela Federação Paraibana de Futebol, em uma época em que as nossas equipes juvenis eram de excelente qualidade e tinham no Botafogo, no Santos de Tereré, no Íbis de Dimas e no Central de Pedrinho as equipes de destaques.
Uma peculiaridade da equipe do Central, era o fato de jogar todos os finais de semana, mesmo quando não havia competição oficial, participando de torneios e realizando jogos amistosos em vários campos existentes na outrora João Pessoa. O seu ferrenho adversário era a equipe do Estudantes, equipe que também existia no Bairro de Cruz das Armas. Seu Pedrinho era fundador, presidente e treinador dos quadros juvenil e amador, já o seu amigo Zé Otávio treinava as crianças e o time infantil. A filosofia era jogar bola, sempre na bola, nunca no adversário. Jogadas desleais não eram incentivadas e nem permitidas no Central de Pedrinho. Mais de oitocentas crianças passaram por aquela escola da bola e da vida, meninos de todos os bairros da cidade procuravam o campo do Central, ali ocupavam a mente, o tempo e recebiam variados ensinamentos para observarem por toda uma vida.
E como não poderia deixar de ser, onde a terra é semeada com amor e devoção os bons frutos brotam de suas entranhas. Ali chegaram crianças como Shell, que posteriormente foi centroavante do Botafogo Futebol Clube. Ivan, centroavante que defendeu as cores do Santa Cruz do Recife, Ferroviário de Fortaleza e que jogou em Portugal. Carlinhos Paraíba e Yrlan Mota, zagueiros. Por último citaremos os excelentes profissionais e seres humanos que jogavam no meio de campo Washington Lobo e Betinho que vestiram as camisas das grandes equipes da Paraíba e de outros estados.
Quando foi na década de oitenta, o campo foi extinto e a Sociedade Esportiva Central também. Hoje, com mais de oitenta e cinco anos de idade, Pedrinho senta em uma cadeira de balanço, pega recortes e fotografias para relembrar com saudade daquela época em que se vivia para o futebol, diferentemente dos dirigentes de hoje que vivem do futebol.
Para nós torcedores, cronistas e desportistas paraibanos, ficou a certeza de que o senhor PEDRO CARLOS DE MACEDO, o popular “Pedrinho do Central”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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