O Certificado de Clube Formador (CCF), concedido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), tornou-se um documento cobiçado pelos clubes brasileiros. Todo o investimento na formação dos jogadores ainda é um esforço visto como prioritário para alguns dirigentes, que visam retorno esportivo, financeiro, e agora, de forma reconhecida e valorizada pela entidade.
O gerente de futebol Júnior Chávare, tem experiência com trabalhos voltados à captação e formação de atletas ao profissional. Com passagens vitoriosas pelo Grêmio e São Paulo, em fevereiro deste ano, deixou a coordenação das categorias de base do Atlético Mineiro, após dois anos no cargo, se despedindo com a inédita taça de campeão Brasileiro Sub-20. Atualmente no Bahia, ele reconhece a importância do certificado.
“Receber esse documento comprova que o clube cumpre com os principais requisitos visando a formação dos atletas. É importante que as instituições se organizem para garantir esse selo de qualidade, porque todos os ganhos no futuro compensam o investimento realizado na base”, contou o diretor de futebol do clube baiano, que, apesar de estar mais próximo do time profissional, segue investindo na base e no time de transição (sub-23).
O futebol brasileiro é um mercado visado e a saída precoce de atletas é cada vez mais recorrente. No início do ano, o Fluminense encaminhou a venda do atacante Kayke, de 17 anos, ao Manchester City (ING), que será transferido em 2022. Nos últimas temporadas, atletas foram vendidos antes mesmo de completar 18 anos, caso de Vinícius Júnior, revelado pelo Flamengo, e Rodrygo, cria da base do Santos. Ambos foram transferidos para o Real Madrid (ESP)
Diante desse cenário de concorrência com outras ligas e mercados importantes para levar os talentos do território nacional, o olhar mais atento dos dirigentes aos jogadores revelados na base é inevitável. O diretor-executivo Marcelo Segurado, com passagens por Goiás e Ceará, entende que o CCF traz algumas vantagens no aspecto de proteção para uma eventual venda. “Há uma segurança maior aos seus jogadores jovens, com menos de 16 anos, que ainda não podem fazer contrato profissional, mas podem fazer um contrato de formação e trazer proteção jurídica”, acrescenta.
O Certificado de Clube Formador dos clubes tem de ser renovado anualmente, e, para conseguir a continuidade, é necessário cumprir alguns compromissos. De acordo com a CBF, a padronização de qualidade é essencial: uniforme de jogo e treino aos atletas, assistência psicológica, médica e custeamento de transporte são alguns dos quesitos essenciais. Segurado frisa que, além da estrutura e recursos fundamentais para prática do esporte, é importante que os clubes garantam o suporte para a formação humana e educacional dos atletas.
“A ideia é formar um profissional, mas mais que isso, um cidadão. É importante que não fiquem somente na parte teórica e realmente façam jus à certificação. O CCF vem para mostrar, dentro de um contexto, que a instituição tem um selo de qualidade para atleta”, argumenta Segurado.
Na elite do futebol brasileiro, há exemplos de clubes que receberam o certificado recentemente, caso do Fortaleza. Em 2020, o presidente Marcelo Paz recebeu de Rogério Caboclo, então presidente da CBF, o documento que atesta a evolução do trabalho nas categorias de base. Paz pontuou alguns quesitos importantes do Certificado.
“Ao receber o certificado, o Fortaleza passou a ter maior proteção para os jovens jogadores. É uma conquista da nossa categoria de base e uma marca de credibilidade no mercado, junto aos atletas e agentes”.
O gerente administrativo do Internacional, Raul Fachini, explica que o certificado valida os contratos de formação. “É um diferencial de mercado. O CCF tem a vigência de classificação com status A, ou seja, o clube se torna um centro de referência de formação”, concluiu.
O título concedido pela CBF garante não só a qualificação na formação dos jogadores, como também a garantia de direitos especiais. "O certificado é uma ferramenta essencial para os clubes de futebol que pretendem investir fortemente nas categorias de base. Sem ele, os investimentos se tornam mais arriscados, já que a instituição fica sem o direito de buscar compensação por formação caso o atleta, sem vínculo profissional, se transfira para outra equipe do Brasil sem a concordância do formador", esclarece Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo.
UOL
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