Ele nasceu na histórica terra dos índios Potiguaras, a belíssima cidade da Baía da Traição, Estado da Paraíba, precisamente no dia vinte e quatro de novembro do ano de mil novecentos e cinquenta e seis. Os seus pais o batizaram como Severino Guedes Vidal, mas para o mundo da bola ele ficou conhecido como o “lateral Ramos”.
Quando ainda jogava nas categorias de base do Nacional Atlético Clube, da cidade portuária de Cabedelo, Ramos jogava no meio de campo envergando a disputada camisa dez da equipe praieira.
E foi na extinta equipe da cidade onde o sol se põe ao ritmo do bolero de Ravel, em 1980, que Ramos iniciou a sua carreira de jogador profissional. Os elogios por parte da imprensa falada e escrita logo surgiram enaltecendo as qualidades técnicas daquele atleta.
Ao sair do Nacional Atlético Clube, Ramos foi integrar o elenco do Auto Esporte Clube, época em que o clube do povo era treinado pelo competente Zé Lima e possuía em seu plantel atletas experientes como João Carlos, Vandinho, Vavá, Nascimento e Da Silva mesclados com o vigor e a vontade de jovens atletas que estavam iniciando a carreira.
Em uma disputada partida contra o Treze Futebol Clube, em Campina Grande, o lateral esquerdo do Auto Esporte Clube foi expulso e o então treinador, Leonecy Santos, pediu para Ramos se deslocar e assumir aquela posição até o final do jogo. Após o apito final, os elogios foram muitos ao seu desempenho e versatilidade naquela faixa do campo. Na partida seguinte, o técnico manteve Ramos na lateral esquerda e ele foi escolhido o melhor jogador em campo.
Daquela data em diante, o nosso futebol perdia um ótimo meio campista e ganhava um excelente lateral esquerdo, que defendia com segurança e apoiava com bastante facilidade e competência. Ramos defendeu as cores alvirrubras por quatro temporadas.
Depois de ser um dos destaques do clube dos motoristas, Ramos foi contratado para jogar no Botafogo Futebol Clube, time que defendeu por várias temporadas e que lhe deu oportunidade de disputar o campeonato brasileiro. Nessa época, as tradicionais equipes do país, como o Santos Futebol Clube e o Cruzeiro Esporte Clube, não levaram o seu futebol para o sul em virtude de uma contusão que atrapalhou a sua carreira.
A torcida do Belo lembra com saudade daquele time composto por excelentes jogadores como Pedrinho, Victor Hugo, Zito, Julival, Benazzi, Paulinho, Fernando Baiano, Amaral, Miro Oliveira, Carioca, Ramos e tantos outros.
Ramos também jogou nas equipes do Sport Clube do Recife, Ferroviário Atlético Clube, de Fortaleza, e no ABC Futebol Clube, de Natal. Clubes que enriqueceram o seu currículo e aumentaram o seu círculo de amizades.
Quando foi treinado por Ênio Andrade no Sport Clube do Recife, Ramos teve a oportunidade de jogar novamente com o falecido ponteiro esquerdo Escurinho, companheiro seu de longas datas no futebol paraibano.
O nosso homenageado foi campeão estadual por duas vezes, uma com a camisa do Botafogo Futebol Clube, em 1986, a outra vestindo o manto do ABC Futebol Clube, em 1990. Nas duas oportunidades o seu treinador foi o professor Mauro Fernandes.
Quando foi no ano de 2000, Ramos pendurou as suas famosas chuteiras defendendo a equipe que o lançou para o mundo da bola, o Nacional Atlético Clube, de sua querida cidade de Cabedelo, aceitando o convite do amigo Lúcio, na época jogador e presidente do clube.
Para nós torcedores, desportistas e cronistas ficou a certeza de que Severino Guedes Vidal, o popular “Ramos”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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