Bola Drible n° 5 (Foto: Divulgação) |
Na manhã do dia 5 de dezembro de 1965, um domingo, os craques do Ypiranga viveram um momento muito especial. Antes do horário habitual a turma já estava reunida no conhecido Campo do Esporte da Chã de Oitizeiro, localizado onde anos depois foi edificada a Igreja Mãe dos Pobres, no Jardim Planalto, que na época era uma área deserta e coberta por um resquÃcio da mata atlântica. Saindo do Bairro dos Novais para chegar lá se passava por uma estreita vereda em meio ao matagal.
Era um campo grande, plano e todo gramado. Diziam que as traves tinham as dimensões oficiais. As linhas laterais eram rentes ao matagal onde era comum a bola cair e desaparecer.
Coronel PM/PB João Batista de Lima (Foto: Divulgação) |
Enquanto o time adversário não chegava, fizemos um circulo e ficamos fazendo um controle de bola. Cada uma tentava fazer uma embaixadinha, mas tinha dificuldades com o peso da bola. De vez em quando um pegava a bola e sai correndo pra longe e da lá dava um chutão em nossa direção, simulado um tiro de meta ou um uma cobrança de escanteio. A empolgação era geral.
Os caras chegaram. Entramos em campo na maior expectativa. Meu companheiro de zaga era o Center half Jaime, um hábil rebatedor e temido nas bolas divididas. A nossa missão, nada fácil, era marcar Chico, o Center four do Fluminense, e que anos depois se tornou Chico Matemático, o maior artilheiro de todos os tempos do Botafogo.
Na primeira rebatida de Jaime, a bola caiu no matagal e foi uma correria do nosso time para acha-la.
Quando terminou o jogo, Doidinho, o nosso goleiro, fez carreira pra pegar a bola que estava com um cara do Fluminense no outro lado do campo. Botou a pelota debaixo do braço e voltou para o nosso campo, onde continuamos na brincadeira de fazer o controle de bola. Já era quase meio dia.
Perdemos por dois a zero. Gols de Chico.
Mas o placar não nos interessava. A maior atração do dia era a inauguração de uma bola de couro, drible, nº 5, comprada com uma cota feita pelo nosso time, na Loja de Ignácio Vinagre, na Rua Maciel Pinheiro, esquina com a Rua Barrão do Triunfo. Para nós, começava o fim dos tempos das bolas de borracha.
* Este artigo foi escrito pelo amigo João Batista de Lima, Coronel PM/PB, um dos protagonistas da estória acima narrada.
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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