Em evento no fim da noite desta segunda-feira, o Corinthians iniciou seu aniversário com o anúncio da venda dos naming rigths da Arena, em Itaquera, para a Hypera Pharma, companhia do ramo farmacêutico. O contrato é de 20 anos.
Os valores da negociação foram mantidos sob sigilo, mas a reportagem do ge apurou que será de R$ 300 milhões pelo direito de dar nome ao estádio do Timão. Um ganho estimado de R$ 15 milhões ao ano, como contou o colunista Rodrigo Capelo.
Com uma lista extensa de produtos e outras marcas em seu catálogo, a Hypera escolheu como nome do estádio Neo Química Arena. É com esse "batismo" que a casa do Timão amanhecerá no aniversário de 110 anos do clube, nesta terça-feira.
O anúncio foi feito pelo presidente Andrés Sanchez e por Breno Oliveira, CEO da Hypera. Uma entrevista coletiva está prevista para a manhã desta terça e deve dar mais detalhes sobre o acordo, com as presenças de Andrés e representantes dos departamentos administrativo, jurídico e de marketing.
Por volta de 0h, o novo logo da Arena foi revelado, e uma bateria de fogos celebrou a parceria e também os 110 anos do Timão.
A Neo Química foi patrocinadora máster do Corinthians em 2010 e 2011, quando Ronaldo vestia a camisa do clube.
A Arena foi fundada em 2014, para ser usada na Copa do Mundo. Desde 2010, ainda no projeto do estádio, o clube busca uma empresa para dar nome à construção. Foram anos de espera.
Neste período, o presidente corintiano, Andrés Sanchez, liderou inúmeras tentativas de fechar a venda do nome da Arena, sempre tratando o tema com bastante otimismo, mas, até então sem sucesso. O acerto é visto como uma grande conquista. Relembre histórias da saga dos naming rights clicando aqui.
Nos últimos dias, o cartola usou sua conta no Twitter para agitar a Fiel torcida com o anúncio iminente, tratando o tema com humor e uma pitada de ironia.
O evento
O Corinthians usou o aniversário de 110 anos do clube para dar o presente à Fiel torcida. Na noite desta segunda-feira, o ator Dan Stulbach e o ex-goleiro Ronaldo Giovanelli apresentaram o evento, que também contou com algumas participações especiais como a da cantora Negra Li. Andrés e o diretor de futebol Duílio Monteiro Alves foram entrevistados e falaram sobre a Arena e também assuntos relativos ao futebol. Depois, o nome foi anunciado ao som de fogos por todo o estádio.
Conheça a Hypera Pharma
Com sede no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo, a Hypera Pharma tem a maior receita líquida do país no segmento farmacêutico, com um faturamento previsto para 2020 ao redor de R$ 4 bilhões. O lucro líquido previsto para o mesmo período é de R$ 1,3 bilhão.
É também a maior indústria farmacêutica do Brasil.
A empresa foi fundada em 2000 pelo empresário João Alves de Queiroz Filho. Com o passar dos anos, ele comprou marcas conhecidas do público, como a malha de aço Assolan e a rede de laboratórios Neo Química. Para financiar as aquisições e os projetos da companhia, João recebeu investimentos de parceiros privados, como Capital International e Maiorem.
Além disso, a Hypermarcas (nome usado até dezembro de 2017) abriu capital na Bolsa de Valores de São Paulo em abril de 2008.
Mas, afinal, o que são naming rights?
Numa livre tradução do inglês, é o direito de dar nome a algo. Neste caso, à arena do Corinthians. Bastante popular nos Estados Unidos, a venda de nome tem se tornado comum também no Brasil nos últimos anos. Além de arenas de futebol, como a do Palmeiras, empresas pagam cifras milionárias para batizar casas de shows, teatros, eventos e festas.
Dará para pagar a Arena?
A venda dará uma ajuda enorme para o Corinthians pagar a dívida pela construção do seu estádio, mas ainda assim não quitará todo o financiamento da obra. Atualmente, a Caixa Econômica Federal cobra R$ 536 milhões do Timão. O clube também tem uma dívida com a Odebrecht, companhia que está em processo de recuperação judicial. Porém, segundo o presidente Andrés Sanchez, já há um acordo para que esse débito seja zerado.
E como foi a saga?
A novela dos naming rights já tem pelo menos dez anos e contou com viagens do presidente Andrés Sanchez aos Emirados Árabes, um intermediário polêmico e festas frustradas.
Logo quando começou a desenhar o plano para viabilizar a Arena, o Corinthians acreditava que poderia pagar a obra quase integralmente com a venda dos naming rights. Em 2010, quando o projeto foi anunciado, o Timão estimava que a obra custaria até R$ 350 milhões. Como se sabe, o valor total foi bem maior, próximo de R$ 985 milhões.
Mesmo longe do clube, ele se manteve à frente das negociações relativas à Arena. Tanto é que viajou em 2013 para os Emirados Árabes Unidos para conversar com potenciais compradores dos naming rights. Especulava-se na época que Andrés negociava com quatro empresas, sendo as companhias aéreas Etihad e Emirates as favoritas.
Em 2014, o cartola voltou a divulgar uma viagem à região, mas não conseguiu fechar a venda.
O presidente alvinegro não foi o único representante do Corinthians a ir para o Oriente Médio em busca de um comprador para os naming rights. Entre 2014 e 2016, o Timão pagou pelo menos R$ 200 mil para o empresário Francesco Arruda intermediar negociações na região.
Ao GE, Arruda declarou ter recebido R$ 700 mil do Corinthians em reembolsos com custos de passagens e hospedagem em Dubai, Abu Dhabi e Doha. Na época em que a reportagem foi publicada, o clube confirmou ter feito pagamentos a ele, mas negou este valor.
Depois, em outro contexto, o Corinthians trabalhou para fazer um evento para celebrar a venda dos "naming rights" na estreia no Brasileirão de 2016, que também não ocorreu.
Na ocasião, o clube negociava com um fundo de investimento que poderia assumir a gestão do programa Fiel Torcedor e outras propriedades ligadas à Arena, como o tour e camarotes. No modelo de negócios, o comprador não mudaria o nome do estádio.
Dez anos depois das primeiras promessas, enfim, o negócio foi sacramentado.
Por Redação GE
São Paulo
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