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terça-feira, 21 de julho de 2020

Entenda por que a CBF vetou dois jogadores do Botafogo-PB que estavam liberados pela FPF

Para a retomada do futebol, o Botafogo-PB vem realizando regularmente uma bateria de exames — Foto: Divulgação / Botafogo-PB
Após os cinco primeiros jogos da retomada do Campeonato Paraibano, alguns atletas já estão afastados por terem testado positivo para coronavírus. Os casos mais recentes foram de dois jogadores do Botafogo-PB: os volantes Everton Heleno e Wellington Cézar. A questão é que, no episódio do Belo, único time paraibano que disputa uma competição CBF no momento, a Copa do Nordeste, ficou bem evidente a diferença no rigor do protocolo da entidade nacional em relação ao da Federação Paraibana de Futebol (FPF).
Nessa segunda-feira, o Botafogo-PB confirmou que os dois jogadores não encaram o Vitória nesta quarta-feira, pela última rodada da primeira fase da Copa do Nordeste. Por conta do protocolo da CBF, que banca uma testagem bem mais confiável cientificamente falando, o RT-PCR, antes de cada rodada de competições nacionais, os dois jogadores testaram positivo e estão vetados da partida.
O detalhe mais preocupante é que Wellington Cézar e Everton Heleno jogaram pelo Campeonato Paraibano nos últimos dias. Cézar e Heleno jogaram na última quinta-feira, quando o estadual foi retomado, com a partida entre Botafogo-PB e Campinense. No último domingo, apenas Wellington Cézar esteve em campo no empate do Belo com o Sousa no Sertão.
Jogadores testaram IgG positivo em junho
Nessa segunda-feira, o Botafogo-PB oficialmente anunciou que os atletas estavam vetados para a partida contra o Vitória. Mas só quase um mês depois da primeira testagem feita no elenco, o clube divulgou que Wellington Cézar e Everton Heleno haviam testado positivo para o IgG.
No teste sorológico, que foi o feito pelo Belo em seus funcionários, dirigentes e jogadores a partir do dia 23 de junho em virtude da volta dos treinamentos marcada para o dia 29 do mesmo mês, se tira o sangue do paciente para que seja feita uma análise da presença ou não de anticorpos que atuam contra o vírus.
O IgM é um anticorpo mais associado a uma exposição recente ao vírus. Se constatada a presença de IgM no exame, se conclui que a pessoa está com a infecção e pode ter potencial enorme de transmissão do vírus. Já se só o IgG der positivo, significa que o paciente teve contato com a doença provavelmente há mais de três semanas e que dificilmente possa transmitir o vírus. Como o vírus é ainda pouco conhecido nenhuma dessas conclusões é definitiva ainda.
Médico botafoguense: "Não há riscos"
Desde o início das testagens, o Botafogo-PB divulgou que nenhum de seus dirigentes, jogadores, funcionários e comissão técnica testou positivo. Nessa segunda-feira, com o veto dos atletas por conta da testagem positiva no exame do RT-PCR (mais preciso), realizado pela CBF antes de cada rodada da Copa do Nordeste, que volta nesta terça-feira, o chefe do departamento médico do clube, Glauber Novaes, resolveu falar da primeira testagem positiva no exame sorológico.
Segundo o chefe do departamento médico do Botafogo-PB, Glauber Novaes, já no primeiro teste do elenco, os exames dos dois atletas botafoguenses deu reagentes para IgG. Ele defende, no entanto, que os jogadores não têm potencial para transmitir o vírus, visto que, em testes anteriores, houve a constatação apenas do IgG presente nos organismos dos volantes alvinegros.
- Fizemos exames sorológicos no dia 25 de junho. Eles (Everton Heleno e Wellington Cézar) já tinham a defesa da Covid-19, o IgG positivo. Repetimos esses exames (no dia 13 de julho) e deu da mesma forma. Porém, a CBF pediu o PCR e deu positivo. Por um protocolo da CBF, eles vetaram qualquer pessoa que tivesse resquício de contato com o vírus. Eles não estão com doença ativa. Se estivessem, os outros estariam contaminados - explicou o médico.
Especialistas fazem alerta
O GloboEsporte.com entrou em contato com dois especialistas em saúde, que estão acompanhando diariamente os debates sobre o novo coronavírus e a doença causada por ele, a Covid-19. Tanto o médico infectologista, Fernando Chagas, quanto o farmacêutico e diretor o Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lancen-PB), Bergson Vasconcelos, explicam que o mais provável é que tenha havido falsos positivos nos testes sorológicos nos atletas, e que o RT-PCR esteja correto.
De acordo com Bergson, com a testagem do RT-PCR dando positivo, é possível que os atletas possam sim transmitir o vírus.
- O que pode ter acontecido é um falso positivo para IgG desses jogadores, e aí, quando fizeram o teste do RT-PCR, detectaram a presença do vírus no pavilhão nasal. Embora estejam assintomáticos, devem ficar em quarentena por 14 dias. O que a biologia molecular faz é saber a presença do vírus. Esse teste não tem como dizer se o vírus está vivo ou morto, se pode ou não transmitir. Isso não existe (cravar que não pode mais transmitir). É uma dedução dele (do médico do Botafogo-PB) - explicou o farmacêutico.
FPF defende protocolos
O protocolo de retomada da Federação Paraibana de Futebol (FPF) obriga os clubes a enviarem à entidade os resultados dos exames sempre que são feitos (exames do tipo IgG e IgM). Nesse protocolo, há uma previsão de que os clubes façam testagens apenas antes da volta aos treinos, que aconteceu a partir do dia 29 de junho. Não há necessidade, no documento pelo menos, de que os clubes façam testagens antes de cada rodada, embora, informalmente, a FPF tenha pedido aos clubes.
Algumas agremiações têm feito exames antes de todo jogo, caso do Botafogo-PB, que já disputou duas partidas do Campeonato Paraibano nessa retomada do futebol. O Belo, por exemplo, faz testes sorológicos que conseguem diferenciar os reagentes de IgG e IgM. Outros clubes, no entanto, fizeram testes rápidos, em que não há a distinção (nesse caso, se um dos reagentes der positivo, o resultado do exames já se apresenta como positivo).
Segundo a FPF, no caso dos testes rápidos que dão positivo, a entidade veta a participação do indivíduo em partidas do Campeonato Paraibano. Já no teste sorológico que diferencia os reagentes, a entidade libera a participação desde que apenas o IgG dê positivo.
O protocolo da FPF, no entanto, versa que o atleta que for testado positivo precisa ser afastado das atividades e ser monitorado. Em caso de sintomas nos próximos sete dias, a entidade exige que seja feito um teste do tipo RT-PCR.
A presidente Michelle Ramalho se mostrou preocupada com a repercussão do fato e defendeu os protocolos adotados pela FPF. Ela lembrou que todas as orientações para a retomada do estadual foram aprovadas pelos departamentos médicos de todos os clubes, pelas autoridades de saúde (do Estado e dos municípios) e pelo Ministério Público. Michelle também ressaltou que os testes sorológicos são utilizados por praticamente todas as federações com a anuência da CBF.
- Adotamos um protocolo que é utilizado na maioria do estados e até na Europa. Recebemos os testes de todos os jogadores que entram em campo, e todos têm obrigatoriamente que dar resultado negativo. Além disso, é feito um acompanhamento com os departamentos médicos de cada clube, que avaliam o dia a dia dos jogadores. Há ainda uma rígida aferição na temperatura dos jogadores na entrada do estádio, no dia da partida - explicou a mandatária da FPF.
Para o médico Fernando Chagas, de fato, com o exame dando positivo apenas para o reagente do IgG, não é preciso afastar os jogadores dos treinamentos, visto que isso quer dizer que os atletas não transmitem mais a doença.
- Só com o IgG não precisa afastar. O que precisaria afastar era só se desse o IgM isolado. O IgG é contato antigo. Até porque o IgG pode ficar por três meses no organismo - comentou.
Testes rápidos são precisos?
A diferença maior entre o protocolo da CBF e o da maior parte das federações - incluindo a paraibana - é nas testagens. As federações exigem apenas testes rápidos, enquanto que a entidade nacional requer testes RT-PCR.
Por conta disso, os jogadores do Botafogo-PB, que participaram de partidas pelo estadual, podem ter jogado, mesmo que assintomáticos, com potencial alto de transmissão do coronavírus. Wellington Cézar, por exemplo, jogou em João Pessoa, contra o Campinense, e viajou para jogar contra o Sousa, em Sousa.
O diretor geral do Lacen-PB lembra que os testes rápidos e o sorológicos não são os mais indicados para cravar a presença do vírus nos atletas. Falsos negativos e falsos positivos têm sido recorrentes, segundo Bergson Vasconcelos, nas testagens.
- Sobre o teste rápido, em que a gente fura o dedo, existem estudos que falam sobre falsos negativos. Os laboratórios fazem também com soro, que é um teste rápido feito no soro. Tem muitos testes no mercado que não são confiáveis. O teste RT-PCR é padrão ouro, mais confiável - explicou Bergson.
O exame RT-PCR busca vestígios do DNA do coronavírus nos interiores do nariz e da boca do paciente. O teste consegue identificar se há material genético, o RNA, do vírus na pessoa. Isso ainda não quer dizer que o paciente está com a Covid-19, porque o vírus pode não se manifestar e até nem existir mais no organismo. Mas dá um indicativo mais claro de contato atual ou próximo da pessoa examinada com o vírus.
Por esse princípio, o chefe do departamento médico do Botafogo-PB, Glauber Novaes, alerta que o RT-PCR não deve ser considerado por si só para a liberação do paciente e, apesar de mais preciso, não indica que uma pessoa esteja realmente com o coronavírus ativo.
- É cada vez mais comum a necessidade de exames complementares. O RT-PCR pode acusar vestígios de um vírus, mas não necessariamente indicar que ele está ativo. Por isso, as testagens sorológicas servem para complementar o diagnóstico. A CBF optou por considerar apenas o RT-PCR, descartando a possibilidade do vírus inativo ou atenuado. É uma precaução maior. Mas posso dizer que muitos pacientes que dão positivo para o RT-PCR já estão curados. Inclusive isso foi tema de muito debate. O certo mesmo é a combinação dos exames e o acompanhamento no dia a dia - avaliou.
Apesar da certeza do médico do Botafogo-PB de que os atletas não mais podem transmitir o vírus mesmo com o RT-PCR tendo dado positivo, a orientação é que Everton Heleno e Wellington Cézar fiquem isolados por 14 dias. O clube, no entanto, ainda não confirmou oficialmente se vai adotar esse procedimento.

Por GloboEsporte.com 
João Pessoa

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