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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Em carta, dirigentes de base do Brasil cobram apoio e questionam cancelamento de competições

Carta aberta de dirigentes das categorias de base do futebol brasileiro — Foto: Divulgação
Em carta entregue nesta quinta-feira às federações estaduais e à Confederação Brasileira de Futebol, representantes das divisões de base de diversos clubes manifestam preocupação com medidas que têm sido especuladas para a categoria em meio à pandemia da Covid-19.
No texto, o Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB), que conta com dirigentes de clubes das Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, alerta para os riscos dessas decisões.
O MCFFB vêm, à unanimidade, manifestar a sua enorme preocupação em relação ao prejuízo irreparável que pode ser suportado por todos esses atletas e pelos profissionais envolvidos na sua formação caso sejam adotadas medidas precipitadas que resultem no cancelamento sumário das competições estaduais e nacionais nesse momento – diz trecho da carta aberta.
Nela, os dirigentes destacam o risco de demissões em massa e da "perda de espaços seguros para a formação de jovens para e através do futebol - o que seria um prejuízo sem tamanho à prosperidade de curto, médio e longo prazo do nosso maior ativo cultural, o futebol brasileiro".
A carta reforça ainda que, apesar das dificuldades financeiras enfrentadas em todo o mundo no momento, a base representa em média 5% do orçamento dos clubes e que o setor futuramente servirá ainda mais como apoio a elencos profissionais.
Veja o texto na íntegra:
O Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) se solidariza com as mais de 13 mil mortes de brasileiros e brasileiras e, assumindo a sua responsabilidade na formação integral de centenas de jovens nas entidades esportivas nas quais atuam, vem, por este comunicado, posicionar-se em relação ao momento do futebol mundial devido à pandemia gerada pelo COVID-19.
O MCFFB enfatiza que só defenderá a volta dos treinamentos e das competições oficiais quando protocolos de medidas preventivas puderem garantir a saúde e segurança às crianças, aos jovens e aos demais profissionais vinculados aos clubes e ao futebol de base.
Diante desse cenário, e visando preservar a continuidade da grande responsabilidade social assumida em benefício de milhares de jovens que iniciam a trajetória esportiva, todos os mais de 50 Clubes que formam hoje o MCFFB vêm, à unanimidade, manifestar a sua enorme preocupação em relação ao prejuízo irreparável que pode ser suportado por todos esses atletas e pelos profissionais envolvidos na sua formação caso sejam adotadas medidas precipitadas que resultem no cancelamento sumário das competições estaduais e nacionais nesse momento.
Para além dos danos competitivos, menos importante, tais medidas, adotadas sem uma diretriz consensual fruto de um esforço coletivo, poderão gerar uma desmobilização em clubes e atletas, culminando em demissões em massa e na perda de espaços seguros para a formação de jovens para e através do futebol - o que seria um prejuízo sem tamanho à prosperidade de curto, médio e longo prazo do nosso maior ativo cultural, o futebol brasileiro.
Deste modo, visando contribuir para auxiliar a reflexão de Clubes, Federações e apoiadores neste momento de incertezas, buscamos conscientizar o público e as entidades envolvidas na tomada de decisões para a necessidade de elaboração de um plano que permita preservar os profissionais e atletas envolvidos nas categorias de base do futebol brasileiro.
Portanto, buscando propor alternativas e mitigar as diversas especulações pelas quais o futebol de base vem passando nas últimas semanas, o MCFFB se coloca à disposição dos órgãos responsáveis nas esferas Municipal, Estadual e Federal para pensar nos melhores caminhos para a base - alicerçados e alinhados em conhecimento científico, às melhores práticas mundiais e aos direcionamentos dos órgãos responsáveis nas esferas pública e administrativa - com apoio de Clubes, Federações e Confederação.
Ressaltamos que esse é o momento de apoiar o futebol de base, não só pelo nível de excelência demonstrado por treinadores, preparadores físicos, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, entre muitos outros profissionais envolvidos, como também para manter a esperança de milhares de jovens ativos em retornar às atividades na busca por seus objetivos, gerando neles uma expectativa positiva o que favorece a saúde mental num momento tão delicado vivido por todos e evitando, assim, a falta de perspectiva e possíveis comportamentos disfuncionais.
Acreditamos fortemente que a divisão de base não apenas deve ser preservada, como poderá se converter em uma das molas propulsoras do futebol brasileiro pós-pandemia.
Isso porque, responsável por em média 5% do orçamento dos clubes, este setor servirá de apoio aos planteis profissionais, seja pelo acúmulo de jogos, seja pela necessidade de diminuição de custos, e poderá ainda gerar significativa receita pela negociação de seus jovens atletas já que o futebol de base do Brasil é o maior exportador de jogadores do mundo.
São nos jogos mais difíceis que se mostra o talento brasileiro em prol dos objetivos coletivos, dentro e fora dos campos. O futebol de base e todos que fazem parte direta ou indiretamente dele precisam (e vão!) jogar juntos para virar este jogo.
Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro

Por Marcelo Hazan e Tossiro Neto 
Globoesporte.com
São Paulo

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