Página de Revista Placar da época — Foto: Reprodução |
Você, que é torcedor do Botafogo-PB, ou mesmo que acompanha a história do futebol paraibano, já se perguntou por que o uniforme dos jogadores de linha na foto histórica da equipe que bateu o Flamengo no Campeonato Brasileiro de 1980 não tem o escudo do Belo? Pois é, o fato é que em um dos mais conhecidos capítulos da história do Alvinegro da Estrela Vermelha, o escudo do clube só saiu na foto na camisa do goleiro Hélio Show.
Aquele time do Botafogo-PB, que fez excelente campanha no Brasileirão daquele ano, ficou conhecido no país como "Matador de Tricampeões". A alcunha foi atribuída porque, além de vencer o tricampeão carioca Flamengo, o Belo também passou pelo tricampeão gaúcho Internacional. A vitória sobre o Flamengo, em pleno Maracanã, aliás foi a única derrota do time de Zico e companhia até a final do Campeonato Brasileiro, contra o Atlético-MG, antes de o Rubro-Negro se tornar campeão nacional pela primeira vez na sua história.
Em 1980, o Botafogo-PB ficou em 20º lugar, numa competição com 44 clubes. Venceu jogos importantes, mas o triunfo sobre o Flamengo perdura até hoje como um dos maiores feitos do clube. Até porque não era qualquer Fla. Era o de Zico, Adílio, Andrade, Júnior e mais outras estrelas, que naquele ano, ao se tornar campeão brasileiro, pavimentou o caminho para se tornar pela primeira vez campeão da Libertadores e do Mundial.
Dentre vários fatos inusitados naquele 6 de março, um dos mais enigmáticos é sobre o uniforme botafoguense. É que, claro, as fotos daquela partida entraram para a história. E, também óbvio, a do time posada vai ser eterna. Mas apenas o goleiro Hélio Show tem em seu peito o escudo do Botafogo-PB, que naquela altura já tinha a estrela vermelha.
Uniformes perdidos ou sugestão de João Saldanha?
São duas as histórias que tentam explicar a razão de o Botafogo-PB, em um dos seus momentos mais importantes, ter jogado com uma camisa sem escudo. A mais conhecida delas é reproduzida por Magno, ídolo do clube e meia daquele time histórico. Segundo ele, as camisas acabaram embarcando para outro lugar, e não para o Rio de Janeiro, onde aconteceu a partida.
- Viemos saber no vestiário o que tinha acontecido. A empresa aérea desviou os uniformes do Botafogo-PB. E aí foi um corre-corre para os diretores comprarem um padrão do Botafogo do Rio. Eu nunca joguei com meião cinza. A única vez que eu joguei com meião cinza foi contra o Flamengo do Rio - comentou.
Fadado mesmo a tecer a sua história dentro do campo, talvez Magno tenha reproduzido uma versão diferente do que realmente aconteceu naquele 6 de março de 1980. É essa pelo menos a tese do conselheiro alvinegro Raimundo Nóbrega, grande responsável dentro do clube de resgatar e reunir a história do Botafogo-PB.
De acordo com Raimundo, o grande responsável pelo padrão sem escudo foi João Saldanha. Isso mesmo, o jornalista e ex-técnico da Seleção Brasileira. Mas por que um dos grandes comunistas da história brasileira iria tirar justamente a estrela vermelha do Belo?
Não teve nada a ver com política. Segundo Raimundo, em uma das resenhas esportivas daquele dia, o então presidente do Botafogo-PB, Álvaro Magliano, esteve ao lado de João Saldanha, que já havia voltado a trabalhar na imprensa carioca. Em conversas no estúdio, Saldanha sugeriu que o time jogasse de listrado, para ganhar a simpatia dos torcedores do xará carioca. Naquele momento, o Belo vinha utilizando muito um padrão branco com detalhes vermelhos.
- Foi uma sugestão de João Saldanha. Ele disse isso para o presidente Álvaro Magliano e ele saiu querendo comprar os padrões alvinegros. Acredito que o time não tinha levado (o padrão alvinegro), já que o time vinha usando o branco normalmente naquele ano. Tanto é que depois dali, o time continuou usando esse padrão sem escudo em algumas partidas - comentou Raimundo.
Esse uniforme - listrado e sem a estrela vermelha -, inclusive, foi um dos escolhidos pelo GloboEsporte.com no Camisapops do Nordeste. Lá estão várias camisas de momentos históricos de alguns do principais clubes da região.
Por Pedro Alves
Globoesporte.com
João Pessoa
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