Michelle Ramalho, Walter Júnior, Sérgio Meira: dirigentes discutem o melhor momento para a retomada do Campeonato Paraibano — Foto: Divulgação / FPF |
No dia em que a CBF encaminhou ao Governo Federal o protocolo médico para a retomada progressiva do futebol no Brasil, a Federação Paraibana de Futebol (FPF) começa a se movimentar para garantir uma das mais importantes recomendações: a testagem de todos os jogadores (e seus familiares) para a Covid-19.
A presidente Michelle Ramalho sabe que essa é uma conta cara. Na videoconferência de terça-feira das federações com a CBF, o tema foi colocado em discussão. A entidade nacional não parece disposta a bancar o preço de todos os testes do país, e sugeriu que cada federação negociasse com as respectivas secretarias estaduais e municipais.
- Essa é uma condição para a volta do futebol. Sem os testes, não há como ter segurança. Por isso, vamos encaminhar ofício para a Secretaria Estadual de Saúde para tentar conseguir os testes para o futebol paraibano. Só depois disso, é que podemos pensar em uma volta gradativa - explicou a presidente da FPF.
A previsão é que a CBF publique o "Guia Médico de sugestões protetivas para retorno das atividades do futebol brasileiro" na segunda-feira, depois de ser referendado pelo Ministério da Saúde. Internamente, a diretoria da entidade nacional do futebol já tinha aprovado o protocolo, que tem mais de 20 páginas e embasou Rio de Janeiro e Santa Catarina, dois dos primeiros estados que prepararam seu planejamento.
Mas a FPF sabe que esse é apenas um primeiro passo. Muita coisa ainda precisa ser feita. Michelle Ramalho já disse mais de uma vez que qualquer retomada precisa, antes de mais nada, de ter o aval das autoridades de saúde da Paraíba. E é exatamente aí o primeiro entrave. Nesta quinta-feira, tanto o Governo do Estado, quando a Prefeitura de João Pessoa, publicaram decretos prorrogando o isolamento social.
- A orientação da CBF é esperar a liberação (das autoridades de saúde). Depois disso vamos construindo o momento exato de voltar. Assim que for liberada, vamos dar aos clubes 15 dias para que eles voltem aos treinos. E só depois disso é que vamos pensar na retomada do estadual - frisou Michelle Ramalho.
Uma das ideias defendidas pela FPF é de fazer o restante do Campeonato Paraibano numa sede única, evitando deslocamentos intermunicipais e possibilitando a testagem rápida. Nesse caso, os jogadores estariam confinados em hoteis e só sairiam de lá para os jogos. Outra vantagem é o intervalo entre as partidas poderia ser menor.
Em todos os cenários, não há previsão para a presença de torcedores nos estádios. Alguns jogadores, como o lateral Matheus Camargo, do Campinense, e o volante Dedé, do Treze, aprovam a medida. Já os dirigentes estão reticentes, e preferem esperar um pouco mais na tentativa de ver os portões abertos. Essa, por exemplo, é a posição de Walter Júnior, presidente do Treze.
Pontos do protocolo médico
O "Guia Médico de sugestões protetivas para retorno das atividades do futebol brasileiro" foi montado pela Comissão Nacional de Médicos da CBF com Nemi Sabeh Junior, médico da seleção feminina, mais os chefes dos departamentos médicos do Atlético-MG, Rodrigo Lasmar, que também é da Seleção, do Flamengo, Márcio Tannure, do Avaí, Luis Fernando Funchal, e da Ponte Preta, Roberto Nishimura. O infectologista Sergio Wey, do Hospital Albert Einstein, orientou os médicos.
Alguns dos pontos definidos no protocolo:
Testes rápidos de coronavírus - para todos jogadores e familiares, além da comissão técnica e estafe envolvido nos clubes e jogos. O documento não diz quem vai comprar os testes.
Medição de temperatura - por infravermelho na chegada dos atletas e demais envolvidos nos locais de treinamentos.
Transporte - o protocolo prevê a possibilidade dos atletas irem em carros próprios. Nos treinos, cada um, de preferência, sozinho, no deslocamento. No transporte coletivo dos clubes, o veículo deverá ser higienizado, com espaçamento mínimo de duas fileiras, alternadas entre as colunas. Com uso de máscaras e álcool gel na entrada e saída do ônibus.
Treinos com grupos separados - horários agendados para a chegada de todos. Com uso de máscaras em comissão técnica e estafe, com as reuniões necessárias realizadas por vídeo. Importante separar atletas em grupos, com distância segura entre atletas.
Questionário prévio - médicos devem identificar possíveis casos suspeitos de coronavírus através de questionário médico. Caso haja sintomas, deve realizar teste rápido e podendo ir para casa em isolamento social.
Rouparia e lavanderia - jogadores devem ir já vestidos para os treinos, com utensílios pessoais, sempre levando para lavagem em casa.
Nutrição - o atleta vai fazer hidratação e suplementação em espaço individual de treinamento no campo aberto. A alimentação será realizada em casa, com cardápio orientado por nutricionistas do clube.
Vestiários - devem ser evitados no início. Quando autorizados, usar todos vestiários disponíveis, com divisão máxima de grupos de atletas. Por exemplo, uso de vestiário de mandante, visitante e de comissão de arbitragem.
Tratamento médico e fisioterapia com cuidados especiais - priorizar atletas lesionados e em casos pós-operatórios. Evitar contato com atletas, para isso uso essencial de máscaras e luvas, com as macas sempre higienizadas. Além disso, isolamento entre postos de tratamento.
Academia - devem também ser evitadas no primeiro momento. De preferência, usar pesos livros e barras em ambiente externo, de uso individual e sempre desinfetados antes e depois do uso.
Corredor de segurança no local de treino
Contratação de empresas de desinfecção e descontaminação
Por Expedito Madruga
Globoesporte.com
João Pessoa
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