Segundo o grande poeta Olavo Bilac, “Saudade é a presença dos ausentes”. Eu humildemente acrescentaria a essa frase a expressão “que nos faz bastante falta”, ficando então a famosa frase com a seguinte redação: “Saudade é a presença dos ausentes que nos faz bastante falta”.
E nesse início do ano de dois mil e vinte me bateu um enorme saudosismo de uma época em que o nosso futebol me marcou muito, ao ponto de ao fechar os meus olhos a mente conseguir visualizar e reproduzir jogadas, dribles, chutes, defesas, comentários e condutas dos nossos desportistas de outrora.
Que saudade dos abalizados e longos comentários do cronista Ivan Bezerra, que por décadas nos proporcionou entender todas as nuances de uma partida de futebol, incluindo os detalhes extra campo. Que falta nos faz a voz do cronista Marcos Aurélio em seu fabuloso “Arquivo de Recordação” que tornava o nosso dia de domingo mais poético, histórico e prazeroso.
Dos nossos dirigentes Heder de Paula Henriques, Manoel Costeira, Valter Tereré Marsicano e Lamir Mota ex-presidentes do Botafogo, do União, do Santos e do Campinense, respectivamente, que por décadas dirigiram os destinos dos clubes citados vivendo para o futebol, diferentemente dos que hoje lamentavelmente vivem do futebol.
Saudades da postura, da ética, do compromisso e principalmente da honestidade do senhor Genival Leal de Menezes, que por muitos anos dirigiu os destinos da nossa Federação Paraibana de Futebol e desde a sua saída da presidência aquela entidade nunca mais voltou a ter o crédito e respeitabilidade de outrora.
Saudades da elegância e fineza que o craque Valdeci Santana dispensava a bola, mostrando e demonstrando que antes do preparo físico, das táticas, dos vídeos, das conferências, preleções e modernidades importadas da Europa, é preciso saber jogar futebol. Aliás, ele era tão diferenciado que o saudoso e competente Geraldo Cavalcante o chamava de “O príncipe Etíope” e recentemente o jornalista Marcondes Brito, radicado no sul do país, o apelidou de “O Ademir da Guia negro”.
Saudades dos chutes fortes e certeiros de Simplício, Baltazar e Benício. Jogadores que faziam gols de fora da área, não esporadicamente ou com uso da sorte, mas com uma regularidade impressionante que não existe hoje. Quem não se lembra das arrancadas de Mauro Madureira, da matada de peito de Reinaldo, do passe e compasso de Luís Carlos no meio de campo?
Da sincronia de Nicássio, Magno e Zé Eduardo, sendo este último o melhor jogador que as minhas retinas enxergaram, a boca gritou o seu nome e as mãos aplaudiram incessantemente.
De jogadores que ocupavam toda a lateral do campo com maestria e dando a entender que jogar futebol era muito fácil, conforme jogavam Lúcio Mauro e Vinicius, pela direita e Fantick, Esquerdinha e Marquinhos, pela esquerda.
Os nossos ponteiros, esquerdos ou direitos iam na linha de fundo e sabiam cruzar a bola deixando os centroavantes em posição privilegiada, basta o leitor ter assistido Porto, Valnir, Ferreira, Gabriel, Vandinho e Dissor em campo.
No gol tínhamos Fernando, Lula, Salvino e Hélio Show. Não eram chamados de paredões com a facilidade que hoje são denominados os nossos arqueiros, mas quem os viu embaixo dos três paus sabe da qualidade de profissionais que eram.
Também tenho saudade da época em que a palavra cartola significava apenas um adereço utilizado na cabeça dos homens, tipo chapéu de rico, ou era o apelido do cantor e compositor carioca Angenor de Oliveira, popularmente apelidado de “Cartola”, e não uma operação policial que descobriu um grande esquema de falcatruas em nosso futebol.
Possuo saudade da época em que “gol de placa” era uma homenagem a um jogador que marcasse um gol muito bonito e que precisava ser homenageado com uma placa, fato inaugurado no estádio do Maracanã com um gol do Rei Pelé. Aqui em nosso estado, o governo instituiu por lei uma forma de ajudar todos os clubes da primeira divisão com o programa denominado de gol de placa, porém os nossos “abnegados dirigentes” resolveram rebatizá-lo de “gol contra”.
Saudades de torcedores como Tibério Barreto, que, infelizmente, ao comemorar um gol do seu Auto Esporte, marcado aos 46 minutos do segundo tempo, caiu no fosso do Almeidão e em seguida faleceu. Saudades de Kleber Marques, ex-presidente da Império Alvinegro que alegrava a torcida do Botafogo nas belas tardes de domingo e recentemente papai do céu o levou.
Saudades...
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
E nesse início do ano de dois mil e vinte me bateu um enorme saudosismo de uma época em que o nosso futebol me marcou muito, ao ponto de ao fechar os meus olhos a mente conseguir visualizar e reproduzir jogadas, dribles, chutes, defesas, comentários e condutas dos nossos desportistas de outrora.
Que saudade dos abalizados e longos comentários do cronista Ivan Bezerra, que por décadas nos proporcionou entender todas as nuances de uma partida de futebol, incluindo os detalhes extra campo. Que falta nos faz a voz do cronista Marcos Aurélio em seu fabuloso “Arquivo de Recordação” que tornava o nosso dia de domingo mais poético, histórico e prazeroso.
Dos nossos dirigentes Heder de Paula Henriques, Manoel Costeira, Valter Tereré Marsicano e Lamir Mota ex-presidentes do Botafogo, do União, do Santos e do Campinense, respectivamente, que por décadas dirigiram os destinos dos clubes citados vivendo para o futebol, diferentemente dos que hoje lamentavelmente vivem do futebol.
Saudades da postura, da ética, do compromisso e principalmente da honestidade do senhor Genival Leal de Menezes, que por muitos anos dirigiu os destinos da nossa Federação Paraibana de Futebol e desde a sua saída da presidência aquela entidade nunca mais voltou a ter o crédito e respeitabilidade de outrora.
Saudades da elegância e fineza que o craque Valdeci Santana dispensava a bola, mostrando e demonstrando que antes do preparo físico, das táticas, dos vídeos, das conferências, preleções e modernidades importadas da Europa, é preciso saber jogar futebol. Aliás, ele era tão diferenciado que o saudoso e competente Geraldo Cavalcante o chamava de “O príncipe Etíope” e recentemente o jornalista Marcondes Brito, radicado no sul do país, o apelidou de “O Ademir da Guia negro”.
Saudades dos chutes fortes e certeiros de Simplício, Baltazar e Benício. Jogadores que faziam gols de fora da área, não esporadicamente ou com uso da sorte, mas com uma regularidade impressionante que não existe hoje. Quem não se lembra das arrancadas de Mauro Madureira, da matada de peito de Reinaldo, do passe e compasso de Luís Carlos no meio de campo?
Da sincronia de Nicássio, Magno e Zé Eduardo, sendo este último o melhor jogador que as minhas retinas enxergaram, a boca gritou o seu nome e as mãos aplaudiram incessantemente.
De jogadores que ocupavam toda a lateral do campo com maestria e dando a entender que jogar futebol era muito fácil, conforme jogavam Lúcio Mauro e Vinicius, pela direita e Fantick, Esquerdinha e Marquinhos, pela esquerda.
Os nossos ponteiros, esquerdos ou direitos iam na linha de fundo e sabiam cruzar a bola deixando os centroavantes em posição privilegiada, basta o leitor ter assistido Porto, Valnir, Ferreira, Gabriel, Vandinho e Dissor em campo.
No gol tínhamos Fernando, Lula, Salvino e Hélio Show. Não eram chamados de paredões com a facilidade que hoje são denominados os nossos arqueiros, mas quem os viu embaixo dos três paus sabe da qualidade de profissionais que eram.
Também tenho saudade da época em que a palavra cartola significava apenas um adereço utilizado na cabeça dos homens, tipo chapéu de rico, ou era o apelido do cantor e compositor carioca Angenor de Oliveira, popularmente apelidado de “Cartola”, e não uma operação policial que descobriu um grande esquema de falcatruas em nosso futebol.
Possuo saudade da época em que “gol de placa” era uma homenagem a um jogador que marcasse um gol muito bonito e que precisava ser homenageado com uma placa, fato inaugurado no estádio do Maracanã com um gol do Rei Pelé. Aqui em nosso estado, o governo instituiu por lei uma forma de ajudar todos os clubes da primeira divisão com o programa denominado de gol de placa, porém os nossos “abnegados dirigentes” resolveram rebatizá-lo de “gol contra”.
Saudades de torcedores como Tibério Barreto, que, infelizmente, ao comemorar um gol do seu Auto Esporte, marcado aos 46 minutos do segundo tempo, caiu no fosso do Almeidão e em seguida faleceu. Saudades de Kleber Marques, ex-presidente da Império Alvinegro que alegrava a torcida do Botafogo nas belas tardes de domingo e recentemente papai do céu o levou.
Saudades...
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve após ser analisado pelo administrador