O ano era 2007 e o Bahia se encontrava no fundo do poço após uma temporada frustrante em 2006 que resultou na continuidade do clube tão popular na Série C do Brasileirão. Ali era literalmente o fim da linha, pois a Série D só seria criada em 2009.
Em 2007 a título de recordação, na segunda fase do Brasileiro, o Bahia encontrou Nacional de Patos (vitória na Fonte Nova e derrota em Patos) e Atlético de Cajazeiras (duas vitórias) pela frente e não tomou conhecimento dos adversários até chegar a partida que decidiria o acesso à Série B contra o Vila Nova de Goiás na Fonte Nova no dia 25 de novembro.
Naquela data aconteceu uma das maiores tragédias do futebol brasileiro, aos 35 minutos do segundo tempo, no meio da festa pelo acesso, uma laje do anel superior ruiu, levando a óbito sete torcedores do Bahia e deixando muitos outros feridos.
O dia é simbólico, pois é o marco da mudança de rumos nos destinos do Bahia. Ruiu a Fonte Nova (demolida em 2010, hoje Arena Fonte Nova), símbolo da imensa torcida e ao mesmo tempo ascendeu o clube à Série B, nunca mais voltando à terceira divisão nacional.
Ato contínuo, o Bahia começou em 2010 uma série de acessos e rebaixamentos na Série A, estando desde 2017 na elite nacional, hodiernamente posicionado na 12ª colocação, sete pontos acima do Z4 e a apenas cinco do G4.
Além da força de sua torcida, um dos aspectos relevantes para essa reestruturação do clube baiano são suas finanças, tendo como norte administrativo a presidência de Marcelo Sant’Ana, hoje um dos expoentes em gestão desportiva no Brasil.
O dado mais relevante da modificação da estrutura financeira do clube na última década é a taxa de endividamento, ou seja, a comparação entre receitas e dívidas. Em 2015 o endividamento correspondia a 2,3 vezes o valor do faturamento, sendo reduzido de maneira consistente para chegar a 1,3 em 2018.
A fórmula para atingir resultados satisfatórios em gestão financeira não é mágica, consistente em estancar a sangria das dívidas, reduzindo o volume de juros pagos através da renegociação e parcelamentos e, d’outra banda, alavancar as receitas como fez o Bahia.
Sob o ponto de vista do crescimento do faturamento, algumas colunas já trataram do assunto e de maneiras de fazê-lo. Outrossim, cabe uma análise direta do que realizou o Bahia, abraçando-se com três perfis de receita: aumento dos valores de direito de transmissão (negociação com a Esporte Interativo); majoração do ticket médio no estádio e comparecimento de público; e, por fim, quase triplicar o faturamento relacionado à negociação de atletas.
O case Bahia deve ser tratado como exemplo de gestão para nossos clubes, em especial os três com maior torcida no estado (Botafogo, Treze e Campinense), utilizando de institutos de governança corporativa e empreendedorismo para melhorar seu faturamento e assim angariar as conquistas desportivas e acessos tão desejados pela torcida.
Eduardo Araújo
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
Em 2007 a título de recordação, na segunda fase do Brasileiro, o Bahia encontrou Nacional de Patos (vitória na Fonte Nova e derrota em Patos) e Atlético de Cajazeiras (duas vitórias) pela frente e não tomou conhecimento dos adversários até chegar a partida que decidiria o acesso à Série B contra o Vila Nova de Goiás na Fonte Nova no dia 25 de novembro.
Naquela data aconteceu uma das maiores tragédias do futebol brasileiro, aos 35 minutos do segundo tempo, no meio da festa pelo acesso, uma laje do anel superior ruiu, levando a óbito sete torcedores do Bahia e deixando muitos outros feridos.
O dia é simbólico, pois é o marco da mudança de rumos nos destinos do Bahia. Ruiu a Fonte Nova (demolida em 2010, hoje Arena Fonte Nova), símbolo da imensa torcida e ao mesmo tempo ascendeu o clube à Série B, nunca mais voltando à terceira divisão nacional.
Ato contínuo, o Bahia começou em 2010 uma série de acessos e rebaixamentos na Série A, estando desde 2017 na elite nacional, hodiernamente posicionado na 12ª colocação, sete pontos acima do Z4 e a apenas cinco do G4.
Além da força de sua torcida, um dos aspectos relevantes para essa reestruturação do clube baiano são suas finanças, tendo como norte administrativo a presidência de Marcelo Sant’Ana, hoje um dos expoentes em gestão desportiva no Brasil.
O dado mais relevante da modificação da estrutura financeira do clube na última década é a taxa de endividamento, ou seja, a comparação entre receitas e dívidas. Em 2015 o endividamento correspondia a 2,3 vezes o valor do faturamento, sendo reduzido de maneira consistente para chegar a 1,3 em 2018.
A fórmula para atingir resultados satisfatórios em gestão financeira não é mágica, consistente em estancar a sangria das dívidas, reduzindo o volume de juros pagos através da renegociação e parcelamentos e, d’outra banda, alavancar as receitas como fez o Bahia.
Sob o ponto de vista do crescimento do faturamento, algumas colunas já trataram do assunto e de maneiras de fazê-lo. Outrossim, cabe uma análise direta do que realizou o Bahia, abraçando-se com três perfis de receita: aumento dos valores de direito de transmissão (negociação com a Esporte Interativo); majoração do ticket médio no estádio e comparecimento de público; e, por fim, quase triplicar o faturamento relacionado à negociação de atletas.
O case Bahia deve ser tratado como exemplo de gestão para nossos clubes, em especial os três com maior torcida no estado (Botafogo, Treze e Campinense), utilizando de institutos de governança corporativa e empreendedorismo para melhorar seu faturamento e assim angariar as conquistas desportivas e acessos tão desejados pela torcida.
Eduardo Araújo
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
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