“Não há mal que não traga o bem”. (provérbio) |
Era uma época de muito amadorismo, improvisações e falta de planejamento. Estamos falando dos primeiros meses do ano de 1975, em que o Botafogo Futebol Clube estava sem ganhar títulos e o Campinense Clube era o tetra-campeão estadual. Os estádios oficiais - Almeidão e Amigão - estavam em fase de conclusão. A Paraíba iria participar do sonhado campeonato brasileiro da extinta CBD.
O Botafogo sonhava em obter uma vaga naquela disputada competição e estava iniciando as preparações para aquele ano que foi um marco e divisor do nosso futebol. Em seu plantel havia jogadores já consagrados na cidade, como os veteranos Odon, Chico Matemático, Lúcio Mauro e Leone. E as promessas como o veloz e arisco ponta esquerda Serginho, o lateral esquerdo Fantick, sendo esse último uma das maiores revelações do clube. Vários jogadores de outras cidades estavam sendo testados no grupo, dentre eles citamos Benício, o futuro ídolo apelidado de “Pé de limão”.
O grupo estava sem condicionamento físico e técnico, sem um padrão de jogo definido e sem um time base como titular. Em todos os amistosos disputados era um time diferente. Era uma pré-temporada, como se fala nos dias atuais. O time vinha de vários empates com os times do Guarabira, Cabo Branco, Auto Esporte e Campinense, vencendo apenas o fraquíssimo Nacional de Cabedelo, por dois tentos a um, depois de muito sufoco.
De repente, o time recebeu um convite para fazer um amistoso na cidade do Recife, contra o Sport Clube, que estava há doze anos sem ganhar um título. A diretoria, precisando de dinheiro, não pensou duas vezes: locou um ônibus, colocou os jogadores e o técnico dentro e viajaram naquela trágica noite de quinta feira do dia 20 de fevereiro de 1975.
O time pernambucano estava decidido a quebrar aquele incômodo jejum de doze anos sem título, o último tinha ocorrido em 1962. Trouxe um técnico do sul e jogadores de renome em nosso futebol, como Dario, que possuía passagens na seleção, no Atlético Mineiro e no Flamengo. O centroavante estava em sua melhor forma, física e técnica. O veloz e ponta direita conhecido por Jangada, destruidor de defesas, com o seu gingado. O clássico meio campista Assis Paraíba. O goleiro Toinho e os zagueiros Pedro Basílio, Assis e Silveira, e outros que concorreram para aquele timão ser denominado de “A seleção do nordeste”. Era muito dinheiro, muito investimento.
O time pernambucano venceu aquela partida por nove tentos a zero e não poderia ter sido de outra forma. O nosso Belo desentrosado e passando por uma fase de reformulação, sem dinheiro e sem planejamento, tendo a frente o discutido técnico Joaquim Felizardo. O Sport cheio de craques, bem entrosado e almejando vôos altos e ainda por cima jogando em casa, com o apoio da sua fanática torcida. Foi uma enorme goleada. Se não me falha a memória, o Rei Dario marcou quatro ou cinco vezes, naquele jogo.
A imprensa falada e escrita não perdoou aquele vexame. A torcida do time pediu a cabeça de todos, já a torcida adversária comemorou com piadas e brincadeiras jocosas. O tradicional jornal “A União” trouxe a seguinte manchete na página esportiva: “Cidade inteira comenta goleada”.
E como nos ensina o provérbio português: “não há mal que não traga o bem”. Pois aquela avalanche de gols mexeu com os brios de todo mundo. O técnico e quase todo o plantel foi dispensado. E foi na categoria de base do nosso algoz e goleador que fomos buscar o técnico Pedrinho Rodrigues e os jogadores Salvino, Nilton, João Carlos, Celso e Evandro, uma defesa completa. Nelson e Luisinho, meio campistas. Eles tinham acabado de se profissionalizar. Esses jovens atletas foram mesclados com uns poucos que ficaram, e outros que foram posteriormente contratados, resultando na conquista de vários e seguidos títulos estaduais.
Aquela noite me marcou muito, pois eu estava com o meu rádio sintonizado na potente Rádio Tabajara, escutando o nosso narrador, salvo engano Ivan Tomaz, narrar com riqueza de detalhes aquela página escura, triste que nem mesmo os quarenta anos já passados conseguiram deletar de minha mente.
O grupo estava sem condicionamento físico e técnico, sem um padrão de jogo definido e sem um time base como titular. Em todos os amistosos disputados era um time diferente. Era uma pré-temporada, como se fala nos dias atuais. O time vinha de vários empates com os times do Guarabira, Cabo Branco, Auto Esporte e Campinense, vencendo apenas o fraquíssimo Nacional de Cabedelo, por dois tentos a um, depois de muito sufoco.
De repente, o time recebeu um convite para fazer um amistoso na cidade do Recife, contra o Sport Clube, que estava há doze anos sem ganhar um título. A diretoria, precisando de dinheiro, não pensou duas vezes: locou um ônibus, colocou os jogadores e o técnico dentro e viajaram naquela trágica noite de quinta feira do dia 20 de fevereiro de 1975.
O time pernambucano estava decidido a quebrar aquele incômodo jejum de doze anos sem título, o último tinha ocorrido em 1962. Trouxe um técnico do sul e jogadores de renome em nosso futebol, como Dario, que possuía passagens na seleção, no Atlético Mineiro e no Flamengo. O centroavante estava em sua melhor forma, física e técnica. O veloz e ponta direita conhecido por Jangada, destruidor de defesas, com o seu gingado. O clássico meio campista Assis Paraíba. O goleiro Toinho e os zagueiros Pedro Basílio, Assis e Silveira, e outros que concorreram para aquele timão ser denominado de “A seleção do nordeste”. Era muito dinheiro, muito investimento.
O time pernambucano venceu aquela partida por nove tentos a zero e não poderia ter sido de outra forma. O nosso Belo desentrosado e passando por uma fase de reformulação, sem dinheiro e sem planejamento, tendo a frente o discutido técnico Joaquim Felizardo. O Sport cheio de craques, bem entrosado e almejando vôos altos e ainda por cima jogando em casa, com o apoio da sua fanática torcida. Foi uma enorme goleada. Se não me falha a memória, o Rei Dario marcou quatro ou cinco vezes, naquele jogo.
A imprensa falada e escrita não perdoou aquele vexame. A torcida do time pediu a cabeça de todos, já a torcida adversária comemorou com piadas e brincadeiras jocosas. O tradicional jornal “A União” trouxe a seguinte manchete na página esportiva: “Cidade inteira comenta goleada”.
E como nos ensina o provérbio português: “não há mal que não traga o bem”. Pois aquela avalanche de gols mexeu com os brios de todo mundo. O técnico e quase todo o plantel foi dispensado. E foi na categoria de base do nosso algoz e goleador que fomos buscar o técnico Pedrinho Rodrigues e os jogadores Salvino, Nilton, João Carlos, Celso e Evandro, uma defesa completa. Nelson e Luisinho, meio campistas. Eles tinham acabado de se profissionalizar. Esses jovens atletas foram mesclados com uns poucos que ficaram, e outros que foram posteriormente contratados, resultando na conquista de vários e seguidos títulos estaduais.
Aquela noite me marcou muito, pois eu estava com o meu rádio sintonizado na potente Rádio Tabajara, escutando o nosso narrador, salvo engano Ivan Tomaz, narrar com riqueza de detalhes aquela página escura, triste que nem mesmo os quarenta anos já passados conseguiram deletar de minha mente.
Serpa Di Lorenzo
Historiador, Membro da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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