Com a janela de transferência internacionais do meio do ano se aproximando, faz-se mister observar os números divulgados pela Confederação Brasileira de Futebol relacionados as transferências na temporada 2018.
Segundo relatório da Diretoria de Registros e Transferência da CBF foram realizadas 16.389 transferências internas com volume financeiro de R$ 115.075.420,00 decorrente de 62 aquisições de direitos econômicos envolvendo os 742 clubes profissionais ativos no sistema de Gestão Web da CBF que controla todos os atos relacionados ao vínculo dos jogadores.
Além das negociações externas, foram registradas através do TMS (sistema da FIFA para transferências internacionais) a contratação de 792 jogadores e 40 jogadoras do futebol brasileiro por clubes do exterior, totalizando em torno de um bilhão e meio de reais, fruto da remuneração ocorrida em 109 transferências definitivas e 62 empréstimos.
D’outra banda, no caminho inverso, chegaram ao país 677 atletas, sendo 38 com a necessidade de pagamento, findando no montante aproximado de 210 milhões de reais.
Comparando com os números de 2017 (1.630 saídas e 890 chegadas), verifica-se uma redução drástica nas transferências. Entretanto, o volume financeiro aumentou, posto que em 2017 as receitas com negociações não chegaram a um bilhão de reais e, como dito, na temporada passada alcançaram patamar superior.
Vê-se, desta feita, que a balança comercial do futebol brasileiro continua perene e lucrativa, com saldo positivo superior a um bilhão de reais, sendo um dos negócios mais lucrativos da nação, porém ainda longe do ideal estimado para nosso PIB.
Estima-se que a participação do futebol no PIB brasileiro (R$ 6,8 trilhões) seja em torno de 1%, ou seja, 68 bilhões de reais. No total, esses números representam 50% da contribuição do esporte ao PIB (cerca de 2%). É dizer: todos os outros esportes juntos somam a participação do futebol, tornando o esporte bretão não somente o mais amado, mas também o mais rentável.
Ao observarmos números tão positivos o questionamento acerca do motivo da continua dificuldade financeira (com exceção de alguns abastados artificiais) continua a martelar nossas cabeças. Afinal, o que causa o evidente problema de ordem financeira e do acúmulo de dívidas dos clubes?
Em coluna publicada em 14 de janeiro de 2018 (balcão de negócios), com os números de 2017, ousei dizer que a resposta está na própria pergunta: CLUBES.
Infelizmente, a resposta continua a mesma e sem luz no fim do túnel. É que nosso modelo associativo é completamente desatualizado e amador, estimulando a desenfreada corrupção e as gestões deficitárias e pouco ou nada profissionais. Além disso, a Lei da SAF, outrora debatida em nossas colunas, apesar de ser uma solução prática, não caminhou no Congresso Nacional. Assim, tristemente, continuamos com alguns números positivos e vários negativos.
Eduardo Araújo
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
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