Dois pares de chinelo para construir os gols, rua sem calçamento, os poucos carros que passavam eram a pausa para hidratação, assim o futebol começou para mim. Era isso ou a parede do colégio onde estudava. Um contra um, linha e a única bola que o dinheiro permitia: dente de leite.
O que era paixão infantil virou trabalho um labor sério e viciante. Minha parte técnica como atleta mirim era desenvolvida com os treinamentos do meu primeiro treinador de futsal: Gera. Agora, continuo meu aprimoramento estudando e ouvindo as experiências dos especialistas nas múltiplas áreas conexas a gestão e a prática desportiva.
Como Executivo de futebol são inúmeras atribuições e a necessidade de gerenciar diversas áreas de um clube: desde o campo até as questões médicas que insistem em atrapalhar os treinamentos diários. Nesse vai e vem de análise e controle da informação um aspecto vem me intrigando, a influência dos dentes no desempenho dos atletas.
Acredito que essa coluna irá fazer a alegria de pelos menos uma pessoa, minha mãe e odontóloga preferida. Desde os tempos em que morávamos juntos escuto sobre a importância da saúde bucal e o quanto a má oclusão (relações de mordida entre a arcada dentária superior com a inferior e suas implicações), a respiração bucal e as doenças periodontais (ao redor do dente) influenciam negativamente a alimentação e o repouso e, consequentemente, a performance.
De certo, não posso e não irei adentrar nas minucias do problema, afinal o tamanho da coluna não permite, bem como não sou especialista na área. Entretanto, faz-se imperativo dar atenção a discussão sobre tema colocado em segundo plano, porém tão importante para os resultados dentro de campo.
Segundo a coordenadora do curso de especialização em Odontologia do Trabalho e Desportiva da UNICAMP, Dra. Dagmar Queluz, o rendimento de um atleta pode ser minorado em cerca de 20% por conta de problemas odontológicos.
As doenças mais relacionadas à diminuição do desempenho dizem respeito a má oclusão e infecções que provocam dificuldades de mastigação e aproveitamento dos nutrientes alimentares, assim como atrapalhando sobremaneira o repouso e recuperação tão importantes no dia-a-dia desportivo.
Além disso, a falta de dentes ou a respiração pela boca também são questões a serem verificadas e solucionadas, pois tendem a ampliar o esforço, comprometendo o desempenho, assim como problemas de ATM (articulação que liga o maxilar ao crânio).
O clube onde trabalho já tem a consciência do problema enraizada em sua cultura, fazendo anamnese constante e o encaminhamento dos atletas para tratamento dentário, principalmente os da base. Contudo, ainda somos dentes de leite no Brasil, inexistindo na maioria dos clubes a estrutura física e de pessoal para a realização de medidas preventivas e de correção.
Eduardo Araújo
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
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