Quatro
rodadas, quatro técnicos demitidos. Nosso certame estadual já tem um
percentual de 40% de treinadores retirados precocemente dos seus cargos,
são eles, em ordem cronológica: Jazon Vieira (Souza), Maurílio Silva
(Treze), Luciano Silva (Serrano) e Índio Ferreira (Nacional).
Aqui,
não iremos julgar as decisões concretas dos dirigentes, mas dissertar
acerca de algumas indagações relacionadas ao alto rodízio dos
treinadores nos clubes brasileiros. Qual a hora certa de demitir? A
elevada rotatividade prejudica ou ajuda os clubes?
A
primeira pergunta é de difícil ou impossível resposta, afinal são
inúmeras variáveis a serem levadas em consideração. Entretanto, o índice
de aproveitamento da equipe é, em resumo, o ponto chave analisado pelas
diretorias para a modificação do comando. Alguns outros elementos são
utilizados: desempenho técnico, ambiente de vestiário, estrutura tática,
vontade da torcida, críticas da imprensa, questões financeiras, entre
outros.
Com
relação à segunda questão, a resposta é evidente: a alta rotatividade
prejudica sobremaneira no longo prazo. A troca de técnico pode até
trazer benefícios de curto prazo, porém o planejamento estratégico do
clube, com certeza, fica prejudicado. A formação do elenco, o sistema de
treinamentos e outras valências praticadas no futebol acabam se
perdendo ou sendo em vão com a mudança da mentalidade do líder,
intrínseca à função de treinador.
Acredito
que o grande culpado das demissões é o processo de escolha na hora de
contratar. Qualquer clube e/ou dirigente tem seu estilo próprio de
pensar o futebol e a forma como quer sua equipe atuando. Muitas vezes o
treinador tem alto índice de aproveitamento, mas um esquema tático de
compactação e defesa com resultados magros, causando críticas por parte
da torcida e da imprensa, desaguando na demissão.
Assim,
é nítido que esse aspecto deve ser levado em consideração na hora de
realizar a contratação do treinador e a formação do elenco. A cultura
interna do clube deve ser observada e não é porque determinado treinador
ou atleta foi bem em outra equipe que necessariamente fará o encaixe
ideal na nova. Ora, a cultura desejada pode e normalmente é diferente.
Um
caso de grande valor para dissecar o tema foi a manutenção de Tite no
Corinthians após a eliminação precoce na Libertadores de 2011. Após a
surpreende derrota para o Tolima na Libertadores e a permanência do
atual técnico da Seleção Brasileira no cargo, o clube abraçou um intenso
volume de vitórias e títulos, tornando Tite, indiscutivelmente, o
melhor treinador brasileiro na atualidade.
Particularmente,
utilizo duas premissas básicas na hora de avaliar o trabalho do
treinador: o ambiente de vestiário e s evolução da equipe quando
comparada ao potencial do elenco. Sendo positiva a avaliação desses dois
aspectos, entendo que o resultado das partidas entra apenas como
terceiro elemento a ser utilizado no processo decisório acerca do labor
do comandante técnico, sob pena de jogar por água abaixo todo o
planejamento da temporada.
Eduardo Araújo
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
Advogado
eduardomarceloaraujo@hotmail.com
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