O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, reafirmou que jamais foi parte investigada na Operação Cartola — Foto: Divulgação/Secom |
O Governo da Paraíba divulgou uma nota na noite dessa segunda-feira garantindo que não houve retaliação ao delegado Lucas Sá, que teve papel importante na investigação de esquemas de corrupção no futebol do estado por meio da Operação Cartola, e que foi exonerado da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) na última semana. De acordo com o documento, as investigações foram encerradas oficialmente no início do mês de junho, descartando qualquer tipo de objetivo por parte do Governo de interromper ou prejudicar o trabalho da Polícia Civil no caso.
Na semana passada, por meio do Diário Oficial, o governador Ricardo Coutinho anunciou uma série de mudanças em alguns cargos comissionados em delegacias da Paraíba. Lucas Sá, que era titular na Delegacia de Defraudações de João Pessoa, foi transferido para o cargo de delegado adjunto na Delegacia Especializada.
A transferência pegou o estado de surpresa, já que ela aconteceu apenas três após o programa Esporte Espetacular, da TV Globo, apresentar novas irregularidades no futebol paraibano. Inclusive, em uma das transcrições de um diálogo a que a reportagem teve acesso, Zezinho Botafogo, então presidente do Belo, e Breno Morais, ex-vice de futebol do clube, conversam sobre a derrota do Alvinegro de João Pessoa para o Atlético-MG por 4 a 0 válida pela segunda fase da Copa do Brasil deste ano, e o nome de Ricardo Coutinho é citado.
Em um trecho da conversa, Breno conta a Zezinho que teria assistido ao jogo ao lado do governador do estado, que, incomodado com a goleada imposta pelo time visitante, teria lamentado que o dirigente não tivesse pago propina ao árbitro para beneficiar a equipe da casa. Segundo o dirigente, o governador teria dito: "Breno, o certo era você ter comprado o juiz de um jogo desse aí", que disse ter respondido: "Eu sei, mas não tive jeito de chegar".
Contudo, de acordo com o documento emitido pelo Governo do Estado, isso não teve nada a ver com a exoneração do delegado Lucas Sá. O novo delegado da Delegacia de Defraudações e Falsificações, João Ricardo M. M. Da França Júnior, que substituiu Lucas Sá, informou que a Operação Cartola teve início em junho de 2017 e foi encerrada em pouco menos de um ano, em junho deste ano. Os trabalhos da Polícia Civil, comandados pelo ex-delegado do DDF, resultaram nos inquéritos 196/2017, 063/2018, 064/2018, 065/2018 e 066/2018, que foram encaminhados para o Ministério Público.
Portanto, o Estado garante que as investigações foram desenvolvidas ao longo do ano e que não houve nenhum obstáculo ou interferência, sendo concluídas há pelo menos cinco meses. A nota ainda destacou que o governador Ricardo Coutinho não foi citado em nenhum momento como parte do processo ou das investigações da Operação Cartola e reafirmou que o Governo vai acionar os meios jurídicos cabíveis contra o que considera exploração indevida da imagem do governador.
Confira a nota do Governo do Estado na íntegra:
O Governo do Estado da Paraíba, por meio da Delegacia Geral da Polícia Civil, vem a público informar que as investigações desenvolvidas pela Polícia Civil da Paraíba em relação à Operação Cartola foram oficialmente encerradas no dia 5 de junho de 2018, sendo, portanto, criminosa e irresponsável qualquer insinuação apontando que a exoneração recente de delegados teve como objetivo interromper ou prejudicar investigações da referida operação.
Conforme aponta certidão (anexo) assinada pelo delegado João Ricardo M. M. da Franca Júnior, da Delegacia de Defraudações e Falsificações, e pelo escrivão Durval Balbino dos Santos Neto, emitida neste dia 5 de novembro de 2018, as investigações da Operação Cartola na Paraíba foram iniciadas no dia 20 de junho de 2017 e foram devidamente concluídas em junho de 2018, resultando nos inquéritos de números 196/2017, 063/2018, 064/2018, 065/2018, 066/2018, devidamente encaminhados ao Ministério Público Estadual, por meio de ofícios assinados à época pelo delegado Lucas Sá, então titular da DDF em João Pessoa.
Não há, portanto, que se falar em interferência de quem quer que seja dentro do processo investigatório visto que ele foi desenvolvido ao longo de um ano sem qualquer apontamento sobre supostos obstáculos e concluído há mais de cinco meses, conforme aponta certidão baseada em documentos oficiais, sem registro de eventuais óbices. Ao contrário disso, a autonomia das polícias da Paraíba foi um grande avanço desta gestão.
Destaque-se que o governador Ricardo Coutinho, em nenhuma das instituições responsáveis pelo caso, foi sequer citado como parte do processo ou das investigações.
E ressalte-se ainda que, além de ser uma prerrogativa constitucional do governador do Estado, a exoneração de delegados de funções comissionadas, bem como de quaisquer servidores públicos estaduais que exerçam cargo comissionado, é uma praxe no processo de remanejamento de funções dentro do Poder Executivo com o objetivo de aprimorar a prestação de serviço aos cidadãos e cidadãs paraibanas.
De modo que o Governo do Estado da Paraíba volta a repudiar qualquer ilação que exceda o limite dos fatos, reafirmando a intenção de acionar os meios jurídicos cabíveis diante de exploração indevida do caso.
Globo Esporte PB
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