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sábado, 2 de junho de 2018

Causos & Lendas do Nosso Futebol: O Primeiro Grande Encontro

Finalmente chegou a noite do dia 25 de maio de 2018, data bastante esperada por torcedores, cronistas, árbitros, dirigentes e ex-jogadores. O local escolhido foi a prazerosa e confortável churrascaria Bastos Gold, às margens da paradisíaca praia de Tambaú.
Muitos abraços e inúmeros sorrisos. Fotografias, premiações, troca de telefones, churrasco delicioso, refrigerantes, sucos e muita recordação de um passado com pouca ou nenhuma tecnologia, dinheiro quase inexistente, porém com um futebol praticado com respeito ao torcedor; com muita intimidade com a bola e sempre jogando pra frente. Com um único e exclusivo volante. A melhor defesa era o ataque!
A alegria dos ex-jogadores era comparada a um aniversário de criança, onde o sorriso e a alegria são espontâneos e naturais. Tinha hora em que todos falavam ao mesmo tempo, tamanha era a ansiedade do encontro para os reencontros dos craques.
Inácio Montenegro, o popular “Naná” chegou a antecipar o seu retorno de uma viagem ao estado do Mato Grosso exclusivamente para abraçar os seus amigos do futebol. Dão Barreto veio da belíssima Campina Grande, Telino,  da cidade de Natal, mesmo com a crise do combustível.
Ao chegar em casa por volta da meia noite, cansado e com a satisfação do dever cumprido, adormeci com a proteção dos deuses do futebol. Mas ao atingir o descanso e o relaxamento do sono, a minha mente voltou ao nosso evento, em uma mistura de túnel do tempo, de Canal 100, de saudosismo e de um futebol bem jogado e atemporal.
No sonho, estava eu nas arquibancadas do antigo Estádio Olímpico do Boi Só, quando saiu do túnel, enfileirada, a seleção do “I Encontro de Desportistas da Paraíba”. De imediato, o namorado da galera, Jorge Blau Silva, em nome dos patrocinadores Engenho São Paulo, Waldir Acessórios, Alves Miudezas, Metalúrgica J. Pinto, Supermercado Manaíra, Supermercado La Torre e IESP Faculdades, soltou o seu respeitado vozeirão convocando o repórter de pista Stefano Wanderley, para confirmar ao ouvinte a escalação da equipe.
Categoricamente e sem pestanejar, o italiano passou a chamar o nome dos onze craques: Fernando, Jazon Vieira, W. Luis, W. Lobo e Zezito  era o sistema defensivo. Em seguida ele citou os jogadores do meio de campo: Dão, Simplício, Valdeci Santana e Magno. Finalmente, Chico Matemático e Ferreira no ataque. O técnico era Ivan Bezerra de Albuquerque.
O microfone voltou para a cabine de imprensa, e Jorge Blau acionou o segundo repórter de pista, o competente Kalleb Sousa, o “Príncipe de Colinas” para ele relacionar as opções que o técnico possuía para o decorrer da partida.
Kalleb de imediato relacionou os craques Telino, Givaldo, Babá, Valdeci Pereira, Naná, Tavinho, Lauro, Dau, Betinho, Eudes, Riva, Mineiro, Inaldo, Paulo Foba e Maia.
 No centro do gramado estava o árbitro Paulo Roberto Morais tranqüilo e sereno conversando com os seus auxiliares. Novamente o microfone voltou para a cabine de imprensa e Jorge Blau acionou o terceiro repórter de pista, Rivaldo Leite, especialmente designado para cobrir os torcedores da arquibancada e no alambrado que circunda o estádio.
Rivaldo Leite, com aquela categoria de sempre, disse que a greve dos combustíveis não afetou o espetáculo e que a torcida compareceu em massa. O juiz fez sinal que iria iniciar o jogo e o microfone voltou em definitivo para o namorado da galera.
A bola rolou com aquela intimidade que nos dá saudade. O árbitro só marcou o que realmente aconteceu dentro das quatro linhas. O torcedor não provocou nem agrediu os seus opositores.  Renda e público, quando anunciadas foram compatíveis e reais. Meninos vendiam amendoins, homens picolé, uma morena bonita vendia laranjas. Terminou o primeiro tempo zero a zero.
No intervalo da partida, Ronaldo Rossi Belarmino adentrou no gramado cantando “Garçon”, “A raposa e as uvas”, “Leviana”, e outras pérolas do cancioneiro pernambucano. A galera pediu bis.
O árbitro Paulo Roberto Morais retornou ao gramado e determinou o recomeço da partida.  O nosso time sempre atacando, jogando ofensivamente, limpo e leal. Por falar em leal, avistei o senhor Genival leal de Menezes, presidente da FPF, serenamente sentado no local destinado às autoridades. Um verdadeiro Embaixador do futebol paraibano.
E quando Jorge Blau anunciou que o relógio marcava 38 minutos do segundo tempo, Santana lançou para Chico Matemático, que amaciou no peito e de primeira e sem olhar serviu Ferreira, - o compadre de Pelé -, que entrou na área e foi maldosamente derrubado, não restando ao árbitro outra atitude a não ser marcar penalidade máxima.
Foi quando o estádio todo, em pé, uníssono, começou a gritar pelo nome de Simplício, o canhão artilheiro. O goleiro começou a tremer, a ter calafrios, a suar como chaleira e caiu ao solo. O seu calção ficou com uma cor amarelada e exalando um cheiro horrível. Ele pediu para sair, ser substituído. Antes mesmo que ele saísse de campo o seu reserva correu para o vestiário e retirou a roupa de jogo, alegando que tinha um compromisso social inadiável.
Ninguém queria enfrentar o potente e conhecido chute forte de Simplício. A trave ficou sem ninguém. O juiz mandou que a cobrança, mesmo sem goleiro, fosse realizada. Simplício correu e desferiu o seu canhão, enquanto a bola caminhava para estufar e rasgar as redes, minha esposa me acordou – Serpa! Serpa! Você está sonhando. Acorde, acorde! O café já está na mesa.

Serpa Di Lorenzo
Auditor do TJDF PB e da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br 

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