Em mil novecentos e setenta e um, o nosso ponta esquerda CÃcero Ferreira, um dos maiores jogadores que vestiram a camisa do Botafogo da ParaÃba, tinha seu passe disputado pelos grandes clubes do Brasil; culminando com a sua venda ao maior celeiro de craques que o nosso paÃs já possuiu. Isso mesmo, amigo leitor, Ferreira teve o seu passe negociado com o todo poderoso, Santos Futebol Clube.
Ferreira trocou Chico Matemático por Pelé, Fernando por Cejas, Lúcio Mauro por Carlos Alberto Torres, Odon por Clodoaldo, Valdeci Santana por Afonsinho.
Foi uma grande mudança na vida de Ferreira e uma das maiores negociações do nosso futebol paraibano. O nosso ponta esquerda passou a residir no maior estado do Brasil.
Seu futebol passou a ser exibido, nos maiores centros futebolÃsticos do paÃs e do mundo, pois o Santos, do Rei Pelé, mensalmente era convidado a disputar os torneios internacionais que existiam na época.
A equipe vivia nos aeroportos do mundo; em hotéis luxuosos, disputando e ganhando troféus para o prestÃgio do futebol brasileiro. Os jogadores não ganhavam o dinheiro que se ganha hoje, mas tinham uma vida boa.
E o nosso Ferreira era tão bom com a camisa 11, que o técnico Pepe resolveu improvisar o grande ponteiro Edu, também ponta esquerda, com a camisa número 7, conseguindo espaço para os dois craques.
Depois de um certo tempo, Ferreira foi emprestado a um time do México, onde foi destaque e por último ao MarÃlia do interior de São Paulo.
Agora, o que muita gente não sabe ou não lembra, é que antes de ser atleta do Santos, Ferreira teve uma experiência de oito meses no Cruzeiro de Minas Gerais.
Isso mesmo, leitor, ao lado de Tostão, Dirceu Lopes, Brito, Wilson Piazza, Natal, Zé Carlos e tantas outras feras que brilharam com a nossa camisa verde e amarela.
E foi na famosa Toca da Raposa das Minas Gerais, que o nosso craque foi protagonista de um dos causos mais engraçados do nosso pitoresco futebol.
Naquela época, o time do Cruzeiro já possuÃa profissionais em várias áreas para auxiliar o departamento de futebol profissional. O atleta era diariamente acompanhado por médicos, dentistas, preparadores fÃsicos, psicólogos, etc.
Coisa que Ferreira não tinha no nosso futebol paraibano. Aliás, ainda hoje os times daqui se ressentem da falta de uma estrutura mais profissional.
Agora, o que Ferreira não aceitou e demorou muito a se adaptar foi quando o clube contratou uma tal de nutricionista. Era uma mulher alta, bonita, esbelta, com quase um metro e setenta e cinco de altura. Cabelos pretos e escorridos.
Uma beldade para se apreciar. Ferreira até imaginava, dançar um forró pé de serra com ela. Mas a intenção dessa mulher era outra. Ela tinha chegado para fiscalizar a alimentação dos atletas. Diariamente ela submetia todo mundo a uma pesagem em uma balança, comparava com a altura, fazia uma equação matemática e ao final saia o veredito.
O senhor estar acima do peso!
_ Eu, madame? Respondeu timidamente o craque Ferreira.
_ Sim, o senhor!. Amanhã vou deixar por escrito na cozinha a sua nova alimentação, logo o senhor ficará com o peso ideal!
E foi aà que a vida do craque virou um inferno. Pela manhã, leite desnatado, uma fatia de pão integral, uma xÃcara de café e um pedaço pequeno de queijo branco.
Quando chegou na hora do almoço, Ferreira pensou que iria descontar aquele mÃsero desjejum. Ledo engano, colocaram à sua mesa, um prato raso, com um único bife magro, assado; duas colheres de arroz, branco; três rodelas de tomate e umas folhas de alface. Nenhum copo com ponche.
Ferreira comeu aquilo em um minuto. Foi na cozinha e pediu para repetir. Pediu feijão. Pediu farinha e cuscuz, nada foi lhe dado. O cozinheiro disse que tava cumprindo ordens da Nutricionista.
Ferreira, muito triste, recolheu-se ao seu quarto. Deitou-se, mas não conseguiu dormir. A sua barriga passou a roncar. A sua mente deu uma viajada no tempo, e veio em sua memória o caldeirão de feijão que era servido por Zeza na concentração do olÃmpico, em João Pessoa.
Passou a ver os jogadores do Botafogo, todos sentados, com seus pratos fundos cheios de feijão: com bucho, mocotó, tripa, toucinho, pé de porco, linguiça e tudo mais.
Ao lado um farinheiro enorme. Uma cuscuzeira queimada com o tempo, porém cheia da tradicional comida de milho. Por último viu a mochila de pano com três dúzias de pão que eram comidos com um gelado ponche de maracujá bem doce.
Baixou uma enorme tristeza no nosso craque, que mecanicamente passou a jogar suas roupas em uma mala velha, pulou a janela da concentração e fugiu para o aeroporto.
Já na sala de embarque, o presidente do Cruzeiro chegou correndo e pediu para o craque retornar, alegando que ele teria um futuro brilhante pela frente. Que ele repensasse em sua decisão!
Ele pensou um pouco em seu futuro, sabia do seu potencial, e barganhou, com o dirigente.
-Eu fico, mas a tal da Nutricionista tem que rever aquela comida! Tudo bem que não pode ser a feijoada de Zeza, mas aquele bife magro com alface eu não como nem amarrado.
Ferreira trocou Chico Matemático por Pelé, Fernando por Cejas, Lúcio Mauro por Carlos Alberto Torres, Odon por Clodoaldo, Valdeci Santana por Afonsinho.
Foi uma grande mudança na vida de Ferreira e uma das maiores negociações do nosso futebol paraibano. O nosso ponta esquerda passou a residir no maior estado do Brasil.
Seu futebol passou a ser exibido, nos maiores centros futebolÃsticos do paÃs e do mundo, pois o Santos, do Rei Pelé, mensalmente era convidado a disputar os torneios internacionais que existiam na época.
A equipe vivia nos aeroportos do mundo; em hotéis luxuosos, disputando e ganhando troféus para o prestÃgio do futebol brasileiro. Os jogadores não ganhavam o dinheiro que se ganha hoje, mas tinham uma vida boa.
E o nosso Ferreira era tão bom com a camisa 11, que o técnico Pepe resolveu improvisar o grande ponteiro Edu, também ponta esquerda, com a camisa número 7, conseguindo espaço para os dois craques.
Depois de um certo tempo, Ferreira foi emprestado a um time do México, onde foi destaque e por último ao MarÃlia do interior de São Paulo.
Agora, o que muita gente não sabe ou não lembra, é que antes de ser atleta do Santos, Ferreira teve uma experiência de oito meses no Cruzeiro de Minas Gerais.
Isso mesmo, leitor, ao lado de Tostão, Dirceu Lopes, Brito, Wilson Piazza, Natal, Zé Carlos e tantas outras feras que brilharam com a nossa camisa verde e amarela.
E foi na famosa Toca da Raposa das Minas Gerais, que o nosso craque foi protagonista de um dos causos mais engraçados do nosso pitoresco futebol.
Naquela época, o time do Cruzeiro já possuÃa profissionais em várias áreas para auxiliar o departamento de futebol profissional. O atleta era diariamente acompanhado por médicos, dentistas, preparadores fÃsicos, psicólogos, etc.
Coisa que Ferreira não tinha no nosso futebol paraibano. Aliás, ainda hoje os times daqui se ressentem da falta de uma estrutura mais profissional.
Agora, o que Ferreira não aceitou e demorou muito a se adaptar foi quando o clube contratou uma tal de nutricionista. Era uma mulher alta, bonita, esbelta, com quase um metro e setenta e cinco de altura. Cabelos pretos e escorridos.
Uma beldade para se apreciar. Ferreira até imaginava, dançar um forró pé de serra com ela. Mas a intenção dessa mulher era outra. Ela tinha chegado para fiscalizar a alimentação dos atletas. Diariamente ela submetia todo mundo a uma pesagem em uma balança, comparava com a altura, fazia uma equação matemática e ao final saia o veredito.
O senhor estar acima do peso!
_ Eu, madame? Respondeu timidamente o craque Ferreira.
_ Sim, o senhor!. Amanhã vou deixar por escrito na cozinha a sua nova alimentação, logo o senhor ficará com o peso ideal!
E foi aà que a vida do craque virou um inferno. Pela manhã, leite desnatado, uma fatia de pão integral, uma xÃcara de café e um pedaço pequeno de queijo branco.
Quando chegou na hora do almoço, Ferreira pensou que iria descontar aquele mÃsero desjejum. Ledo engano, colocaram à sua mesa, um prato raso, com um único bife magro, assado; duas colheres de arroz, branco; três rodelas de tomate e umas folhas de alface. Nenhum copo com ponche.
Ferreira comeu aquilo em um minuto. Foi na cozinha e pediu para repetir. Pediu feijão. Pediu farinha e cuscuz, nada foi lhe dado. O cozinheiro disse que tava cumprindo ordens da Nutricionista.
Ferreira, muito triste, recolheu-se ao seu quarto. Deitou-se, mas não conseguiu dormir. A sua barriga passou a roncar. A sua mente deu uma viajada no tempo, e veio em sua memória o caldeirão de feijão que era servido por Zeza na concentração do olÃmpico, em João Pessoa.
Passou a ver os jogadores do Botafogo, todos sentados, com seus pratos fundos cheios de feijão: com bucho, mocotó, tripa, toucinho, pé de porco, linguiça e tudo mais.
Ao lado um farinheiro enorme. Uma cuscuzeira queimada com o tempo, porém cheia da tradicional comida de milho. Por último viu a mochila de pano com três dúzias de pão que eram comidos com um gelado ponche de maracujá bem doce.
Baixou uma enorme tristeza no nosso craque, que mecanicamente passou a jogar suas roupas em uma mala velha, pulou a janela da concentração e fugiu para o aeroporto.
Já na sala de embarque, o presidente do Cruzeiro chegou correndo e pediu para o craque retornar, alegando que ele teria um futuro brilhante pela frente. Que ele repensasse em sua decisão!
Ele pensou um pouco em seu futuro, sabia do seu potencial, e barganhou, com o dirigente.
-Eu fico, mas a tal da Nutricionista tem que rever aquela comida! Tudo bem que não pode ser a feijoada de Zeza, mas aquele bife magro com alface eu não como nem amarrado.
Ao final, chegou-se a um meio termo, que agradou a gregos, troianos e a Ferreira!
* extraÃdo do livro "Causos & Lendas do Nosso Futebol".
* extraÃdo do livro "Causos & Lendas do Nosso Futebol".
Serpa Di Lorenzo
Auditor do TJDF PB e da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
Auditor do TJDF PB e da ACEP e APBCE
falserpa@oi.com.br
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