Como é do conhecimento do querido
leitor, a cidade de Cajazeiras ficou conhecida como sendo aquela que ensinou a
Paraíba a ler e a escrever, por intermédio do Padre Rolim. As obras sociais do
citado sacerdote ganharam fama não só aqui na terrinha, mas em todo o país.
Pois bem, como não poderia deixar
de ser, o futebol também se desenvolveu naquela cidade sertaneja e um dos
espaços de destaque foi o campo existente no tradicional Colégio Diocesano de
Cajazeiras.
Há registro da existência, datado
de 1937, do São Tarciso Football Clube, valiosa equipe que era formada por
jovens alunos daquele educandário. Como se observa, enorme foi o legado de
ações deixadas por Padre Rolim.
E Cajazeiras com o tempo foi se
firmando como um dos importantes centros futebolísticos do nosso estado, com
times competentíssimos que se rivalizavam com os da cidade de Souza e do
vizinho estado do Ceará. Na década de
oitenta o torcedor cajazeirense viu um antigo sonho ser concretizado, com a
construção do Estádio Perpétuo Correia Lima, o Perpetrão.
Com um estádio novo, a ajuda de
políticos, comerciantes e desportistas natos a cidade viu duas agremiações
surgirem e disputarem o campeonato paraibano da 1ª divisão, enfrentando os
times grandes de Campina Grande e João Pessoa. O Nacional e o Atlético
escreveram os seus respectivos nomes na história do futebol paraibano.
Aliás, o Atlético Cajazeirense
surpreendeu a todo mundo e sagrou-se campeão do estadual de 2002, com uma forte
e disciplinada equipe, que não se intimidou com o Treze, de Campina Grande, e o
Botafogo, de João Pessoa, considerados os favoritos daquele campeonato.
Tal façanha garantiu ao “Trovão
Azul”, como é carinhosamente chamado, o direito de disputar a Copa do
Brasil no ano de 2003, em dois jogos espetaculares contra o Esporte
Clube Bahia, o primeiro em casa, o segundo na famosa Fonte Nova.
Todavia, se olharmos para a
década de setenta vamos encontrar o time cajazeirense sendo o precursor na
disputa do campeonato paraibano de profissionais: o Botafogo Futebol Clube. Ele
foi fundado no ano de 1974 e naquele mesmo ano participou do “Extra”, como era
denominada a nossa competição profissional. Com jogadores oriundos do time do Calouros
do Ar, da cidade de Fortaleza, e outros
vindos do interior de Pernambuco, o alvinegro do sertão estreou na competição
participando do torneio início, realizado no Estádio Presidente Vargas, em
Campina Grande.
A sua campanha foi considerada
muito boa, pois se classificou para disputar o então octagonal decisivo e
conseguindo expressivas vitórias em cima de times tradicionais como o Nacional
e o Esporte, ambos de Patos, o Guarabira e o Treze.
Eu assisti, na Graça, o Botafogo
de Cajazeiras enfrentar o Botafogo da capital e perder por apenas um tento a
zero em jogo bastante equilibrado. Lembro que a imprensa elogiava muito a forma
do time sertanejo jogar e deixar o adversário jogar, sem apelar para jogadas
desleais.
Infelizmente, ao final daquele
campeonato ganho pelo merecido esquadrão do Campinense Clube - que passou a ser
tetra-campeão - o time de Cajazeiras perdeu vários pontos por ter utilizado
jogadores irregulares, era a inexperiência de seus dirigentes prejudicando o
alvinegro do sertão.
E quando foi no certame de 1975,
ano de inauguração dos estádios, o Botafogo de Cajazeiras já não participou da
competição. Ele sumiu da mesma forma que surgiu, deixando na torcida da cidade
de Cajazeiras e nos amantes do futebol uma lembrança de um excelente time, aguerrido, e que deu o pontapé inicial na
profissionalização do futebol cajazeirense.
Para nós, torcedores e amantes do
futebol, ficou a certeza que o Botafogo
de Cajazeiras escreveu, com tintas douradas e perpétuas, o seu nome da
brilhante história do futebol paraibano.
Francisco Di Lorenzo Serpa
Membro da API, UBE e APP
falserpa@oi.com.br
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