São Paulo, SP, 1 - A Polícia Federal indiciou o ex-presidente da CBF
Ricardo Teixeira pelos crimes de falsificação de documento público,
falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O
ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell também foi indicado por
falsificação de documento público e ocultação de informações. Como
moram no exterior, a PF indiciou Teixeira e Rosell sem a presença deles.
Os dois, contudo, conforme o inquérito "tomaram conhecimento dos fatos e
não tiveram interesse em desmentir."
O inquérito não tem
relação imediata com o escândalo de corrupção que atingiu a Fifa, mas
conforme investigadores ouvidos pelo "Estado" pode dar subsídios a
apuração que esta em curso nos Estados Unidos que culminou com a prisão
de dirigentes da entidade maior do futebol mundial em Zurique na última
semana, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
O
inquérito no Brasil foi concluído em janeiro deste ano, mas somente
agora foi tornado público. As investigações duraram dois anos e tiveram
como base reportagens do "Estado" e da "TV Record" sobre negócios do
ex-presidente da CBF. Além de Teixeira e Rosell, foram indiciados:
Claudio Honigman (descrito como parceiro comercial de Teixeira e Rosell e
sócio do ex-presidente do Barcelona na 100% marketing), Vanessa Almeida
Precht (sócia da Alianto Marketing LTDA) e Claudio Abrahão (irmão de
Abrahão, presidente do grupo Águia).TRINTA MILHÕES DE EUROS EM MONACO
As
investigações revelaram que Teixeira não declarou dinheiro mantido no
exterior, simulou a compra de ações usando o nome de uma empresa para
"movimentar altar quantias de dinheiro" e fez transações imobiliárias de
fachada. No inquérito, ao qual o "Estado" teve acesso, a PF afirma que
nas declarações de imposto de renda do ex-dirigente "não existe
referência alguma a contas bancárias em seu nome no exterior", o que
configura crime de evasão de divisas.
Reportagem do Estado revelou
que Teixeira possui 30 milhões de euros numa conta secreta em Mônaco.
No Brasil, o órgão de investigação financeira do Ministério da Fazenda, o
Coaf, registrou movimentação atípica de Ricardo Teixeira de R$ 464,5
milhões entre 2009 e 2012.
A
PF destacou no inquérito informações da procuradoria da Suíça de que
Teixeira teria recebido, ainda, 12,7 milhões de francos suíços de
suborno enquanto esteve na CBF, de 1989 a 2012, inclusive envolvendo a
realização de Copas do Mundo, ao considerar que "ele vem praticando atos
contra a administração pública brasileira, com exigência de vantagens
para práticas administrativas da CBF, contra a administração pública
estrangeira e o sistema financeiro nacional". TRANSAÇÃO DE APARTAMENTO
A
PF acusou Teixeira de simular operação de compra de vários imóveis,
entre eles uma cobertura na Barra da Tijuca/RJ. Ele adquiriu o
apartamento no bairro nobre por R$ 720 mil. O imóvel, contudo, é
avaliado em R$ 4 milhões. Teixeira comprou a cobertura de Claudio
Abrahão, irmão de Wagner Abrahão, dono do Grupo Águia, conforme citou a
PF no inquérito.
Em depoimento à PF, Claudio justificou o preço
porque o imóvel estava "em mau estado de conservação, precisando de
reforma." Para a PF, o fato de Claudio ter comprado o imóvel em 2002,
por R$ 1,9 milhão, mas só ter escriturado em 2009, mesmo ano em que foi
vendido para Teixeira é uma demonstração de que o negócio foi simulado.
A
PF também encontrou irregularidades na compra de uma aeronave pela
Alianto Marketing por R$ 8 milhões da empresa 100% Brasil Marketing, que
conforme as investigações não tem endereço fixo. As duas empresas têm
como sócios o ex-presidente do Barcelona. Ou seja, ele vendeu a aeronave
para ele mesmo.
SIMULAÇÃO COM EMPRESA
Outro
negócio investigado pela PF é a simulação de operação de compra de ações
de Teixeira e Rosell numa transação que envolveu a cifra de R$ 22,5
milhões. A PF descobriu que eles usaram o nome da Alpes Eletronic
Broker para simular uma opção de venda a ambos. A Alpes negou em
depoimento relação com Teixeira.
Vanessa Precht chegou a atender
o Estado, mas, assim como durante o inquérito, não quis se manifestar.
"Vocês ligam para o meu advogado. Se você conseguiu o telefone da minha
casa, você vai conseguir o dele também", disse antes de desligar o
telefone sem identificar o responsável por sua defesa. A reportagem não
conseguiu contato com Cláudio Hongman, Sandro Rosell e Cláudio Abrahão.
Fonte: Agencia Futebol Interior
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terça-feira, 2 de junho de 2015
Ricardo Teixeira é indiciado pela Polícia Federal por 4 crimes
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