Foto: Lucas Barros / GloboEsporte.com/pb |
A proposta foi apresentada pelo presidente do clube, Severino Ferreira, e prontamente aceita pelos jogadores. Mas o dirigente garante que, antes de tomar a "decisão drástica", foi em busca de recursos para pagar os salários do elenco. Ele revela que chegou a fazer apelos a empresários e governantes, mas não obteve resposta.
- A gente passa um documento para eles (os jogadores), estipulando o valor do salário e depois é feita a doação para a gente. Estamos vendo que existe a boa vontade dos jogadores e a política é essa. A gente faz de conta que paga e eles fazem de conta que recebem. Esses garotos vêm sofridos e não tiveram oportunidade em outros clubes. E a gente está aqui dando esta oportunidade - comentou Severino Ferreira.
Apesar de o grupo não receber salário, Ferreira exige que os mais de 20 jogadores demonstrem empenho em campo. Tanto que, se algum deles fizer corpo mole, vai ser dispensado. Para o presidente do clube paraibano, a política de doação de dinheiro do elenco não deve prejudicar no desempenho da equipe na 2ª divisão do estadual.
- Todos estão querendo. A gente vê dentro de campo. E aquele que a gente perceber que não está querendo jogar, automaticamente a gente vai ter que chegar junto dele e falar que não está sendo útil, não está servindo para o clube. Essa política com certeza vai pegar.
rtunidade de atuar em um clube profissional pela primeira vez e aprova o acordo. - Vai ser um ajudando o outro. Ele está me ajudando e eu ajudando ele (Ferreira). Vou fazer de tudo para trabalhar e me manter para ajudar minha equipe. Espero que seja um campeonato bom. Iremos fazer de tudo para vencer - garantiu Joanderson.
O Femar, equipe do bairro dos Funcionários II, na capital paraibana, sempre teve o objetivo de revelar jogadores. O clube não tem estrutura suficiente para treinamentos e possui apenas um campo sem gramado, apelidado pelos moradores da região de "Poeirão". Há 19 anos, Ferreira desenvolve o trabalho neste local.
No campo de terra batida, surgiram nomes para o futebol brasileiro, como o do atacante Paulo Henrique (ex-Atlético-MG e atualmente no Shanghai Greenland, da China) e o do volante Léo Henrique, que é dos juniores do Flamengo e conquistou o Campeonato Carioca deste ano pelo time profissional.
- A gente desenvolve esse trabalho na Paraíba voltado para isso. Não é para fazer o time ser dono da situação. É para mostrar que a gente tem trabalho e aqui tem jogadores de talento. E, graças a Deus chegou, agora, essa oportunidade de ter essa equipe profissional - finalizou Ferreira.
Isso é legal?
A postura do Femar em pagar os salários e fazer o acordo com os jogadores para que eles devolvam o dinheiro pode até causar estranheza por parte dos torcedores. Mas o advogado especialista em direito do trabalho, Rodrigo Dalbone, esclarece que a atitude da diretoria não é necessariamente irregular.
Para Rodrigo Dalbone, desde que o clube esteja cumprindo os pagamentos de INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), tudo está dentro da legalidade. E sobre essa devolução de salário por parte dos jogadores, ele diz que fica a critério de cada um.
- Em uma visão completa da história, a gente está vivendo dois mundos: o da legalidade e também o da paixão pelo futebol. Se o Femar efetivar os recolhimentos fiscais, previdenciários, tudo direito desses jogadores e os jogadores aceitarem receber essa doação e fazer uma devolução daquilo que estão recebendo em favor do clube, em termos de paixão e até para ver o clube prosperar, à primeira vista não há uma ilegalidade nesse lado da devolução. O trabalhador faz aquilo que ele quer com o dinheiro que recebe. Só que, junto com a questão salarial, o clube tem que entender que tem várias obrigações - explicou o advogado trabalhista.
Por Globo Esporte PB
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