Jogadores do Botafogo-PB comemoram o título da Série D, o primeiro Brasileiro conquistado pelo futebol paraibano(Foto: Larissa Keren / Globoesporte.com/PB)
Até mesmo o Treze, o único grande a não conquistar um título
em 2013, tem lá suas razões para comemorar. Afinal, ganhou
definitivamente a briga jurídica com a CBF para se manter na Série C e,
dentro de campo, ficou a um jogo do acesso para a Série B. Por fim,
investiu pesado no patrimônio e transformou o Estádio Presidente Vargas
numa importante fonte de renda.O sucesso do trio de ferro, antes de ser comemorado como redenção do futebol paraibano, só serviu para expor ainda mais o abismo que existe em relação aos demais clubes. O que acabou, indiretamente, provocando o afastamento temporário dos dois times de Patos do futebol profissional.
- Aqui recebemos o apoio de 30 mil reais por ano da Prefeitura de Patos. Em João Pessoa, o Botafogo recebe quase R$ 1 milhão. É um alto investimento, bem diferente dos nossos padrões - argumentou o presidente do Nacional, Afranildo Pereira, ao justificar a saída de seu clube e também do Esporte de Patos do Campeonato Paraibano.
O ano começou com o Campinense conquistando a Copa do Nordeste, outro título inédito para o futebol paraibano(Foto: Jornal da Paraíba)
De fato, o Estadual virou uma competição à parte para Botafogo e Treze. Ambos já deixaram claro que a prioridade no ano que vem será brigar pelo acesso para a Série B. Com a terceira divisão começando em abril - pouco depois do final previsto para o Paraibano -, é possível que a disputa doméstica seja deixada de lado. Ainda assim, ambos dividirão generosas cotas do Gol de Placa por já estarem incluídos em quatro competições em 2014 - além do Paraibano e da Série C, vão jogar também a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil.
- Essa lei jamais poderia contemplar também a Copa do Nordeste. Esses 9% destinados para a competição, você acaba tirando dos pequenos. O Gol de Placa já contemplava a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro - disse o presidente do Sousa, Aldeone Abrantes.
O Dinossauro, aliás, sai perdendo com a nova geografia do futebol paraibano. Com as desistências de Nacional e Esporte de Patos, e a substituição por dois times de Campina Grande (Queimadense e Sport Campina), as despesas vão aumentar. E isso, claro, pode afetar o desempenho do time em campo.
- Acredito que as nossas chances de classificação caíram pela metade. Enquanto todos os outros times saem com seis pontos contra Queimadense e Sport Campina, a gente vai ter que ralar muito jogando no Presidente Vargas, com aquela pressão toda. A saída dos times de Patos foi financeira e tecnicamente horrorosa - admitiu o presidente sousense.
O Treze esteve muito perto de conquistar o acesso para a Série B, com o quinto lugar na Terceirona deste ano(Foto: Jornal da Paraíba)
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Entre amadores e profissionais
Ver Botafogo, Treze e Campinense disputando um mesmo campeonato que o caçula Sport Campina parece mesmo ser algo surreal. A diferença de estrutura, de tradição e de aspirações separa os times de forma brutal - a ponto de parecer existir duas competições numa só, uma profissional e a outra amadora.
Se os três grandes fazem planos ambiciosos (subir para a Série B, brigar pelo título da Copa do Nordeste, voltar a ter a hegemonia estadual...), o Carneiro pensa em conseguir a proeza de somar o primeiro pontinho em jogos oficiais. Em duas participações no Paraibano da 2ª divisão, o Sport Campina disputou 12 partidas - e perdeu todas. Só está na elite por causa da desistência dos times de Patos e da recomendação da CBF em convidar os integrantes da divisão de acesso. Ainda assim, quer fazer bonito em sua estreia.
Ramiro Sousa, técnico do CSP, comandou o Santa Cruz de Santa Rita na 2ª divisão e conhece como poucos a realidade dos times pequenos no futebol paraibano(Foto: Richardson Gray / Globoesporte.com/PB)
No 'bloco intermediário', a distância para os grandes ainda é grande, mas pelo menos existe algum planejamento. Brigar por uma vaga na Série D é o sonho comum (e possível) para Auto Esporte, CSP, Sousa e Atlético de Cajazeiras.
- É como eu sempre digo: o CSP vai trabalhar por etapas. Queremos a vaga na segunda fase, depois a classificação entre os quatro primeiros e, por fim, a briga pelo título. Não somos favoritos, isso é para Botafogo, Treze e Campinense. Mas podemos surpreender com muito trabalho - disse Ramiro Sousa, técnico do Tigre, vice-campeão em 2011 e terceiro neste ano.
O treinador, aliás, conhece como poucos a realidade dos times pequenos na Paraíba, uma vez que já comandou vários deles - como Auto Esporte, Flamengo-PB e, por último, o Santa Cruz de Santa Rita, conseguindo o acesso para a primeira divisão em 2014.
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Pegando carona no sucesso
Mas também há quem acredite que o sucesso do trio de ferro pode ser revertido em prol do futebol paraibano. O presidente do Auto Esporte, Manoel Demócrito, aposta que a boa fase do rival Botafogo é um fator positivo para o futebol pessoense e, por consequência, para o seu clube.
Aldeone Abrantes torce pelo sucesso de Botafogo e Treze, mas teme pelo futuro do futebol sertanejo (Foto: Renata Vasconcellos)
Na prática, o discurso parece estar funcionando. Tanto que depois de muitos anos com times modestos, o Auto resolveu abrir a torneira e investir pesado em reforços de peso, como o atacante Beto.
Aldeone Abrantes também revela sua torcida para o sucesso de Botafogo e Treze na Série C, mas pede um cuidado maior com o futebol sertanejo.
- Torci muito para o Botafogo ganhar a Série D e agora quero que ganhe a Série C também. Mas não pode ser só isso aí. Esse sucesso todo acabou batendo nos outros. A saída dos times de Patos do Campeonato Paraibano, esse importante pólo do nosso futebol, mostra que a situação é grave e alguma coisa precisa ser feita - avisa o dirigente.
E assim a Paraíba entra em 2014. Com a esperança de viver dias melhores para todo mundo. Cada qual com o seu objetivo.
Globoesporte.com/PB
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