Algumas imagens dos projetos das três cidades finalistas (Foto: Divulgação)
Em outubro de 2009, a vitória do Rio de Janeiro, considerado um azarão
quando ainda era aspirante, provou que o Comitê Olímpico Internacional
está aberto ao improvável. Por isso, é difícil prever quem tem mais
chances de sediar os próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para
dificultar mais ainda o trabalho dos eleitores, Istambul, Madri e Tóquio
têm propostas muito diferentes e interessantes. A Turquia aposta no
novo, no inusitado, com os dois continentes (Europa e Ásia) envolvidos
na competição. A Espanha usa como principal argumento os 80% das
instalações já prontas. O Japão atrai pelos equipamentos modernos e
muito próximos uns dos outros.As três cidades finalistas fazem a última apresentação neste sábado, em Buenos Aires. Logo depois, começa o processo de votação, que envolve os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), exceto os dos países candidatos. Para ser campeã, a cidade precisa atingir a maioria absoluta dos votos. Se isso não acontecer na primeira tentativa, a que terminar com menos votos é eliminada, e uma nova votação é realizada.
A maior cidade da Turquia e a quinta em todo o mundo aposta no ineditismo para convencer os membros do Comitê Olímpico Internacional. Misturando o antigo com o novo, Istambul apresenta a proposta inusitada de realizar pela primeira vez os Jogos Olímpicos em dois continentes simultaneamente. Algumas competições seriam disputadas na própria região do estreito de Bósforo, que liga o mar Negro ao mar de Mármara e marca a divisão entre os continentes asiático e europeu.
Esta é a quinta vez que Istambul tenta receber uma edição dos Jogos Olímpicos. Mas nunca a cidade de quase 14 milhões de habitantes esteve tão perto de seu objetivo. Alheia à crise financeira europeia, a Turquia vive um momento de ascensão econômica nos últimos anos. O apoio popular, embora o esporte não seja um hábito tradicional, também fortalece os argumentos turcos. Em contrapartida, as zonas de competição afastadas, o sistema de transporte considerado insuficiente, o trânsito e as intensas manifestações populares dos últimos meses contam negativamente.
Projeto conceitual mostra Estádio Olímpico dos Jogos de Istambul 2020 (Foto: Divulgação)
Madri: as Olimpíadas conscientesEm sua terceira tentativa consecutiva, Madri sonha sediar pela primeira vez os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Depois da frustração de perder para o Rio de Janeiro no duelo final, em 2009, a cidade espanhola aprimorou sua proposta e voltou para a briga. Com um plano redondo e realista, pretende convencer o COI reforçando o argumento da busca pelas Olimpíadas conscientes, sem muitos gastos. Para isso, mostrou que 80% das instalações já estão construídas.
Madri também ganha pontos por já apresentar uma boa infraestrutura urbana e por ter uma relação antiga e estreita com o esporte. A grave crise financeira que afeta a Espanha é apontada como o principal fator negativo. Mas os líderes políticos espanhóis têm argumentado que os Jogos poderiam ajudar no processo de recuperação econômica da cidade de pouco mais de três milhões de habitantes. Ainda assim, o momento de instabilidade joga contra a candidata, além do baixo orçamento para a segurança e a concentração dos investimentos apenas na área principal de Madri.
Para chamar a atenção do público e do COI para a candidatura, Madri investiu em campanhas com grandes nomes do esporte espanhol e mundial, caso do tenista Rafael Nadal e do jogador de basquete Pau Gasol. A organização, no entanto, passou por um impasse ao convidar o craque argentino Lionel Messi, que "adotou" o país após se tornar ídolo do Barcelona. O melhor jogador de futebol do mundo recusou a proposta, mas depois, um tanto a contragosto, aceitou vestir a camisa de Madri 2020.
Projeto conceitual da Vila Olímpica de Madri 2020 (Foto: Divulgação)
Tóquio: as Olimpíadas futuristasDas três finalistas, Tóquio é a única que já foi palco de uma edição dos Jogos Olímpicos, em 1964. Na época, a competição marcou o ressurgimento do Japão no pós-guerra. A proposta da cidade de mais de 13 milhões de habitantes para 2020 pretende utilizar uma parte das instalações da experiência anterior, mas aposta mesmo é na modernidade. Com equipamentos esportivos inovadores e abusando da tecnologia em todos os setores, a capital japonesa promete realizar Olimpíadas futuristas e seguras. O projeto compacto também agrada ao COI. Dos 33 equipamentos esportivos do plano, 28 estão em um raio de apenas 8km de distância.
Capital da terceira maior economia do mundo, Tóquio também sai na frente com o seu sistema de transporte público eficiente e a garantia de estabilidade financeira necessária para tamanho investimento. Os japoneses ainda se destacam pela capacidade de organização. Mas a resistência de boa parte da população, que não quer os Jogos no país, a eminência de desastres naturais e a questão do meio ambiente são os pontos negativos. Na semana passada, uma notícia sobre a alta radioatividade encontrada na região de Fukushima preocupou o Japão. O problema na usina nuclear pode atrapalhar os planos para 2020.
Projeto do futurista Estádio Olímpico de Tóquio, palco principal das Olimpíadas de 2020 (Foto: Divulgação)
GE
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